Capítulo 3: Três patetas.

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Gavin e Grace carregaram Hermione escada a cima, murmuramos algo sobre vestidos e sapatos. Eu me joguei no imenso sofá daquela sala rústica, fazendo uma careta para a cabeça de alce na parede, pensando no quão esquisito aquilo era já que ela parecia estar me observando.

—Então, vai fazer a simpatia pra ter a certeza que faltava de que vai se casar com o Vincent? —Alfredo se sentou no braço do sofá ao meu lado, me fazendo revirar os olhos e olhar na direção de Vincent e o ver corando ao ouvir aquilo.

—Você anda bem engraçadinho agora que está noivo, não é? —Afirmei, dando uma cotovelada nele.

—Eu sempre fui engraçadinho. —Ele deu de ombros, piscando pra mim. —E você não respondeu a minha pergunta.

—Sabe, eu sou super a favor da Grace fazer essa simpatia também. —Falei, vendo Alfredo existir uma careta que me fez rir. —Assim ela também pode ter certeza de que vai mesmo se casar com você.

—Ah, florzinha, nada de jogar à bola pra outra pessoa. A encalhada do grupo é você, como Alfredo mesmo disse. —Ian retrucou, me fazendo soltar um grunhido.

—Eu não estou encalhada! —Rebati, fuzilando Ian com os olhos quando ele soltou uma risadinha baixa e sussurrou alguma coisa para Pietro, que o fez rir e negar com a cabeça. —Ian, se você não tomar jeito, esse seu casamento vai virar um enterro.

—Podemos focar nos preparativos para o casamento? —Vincent perguntou, se sentando no sofá na minha frente e eu quase gemi em alívio.

—Obrigada! —Exclamei, feliz por pelo menos Vincent querer fugir daquele assunto tanto quanto eu. —Vamos falar sobre o casamento. É pra isso que estamos aqui, certo?

—Onde vai ser o casamento? —Pietro se virou para Ian, que abriu um sorriso enorme e apontou para a porta.

—Venham, vou mostrar o lugar pra vocês.

—Mas e os outros? —Alfredo indagou, quando nos dirigimos até a saída do chalé.

—Você não consegue ficar longe da Grace um segundo sequer? —Eu o provoquei, apertando sua bochecha quando ele resmungou algo indecifrável. —Vai que ela foge de você, né? E você fica encalhado igual eu.

—Eu ainda tô mais no lucro que você. 21 anos e noivo. E você com 25, solteirona e mãe de um cachorro chamado Pingo, que não pode ver um estranho que já quer matar. —Alfredo respondeu, erguendo o queixo de forma presunçosa. —E Grace não vai fugir. Eu me garanto, Beca. Tenho espelho em casa, ok?

—Palhaçada viu! —Eu o empurrei quando descemos as escadas, ouvindo sua gargalhada. —O nome do cachorro de vocês é Azeitona, não podem falar nada do meu!

—Onde você deixou o Pingo? —Ian se aproximou de mim, enquanto Alfredo se apressava para ir até onde Vincent estava perto do pomar, provavelmente para incomoda-lo de alguma forma.

—Na casa do Pietro e da Hermione. A mãe dela veio para cuidar do Azeitona, então deixei o Pingo lá também. —Dei de ombros, me virando para Vincent quando ouvi ele soltar uma gargalhada. Era esquisito vê-lo gargalhando, já que ele está sempre tímido ou sério.

—Venham, venham... —Ian me puxou em direção a o maior celeiro que havia ali, enquanto eu olhava para o campo depois das cercas brancas, vendo-o cheio de vacas. —Aqui vai ser a cerimônia.

Nós entramos no celeiro, observando alguns homens que estavam limpando o lugar, provavelmente para que os bancos pudessem ser trazidos e o local decorado. Depois Ian nos levou para perto do pomar, no imenso gramado em frente ao lago, onde iria acontecer a festa depois do casamento. Também haviam homens ali, cortando a grama nos pontos onde ela estava alta e podando os arbustos e roseiras que nasciam na linha das cercas.

—Esse lugar é lindo. —Pietro afirmou, se escorando nas cercas brancas e olhando para a linha das árvores além do lago.

—É lindo mesmo. —Alfredo riu. —E olha que a gente já morou em uma fazenda.

—Esperem até verem a cachoeira. A trilha até lá é um pouco extensa, mas vale muito a pena. —Ian afirmou, soltando um suspiro sonhador ao olhar para tudo aquilo, provavelmente contando os dias para enfim se casar. —Você trouxe sua câmera, Vincent?

—Eu nunca saio sem ela de casa. —Vincent abriu um sorriso que deixou suas bochechas cheia e os olhos pequenos atrás do óculos. —Estava pensando em, eu tirar as fotos e a Rebeca escrever sobre os preparativos e o casamento.

—Eu escrever? —Me virei pra ele surpresa, porque Vincent e eu sempre escrevíamos as matérias em conjunto quanto tínhamos que trabalhar juntos, mesmo que discutíssemos a maior parte do tempo, já que nunca concordávamos sobre algo.

—É, quer dizer... você conhece Ian desde que vocês eram crianças. Pensei que isso poderia trazer uma carga mais emocional para a matéria se fosse escrita inteiramente por você. Com as suas palavras. —Ele me encarou por alguns segundos, antes de desviar os olhos quando suas bochechas começaram a corar. —Claro que darei algumas ideias. Mas posso fazer isso depois que você escrever ela e me deixar lê-la. De qualquer forma, todas as fotos serão minhas.

—Tudo bem. —Eu cocei a garganta, percebendo que os três patetas estavam observando muito atentamente minha interação com Vincent, enquanto trocavam olhares como se estivessem se comunicando mentalmente. —Acho que concordo com isso.

—Acho que vai chover hoje, hein. —Alfredo sussurrou para o irmão e Ian, me fazendo olhar pra ele com os olhos cerrados.

—Eu também pensei... —Vincent pareceu sem graça quando se virou para Ian, que ergueu as sobrancelhas e abriu um sorriso pra ele. —O que você acharia se fizemos meio que uma entrevista com alguns convidados? Eles poderiam falar sobre o que acharam do casamento e sobre você e Gavin.

—Eu acho uma ideia incrível, Vincent, contando que ninguém fale mal do meu casamento. —Ian fez uma careta, nos fazendo rir.

—Tudo bem pra você então? —Vincent voltou a olhar pra mim, observando meus olhos com cuidado. —Podemos escolher quem entrevistar juntos.

Alfredo sussurrou algo de novo para Pietro e Ian. Mas dessa vez não consegui entender, mesmo sabendo que não deveria ser coisa boa.

—Tá, claro. —Olhei para os três patetas de cara feia. —Isso se esse casamento não virar de fato um enterro.


Continua...

Missão casamento / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora