Missão casamento / Vol. 3

Capítulo 23: Você e o Vincent brigaram de novo?

Grace, para a felicidade de Alfredo, realmente sonhou com ele aquela noite. Isso resultou em várias horas de todos nos aguentando Alfredo se achando por conta desse fato. Vincent evitou responder com quem havia sonhado, corando sempre que alguém o questionava sobre antes de fugir do assunto.

Eu não estava diferente. Todas as vezes que um deles sequer sugeria falar sobre aquela maldita simpatia, eu dava um jeito de fugir do assunto e sair de fininho sem que ninguém percebesse. Além disso, eu estava evitando Vincent, sem olhar pra ele ou dirigi-lo qualquer palavra.

Agora nos estávamos no celeiro, observando a indecisão de Ian e Gavin sobre a posição dos bancos para o casamento. Os dois estavam falando com Abby, que parecia completamente perdida sempre que lhes dava uma sugestão que os deixava ainda mais indecisos.

—E eu achava Gavin indeciso comprando roupas. —Grace murmurou, se sentando ao meu lado enquanto dava um longo bocejo. —Por isso que vou contratar alguém para organizar completamente o meu casamento. Não quero me incomodar com absolutamente nada.

—Eu concordo. —Grace soltou uma risada ao me ouvir. —Mas eu também entendo eles. Quando pensarem no seu casamento no futuro, vão ter todas essas lembranças de como eles participaram ativamente para prepara-lo do jeito que eles queriam.

—Eu concordo também. —Falou, me fazendo abrir um sorriso.

Olhei pelo celeiro, vendo a bagunça de bancos por todos os lados. Ian e Gavin ainda estavam falando com Abby, enquanto Hermione estava sentada em um banco perto da porta, com uma expressão um pouco cansada, como se não tivesse dormido direito. Pietro estava junto com Alfredo e Vincent, prestando atenção no que eles diziam enquanto olhava pra ela com uma expressão pensativa.

Olhei para Vincent quando ele riu de algo que Alfredo falou, parecendo mais animado naquele dia do que em qualquer outro desde que chegamos nessa fazenda. Estava com aquela câmera pendurada no pescoço, que eu já sabia que ele jamais largava. Mas agora ela tinha um significado maior. Ela era a salvação de Vincent enquanto seus sonhos eram tirados dele.

Comecei a pensar naquele jornal e todos os anos que eu havia trabalhado lá. Eu amava meu trabalho. Eu era tão realizada nele que jamais me arrependi de qualquer escolha que fiz desde que consegui aquele emprego. Mas agora vendo como a situação é completamente diferente para Vincent, quando ele tem o cargo que eu sempre sonhei, mas o detesta, estou me perguntando se aquele emprego é mesmo tudo isso e se eu não estou apenas acomodada com a situação.

Me lembro de todas as vezes que alguém me perguntou do meu trabalho. Meus pais, Ian, Vincent e meu próprio chefe. Todas as vezes a resposta era sempre a mesma. Eu amava meu trabalho e não queria outra coisa. Estou a 6 anos naquele jornal. Talvez eu devesse ouvir Vincent e olhar um pouco para as estrelas. Talvez eu devesse pensar mais longe do que isso.

—Rebeca? —Grace estalou os dedos na minha frente, me fazendo perceber que eu estava completamente perdida em pensamentos. —Eu vou entrar com a Hermione, quer ir com a gente?

—Ah! —Eu olhei para a entrada do celeiro onde Hermione aguardava de pé. —Ela está bem?

—Sim, só vamos nos deitar e fazer vários nadas. —Grace deu de ombros quando eu ri. —Vamos deixar os caras resolverem isso. Gavin e Ian não estão com cara de que vão se decidir tão cedo.

Eu balancei a cabeça, ficando de pé e seguindo elas em direção a casa. Grace abraçou Hermione de lado e as duas foram assim até o quarto dela. Deixei as duas e fui para o meu quarto, pegando meu celular e me sentando no chão da varanda do mesmo, onde podia ver todo aquele pomar e o lado. Então liguei para uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Mãe — Rebeca?

Rebeca — Oi, mãe. Tudo bem?

Mãe — Ah, querida, que bom que ligou. Estamos todos ansiosos para ter notícias do casamento. Como estão as coisas por ai? E o Ian?

Eu senti vontade de rir, porque podia ouvir a voz do meu pai no fundo mandando ela perguntar sobre os preparativos do casamento.

Rebeca — As coisas estão indo bem. Ian e Gavin são super indecisos, mas estão animados.

Mãe — Isso é tão bom, filha. Estamos tão felizes por ele.

Pai — Estamos torcendo pra que você desencalhe logo e arrume um marido!

Rebeca — Pai!

Escutei a gargalhada dele junto com a da minha mãe, enquanto eu balançava a cabeça negativamente. Até meus pais me incomodavam com isso.

Rebeca — Eu não estou encalhada, pelo amor de Deus! Eu não liguei pra falar da minha vida amorosa.

Mãe — Seu pai está brincando, não ligue pra ele.

Meu pai murmurou no fundo que não estava brincando e que queria um genro e netos logo, o que me fez encolher consideravelmente e morder o lábio para não rir de nervosismo.

Rebeca — Vocês deveriam adotar um gato ou um cachorro. Seria um filho ou neto perfeito.

Mãe — Nada supera segurar um bebê no colo, querida. Você vai entender isso quando for mãe.

Fiz uma careta, querendo rir daquela conversa sobre o casamento do Ian que evoluiu para bebês. Eu não estava pronta pra ser mãe e principalmente não tinha alguém pra exercer o papel de pai.

Rebeca — Olha, não liguei pra falar dos meus futuros filhos. Vai acontecer quando tiver que acontecer.

Mãe —Sim, é claro. Está tudo bem, filha? Você não parece muito animada. Você e o Vincent brigaram de novo?

Soltei uma risada baixa, porque eu e Vincent estávamos nos dando tão bem que isso deixaria minha mãe chocada de soubesse, já que eu sempre reclamava dele pra ela. Mas ele também tinha grande porcentagem de culpa nos meus sentimentos confusos naquele momento.

Rebeca — Não, está tudo bem entre nos dois. É só que... eu não sei, só comecei a pensar em algumas coisas e estou confusa. Você gosta do meu emprego, mãe?

Mãe — Que pergunta é essa, Beca? Eu não tenho que gostar ou não do seu trabalho. É a sua vida e o seu emprego. Se você está feliz com ele, então eu e seu pai estamos felizes também. Mas se algo estiver incomodando você, vamos apoia-la em qualquer decisão sua.

Rebeca — Mas vocês não esperavam outra coisa pra mim? Não tinham outros sonhos?

Mãe — Ora, querida, nós queríamos uma filha que nos amasse e não nos desse dor de cabeça, além de ser realizada na vida dela. Bem, você dá um pouco de dor de cabeça sim, mas isso não vem ao caso. Temos orgulho de você, em absolutamente qualquer escolha que você faça.

Abri um sorriso, sentindo meu coração acelerar dentro do peito com o tamanho da sorte que eu havia tido com meus pais. Então pensei em Vincent e em tudo que ele havia me dito. Ele também merecia seguir seus próprios sonhos, com alguém tendo orgulho e não decidindo por ele. Ele merecia muito mais.

Continua...