Missão casamento / Vol. 3

Capítulo 41: A antiga Rebeca estava magoada.

Me sentei em frente ao espelho, terminando de me arrumar antes de enfim colocar aquele vestido verde. Como da última vez, não consegui fechá-lo sozinho. Mas Vincent não estava por ali pra me ajudar, então corri para o quarto de Ian, vendo que ele estava no banheiro, passando mal.

—Ele vomitou mesmo? —Indaguei, acenando para Pietro, para que ele fechasse meu vestido.

—Ele está realmente nervoso. —Deu de ombros, fechando meu vestido antes de caminhar até a porta. —Vou ver sê Hermione quer comer alguma coisa antes do casamento. Você consegue mantê-lo sobre controle?

—Vou tentar. —Falei, o que fez Pietro soltar uma risada antes de sair do quarto. Caminhei até a porta do banheiro, batendo de leve. —Tudo bem aí dentro?

—Estou lavando minha boca. —Murmurou, com a voz abafada, deixando claro que havia mesmo vomitado. Tudo bem, eu também ficava me sentindo mal quando estava super nervosa, querendo colocar tudo pra fora.

Esperei Ian terminar de se recompor, finalmente saindo do banheiro e me encarando. Ele sorriu ao me ver com aquele vestido verde, além dos cabelos que eu havia alisado e a maquiagem no meu rosto.

—Você está linda, florzinha. Se Gavin não quiser mais se casar comigo, então eu caso com você. —Ele deu de ombros quando eu ri. —Vincent vai me perdoar por roubar a garota dele, tenho certeza.

—Gavin não vai desistir de se casar. —Bati na cama para que ele viesse se sentar ao meu lado. —Ele está tão ansioso quanto você, aguardando a hora chegar.

—Meus pais foram vê-lo? —Indagou, e eu balancei a cabeça que sim.

Os pais de Ian estavam pulando de alegria quando chegaram mais cedo. Eles correram para ver Ian e depois foram até Gavin. Eu estava lá e vi o quanto Gavin ficou feliz em ver a animação deles, já que ele mesmo não se dava bem com os pais e eles nem viriam para o casamento.

Acho que nem todos tiveram a chance de terem pais legais. O pai de Vincent tentava o controlar o tempo todo, além de estar fissurado por essa matéria, enquanto o de Grace assim que chegou foi até Gavin, abraçar o melhor amigo da filha e dizer que estava feliz por vê-lo se casando.

—Eles estão super orgulhosos de você, Ian. —Beijei a bochecha dele, sorrindo para meu melhor amigo de infância. —E eu também. Gavin tem sorte de tê-lo conhecido e por você ter se apaixonado por ele, assim como você tem sorte de ter encontrado ele. Vocês dois foram feitos um para o outro e vão ter uma vida incrível juntos.

—O dono de um café e um patinador artístico. —Ian riu, como se aquilo fosse mentira. —Nunca pensei que a gente combinasse.

—Que bobagem, isso não tem nada a ver. —Dei umas batidinhas no ombro dele. —Acalme-se, homem, vocês dois não passaram um mês nessa fazenda, cuidando para que esse casamento fosse do jeito que vocês queriam, pra um de vocês desistir.

—Eu não vou desistir.

—E Gavin também não. —Retruquei, ficando de pé e olhando para Ian, tão bonito usando preto, com o rosto curvado em uma mistura de ansiedade e medo. —Você está lindo. Talvez eu roube você de Gavin.

Ian soltou uma risada, com o clima ficando muito mais leve e ele relaxando um pouco.

—Obrigada por sempre ficar do meu lado, Beca. —Ele ficou de pé, deixando um beijo na minha testa. —Você sempre vai ser minha melhor amiga, não importa o que aconteça. Quero que seja tão feliz quanto eu.

—Eu vou ser. —Bati o dedo na ponta do nariz dele. —Nos dois vamos ser, Ian.

[...]

Entrei no meu quarto, procurando pelos meus sapatos. Pingo começou a latir sobre a cama quando os encontrei, me fazendo olhar por cima do ombro e encontrar Vincent na porta do quarto, me observando como se estivesse sem palavras.

—Vou considerar isso como um elogio. —Falei, me referindo a expressão dele. Vincent engoliu em seco, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.

—Você está muito mais do que linda. —Afirmou, olhando de relance para o cachorro sobre a cama, como se ele fosse saltar de lá para mordê-lo. —Apesar de eu preferir seus cachos.

Me aproximei dele, vendo seus olhos avaliarem meu cabelo agora liso, como uma coisa que ele não estava esperando ver. Eu também gostava dos meus cachos, mas queria fazer alguma coisa diferente e aquilo me pareceu uma boa ideia. E pela cara de Vincent, ele havia gostado bastante.

—Ian está bem? —Indagou, trazendo as mãos até minha cintura, enquanto eu ajeitava a gravata dele que estava um pouco torta.

—Está sim. Está com a família dele agora. Já vamos todos descer pro celeiro. —Falei, me sentindo animada pelas próximas horas. O casamento seria no por do sol, o que não demoraria muito pra acontecer. —Você está muito bonito, sr. Hale. Eu sou uma mulher muito sortuda.

—A antiga Rebeca certamente não pensaria isso. —Comentou, me fazendo soltar uma risada e me inclinar para roubar um selinho dele.

—A antiga Rebeca estava magoada, essa daqui está apaixonada. —Falei, percebendo a surpresa que minhas palavras causaram nele. Já havia dado a entender que estava apaixonada, mas nunca havia dito isso com todas as palavras para Vincent. —Acho que alguém ficou sem palavras.

—Você está sempre me surpreendendo. —Deu de ombros, como se aquilo fosse justificativa para seu momento de surpresa. —Mas é muito bom saber disso. Tem uma menor probabilidade de você dizer não se eu te pedir em namoro ou até mesmo em casamento.

—Casamento? —Soltei uma risada, balançando a cabeça negativamente. —Está cortando a largada.

—A gente se conhece a quatro anos já e você não pode negar que já estávamos interessados um no outro nesses quatro anos. —Afirmou, erguendo as sobrancelhas pra mim. —E se eu não tivesse feito merda, nós estaríamos juntos esse tempo todo.

—Isso é verdade. —Concordei, vendo ele comprimir os lábios como se estivesse subitamente chateado consigo mesmo. —Mas independe disso, estamos juntos agora. É o que importa, não é?

—Sim, é o que importa. —Ele sorriu pra mim, se inclinando para me beijar, enquanto eu desejava que aquela felicidade não acabasse.

Estava desejando muito isso nos últimos dias, porque ainda tinha medo de que algo estragasse tudo como da última vez, mesmo que tivesse prometido deixar tudo pra trás.

Continua...