Depois que a massa estava pronta, Pietro nos ajudou a depositar o tanto certo de massa nas formas para fazer os cookies. A cozinha estava uma verdadeira bagunça, com farinha pra todo lado, mas tínhamos feito um bom trabalho até ali.
—Ei, até que ficaram bonitos. —Alfredo afirmou, olhando para dentro do forno onde os cookies começavam a ganhar forma. —E esse cheiro vai me matar de fome.
—Deixa de ser guloso. —Grace puxou ele para longe do forno.
—Nos fizemos um ótimo trabalho. —Ian afirmou, com um sorriso enorme do rosto. —Até a Beca e o Vincent conseguiram trabalhar juntos sem se matar.
Olhei pra ele com uma expressão debochada, porque trabalhar com Vincent era tudo que eu fazia desde que meus amigos resolveram namorar e nos dois sermos os únicos solteiros do grupo.
—Por incrível que pareça, eu ainda estou inteiro. —Vincent fingiu averiguar o próprio corpo, fazendo os outros rirem enquanto eu revirava os olhos.
—É porque no fundo ela te ama, Vincent. —Alfredo declarou, fazendo meu sangue esquentar.
—Será? —Vincent me olhou com uma falsa curiosidade.
—Você anda muito engraçadinho, né, Vincent? —Olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas. —Não se esqueça que eu ainda tenho aquela foto sua no meu celular.
—Não sabia que você agora recorria a ameaças em vez de xingamentos. —Vincent retrucou, antes de eu sentir ele passar os dedos do meu rosto, deixando um rastro de massa pela minha bochecha. —Talvez você esteja precisando adoçar uma pouco sua vida pra quebrar o gelo desse seu coração.
—Vincent! —Exclamei, passando a mão na minha bochecha e a sentindo toda grudenta.
Os outros começaram a rir quando agarrei um punhado de farinha e joguei em Vincent quando ele tentou correr, deixando seu rosto e seus cabelos completamente brancos. Arregalei meus olhos quando ele enfiou a mão na farinha também, vindo pra cima de mim quando tentei correr. Soltei um gritinho quando senti a farinha cair sobre minha cabeça e meu rosto.
Empurrei Vincent, passando as mãos nos olhos para tentar tirar a farinha e poder encarar ele. Vincent estava sem os óculos, que estavam completamente brancos, os olhos curvados e um sorriso muito divertido nos lábios. Soltei um grunhido de frustração, pegando mais farinha para jogar nele. Acabei acertando Alfredo e Grace quando Vincent tentou desviar, o que fez todos eles começarem a jogar farinhas uns nos outros.
Alfredo soltou uma gargalhada enorme quando acertou Gavin com um pouco da massa de cookies, fazendo o patinador soltar um gritinho agudo e um xingamento logo em seguida. Peguei um pouco da massa, disparando até Vincent quando vi que ele estava tentando fugir de fininho da cozinha. A lancei igual uma bola de neve, vendo ela acertar em cheio a testa dele. Soltei uma gargalhada quando Vincent me olhou surpreso e então eu mesmo corri para fora da cozinha, porque sabia que ele tentaria revirar.
—Rebeca! —Subi as escadas correndo, disparando até meu quarto enquanto via Vincent correndo atrás de mim. Abri a porta, quase caindo no chão antes de empurra-la para fechar. Vincent enfiou o pé na porta no exato momento que eu ia fechá-la.
—O que pensa que está fazendo?
—Te impedindo de fugir? —Ele ergueu as sobrancelhas como se aquilo fosse óbvio.
—Foi você quem começou. Inclusive a cozinha deve estar uma bagunça por sua culpa. —Sibilei, apontando pra ele, enquanto eu sentia a farinha pinicar no meu rosto.
—Isso não aconteceria se você tentasse ser mais amigável comigo, sabia? —Ele continuou me impedindo de fechar a porta, mas cruzou os braços na frente do corpo quando eu bufei em desdém. —Eles só provocam porque você age como se me odiasse.
—É porque eu realmente te odeio. —Falei, soltando uma risadinha. —E eles provocam porque você entra na onda.
—Porque é engraçado ver você tão estressada assim. —Afirmou, e não havia nenhum ar de timidez naquele momento, como se ele tivesse em uma onda de coragem.
—Vai a merda! —Falei, puxando a porta para tentar fechá-la, porque toda diversão que eu havia sentido na cozinha tinha acabado muito rápido. Mas Vincent a segurou de novo. —Vincent, sai daqui!
—Para de agir como uma adolescente rebelde. —Ele retrucou, sem fazer menção de sair dali.
—Adolescente rebelde? —Soltei uma risada, abrindo a porta com tudo e quase derrubando Vincent, já que ele estava tentando segura-la aberta. —Falou o maior babaca da terra.
—Não vamos brigar. As coisas estavam indo tão bem lá embaixo. —Ele suspirou, me olhando com uma expressão cansada. —Nos dois trabalhamos tão bem juntos, Rebeca. Podemos tentar...
—Ser amigos? —Eu ri, balançando a cabeça negativamente. —Eu acho que já deixei claro pra você o que penso sobre isso.
—Você não está facilitando as coisas. —Vincent esfregou a mão no rosto, fazendo uma careta quando se lembrou de toda farinha.
—Porque você simplesmente não entra no seu quarto e me deixa em paz? Nosso momento de bandeira branca acabou no momento que eu saí daquela cozinha. —Gesticulei na direção do quarto dele. —É ridículo você pensar que nós podemos ser amigos.
—Você é rancorosa demais.
—É, eu sou rancorosa demais, sim. —Bati contra o peito dele, tentando tirá-lo do meu quarto para poder fechar a porta. —E você é um grande babaca sem coração.
Puxei a porta para fechá-la, mas de novo ele colocou o pé no caminho, me fazendo soltar um grunhido irritado. Eu iria jogado pela janela se ele não saísse naquele exato momento.
—Você quer aproveitar esses dias aqui e ajudar no casamento, não quer? —Indagou, me fazendo exibir uma careta.
—Do que está falando? É claro que eu quero. Ian é meu melhor amigo e quero que ele tenha o melhor casamento de todos. —Afirmei, empurrando a porta com força, vendo Vincent fazer uma careta, porque provavelmente eu estava machucando seu pé.
—Então, Rebeca, como acha que vamos fazer isso se continuarmos do jeito que estamos? —Falou, me fazendo soltar a porta e olhar pra ele confuso. —Se ficarmos nessa, uma hora ou outra podemos acabar estragando tudo.
—Eu nunca estragaria o casamento do meu melhor amigo! —Afirmei, sentindo meu rosto quente.
—Não intencionalmente. —Ele suspirou, esfregando os cabelos cheio de farinha. —O que eu quero dizer é que podíamos erguer uma bandeira branca até o mês acabar, entende? Até esse casamento acontecer. Depois disso, você pode voltar a me odiar ou o que quer que seja. Quero aproveitar isso aqui e imagino que você também queira.
—Só esse mês? —Uni as sobrancelhas, desconfiada, porque Vincent andava muito estranho nos últimos dias.
—Só esse mês. Pelo menos tentarmos. —Afirmou, olhando pra com um pouco esperançoso. Comprimi meus lábios, sentindo meu coração disparado dentro do peito pela forma intensa que ele me olhava, como se a máscara de coragem começasse a diminuir.
—Tudo bem. —Concordei, observando as bochechas dele corarem embaixo da camada de farinha quando ele relaxou e afastou o pé da porta. —Um mês, mas a gente pode começar amanhã, né?
Então eu fechei a porta na cara dele e por incrível que pareça o ouvi rir do outro lado.
Continua...
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Missão casamento / Vol. 3
RomansaRebeca Duarte está mais do que feliz com sua carreira de jornalista, mesmo que tenha que lidar com Vincent Hale, seu parceiro e filho do seu chefe, com quem ela troca farpas diariamente. Além disso, ela está certa que não existe nada além de trabalh...