Capítulo 14: Biscoitos da sorte.

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Quando desci para tomar café na manhã seguinte encontrei apenas Hermione e Pietro sentados na mesa, enquanto os outros ainda estavam dormindo nos seus respectivos quartos. Enchi minha xícara de café, vendo Pietro arrumando o chocolate quente de Hermione e entregando a ela alguns cookies que havíamos feito ontem.

—Você e o Vincent sumiram ontem, né? —Pietro me lançou um olhar curioso e eu me segurei pra não fazer uma careta.

—Perderam a limpeza da cozinha. —Hermione bocejou, esfregando os olhos.

—Eu fui tomar banho e dormir. O que Vincent fez, eu não sei. —Dei de ombros, me ocupando em comer para evitar conversar, porque as palavras de Vincent ainda giravam na minha cabeça.

—Muito espertinha você, não? —Ian apareceu, se sentando ao meu lado com uma expressão zombeteira. —Você e Vincent começaram a bagunça e então fugiram da limpeza.

—Eu voto nos dois fazendo um trabalho juntos. —Pietro afirmou, me fazendo olhar pra ele de queixo caído. —O que temos programado pra hoje, mesmo?

—Grace disse que queria ir até o celeiro ver o outros animais da fazenda e do casamento tínhamos o mural de fotos na entrada do celeiro para arrumar. —Ian e Pietro trocaram alguns olhares, enquanto eu abaixava a minha xicara sabendo o que estava prestes a acontecer. —Mas a Beca e o Vincent podem ficar com o último já que fugiram da cozinha ontem.

—Por que você não deixou a organizadora do casamento lidar com isso, hein? —Choraminguei, me sentindo no meio de um furacão. —Eles fariam tudo isso dias antes do casamento, melhor que nós.

—Você já ouviu aquela frase do "quer perfeito, faça você mesmo"? —Ian deu de ombros. —Estou apenas seguindo ela a risca. Quero meu casamento dos sonhos, porque nem estava esperando me casar tão cedo até Gavin entrar na minha vida.

—Tudo bem. O que eu preciso fazer afinal? —Falei derrotada, porque teria que aprender a arte da paciência nos próximos dias.

[...]

As fotos estavam dentro de duas caixas e seriam penduradas em cordoes cheios de luzes na entrada do celeiro no dia do casamento. Mas Ian e Gavin queriam separa-las em fotos apenas dos dois e outro montinho com fotos deles com os amigos e familiares.

Me sentei no sofá na varanda do chalé, cruzando as pernas embaixo de mim e comecei a separa-las. Os outros já haviam saído para dar uma volta pela fazenda, enquanto Vincent ainda nem havia saído do quarto ainda.

Eu provavelmente deveria chama-lo para me ajudar, já que quem começou tudo ontem foi ele e porque eu aceitei erguer a bandeira branca. Mas aceitar não significa facilitar e eu não iria deixar Vincent pensar que estava ganhando algo com isso.

—Bom dia. —Ele passou pela porta, usando uma bermuda e uma camisa azul toda amassada. Estava segurando uma caneca fumegante quando se sentou perto de onde eu estava.

—A Bela adormecida resolveu aparecer. —Murmurei, vendo ele me lançar um olhar carregado.

—Bandeira branca, esqueceu? —Ergueu as sobrancelhas como se fosse para dar ênfase e eu ri.

—É apenas uma piadinha de nada. —Dei de ombros, vendo ele abaixar os olhos pra todas as fotos na minha frente. —Nos dois temos que separa-las.

—Eu sei. Alfredo quase derrubou minha porta só para me avisar sobre isso. —Ele riu, negando com a cabeça. —Não me importo, na verdade. Gosto de fotos.

—Outra coisa que você poderia ter feito, em vez de jornalismo. —Eu sorri inocentemente. —Ser fotografo é bem mais a sua cara.

—Não consigo saber se está sendo ironica ou sincera. —Vincent suspirou, pegando a outra caixa para me ajudar.

—Estou sendo sincera. Você ama tirar fotos, não é? É você quem as faz para o jornal, em todas as matérias, enquanto parece infeliz quando precisa escrever uma matéria ou coisa do tipo. —Afirmei, porque eu estava disposta a manter a magoa guardada até esse casamento acontecer.

—É, você tem razão. —Vincent pareceu pensar longe. —Mas meus pais queriam que eu seguisse a mesma carreira de jornalista do meu pai, então.

—Não escreva a sua felicidade em cima da linha das outras pessoas. —Vincent ergueu os olhos quando percebeu que eu o encarava. —Essa é a sua história e é você quem a escreve, Vincent, não outra pessoa. Não deixe outra pessoa segurar a caneta quando for decidir algo.

—Isso foi... —Ele balançou a cabeça e sorriu, parecendo não saber o que dizer.

—Foi você quem me disse para apreciar mais as estrelas. —Ergui meus ombros e tombei a cabeça de lado. —Estou te dizendo para escrever sua própria história.

—Nós dois deveríamos escrever frases para biscoitos da sorte. —Vincent afirmou, me fazendo soltar uma risada com o quanto aquilo soava esquisito.

—Eu iria escrever frases mandando as pessoas se ferrarem. —Murmurei, me mantendo ocupada separando as fotos, enquanto Vincent fazia o mesmo, rindo do que eu havia acabado de falar.

—Tenho certeza que teria um "babaca sem coração e incompetente" em um deles. —Vincent estava sorrindo, o que me fez sorrir com aquilo também.

—O que eu posso fazer? Sou uma pessoa sincera. —Dei de ombros, vendo-o erguer os olhos pra me encarar, com um pequeno sorriso de diversão nos lábios. —Mas essa frase foi criada especialmente pra você, meu querido Vincent.

Abri um sorriso enorme quando Alyssa apareceu ali, trazendo um pratinho com algumas tortinhas de limão. Definitivamente era minha comida favorita e eu poderia come-la pra sempre sem enjoar.

—Obrigada. —Gritei pra ela quando a mesma se afastou, pegando uma e dando uma enorme mordida, sentindo o sabor do limão invadir minha boca. Quando me virei para Vincent ele estava me encarando. Mais especificamente meus lábios, parecendo perdido em pensamentos. Engoli em seco, sentindo meu coração dar uma cambalhota no peito. —O que foi?

—Você praticamente brigou comigo por causa delas, mas não para de come-las. —Vincent engoliu muito lentamente, com as bochechas ganhando aquele tom avermelhado.

—Alyssa cozinha muito bem. Seria erro meu não me aproveitar disso. —Falei, enfiando o restante da torta na boca, passando a língua sobre os lábios, percebendo que Vincent ainda os encarava como se estivesse completamente perdido. —Por que está me olhando assim?

—Talvez eu devesse aprender a gostar de torta de limão já que você gosta tanto delas. —Ele se inclinou, e eu fiquei imóvel com a respiração presa na minha garganta quando seu polegar passou pela lateral dos meus lábios com cuidado. Minha garganta ficou seca quando ele levou o polegar até o lábio e o chupou, fazendo uma careta com o gosto do limão.

Acho que eu havia perdido a capacidade de respirar.



Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora