Missão casamento / Vol. 3

Capítulo 50: Babaca sem coração.

Fiquei de pé, sem saber ao certo como agir. Vincent estava me olhando como se nunca tivesse me visto, o que era um pouco engraçado, porque eu não conseguia imaginar o que estava passando na cabeça dele naquele momento.

—Vincent? —Chamei, umedecendo os lábios com a língua, escutando meu pai coçando a garganta, antes de ficar de pé e estender a mão pra minha mãe.

—Vou levar sua mãe pra dar uma olhada na mesa de doces. —Meu pai afirmou, piscando pra mim antes de se afastar com ela.

Agradeci a ele com o olhar, me sentindo um pouco nervosa com aquela conversa com Vincent. Sabia que precisava falar com ele em algum momento e explicar tudo que havia acontecido com o pai dele, mas pensava que teria alguns minutos pra poder pensar antes de fazer isso.

—Você ouviu tudo. —Falei, vendo ele se aproximar, balançando a cabeça positivamente. —Bem, que bom. Seria um saco ter que repetir tudo pra você.

Abri um sorriso, tentando aliviar o clima tenso. Mas Vincent apenas piscou, continuando a me encarar daquela forma que estava começando a me deixar ansiosa. Tentei pensar em outra coisa pra dizer, porque estava com medo de ter estragado tudo.

—Você pediu demissão? —Indagou, me fazendo encara-lo sem nem piscar, antes de balançar a cabeça que sim. —Por que não me disse que ia fazer isso? Por que não me chamou pra ir com você falar com meu pai?

—Porque eu sabia que você não ia gostar da ideia da minha demissão. Eu sabia que você pensaria que está atrapalhando minha vida com algo que é importante pra mim. —Eu ri, balançando a cabeça negativamente. —Era importante, na verdade. Eu realmente amava meu emprego, Vincent. Mas eu não queria continuar trabalhando com alguém que tenta obrigar o filho a fazer as coisas e ameaça demitir alguém quando as coisas saem do controle dele. —Eu me aproximei de Vincent, ficando de frente para ele. —Você resolveu as coisas quatro anos atrás. Hoje era a minha vez de resolver as coisas. Além do mais, aquele jornal não ia ser o mesmo sem você.

—Está me dizendo que iria sentir minha falta lá? —Um meio sorriso surgiu nos lábios dele, me deixando mais aliviada por saber que talvez as coisas ficassem bem no final de tudo.

—Bem, sim. —Eu ri, mordendo o lábio com meus pensamentos. —Quem seria capaz de aguentar meu humor péssimo no trabalho? Quem eu iria chamar de babaca sem coração? Não iria existir outro Vincent lá. Então não deve existir uma Rebeca também.

Ele riu. Uma risada genuína que me fez suspirar e rir também, sentindo aquela tensão dele se dissolver o só restar os melhores sentimentos que ele tinha por mim. Não sabia como havia sido capaz de esperar tanto tempo para ter isso com Vincent. Essa sensação perfeita de que não falta absolutamente nada e que tudo vai ficar bem se ficarmos juntos.

—Ah, Beca, você é a mulher mais incrível do planeta. —Ele se aproximou, deslizando as mãos pela minha cintura, fazendo meu coração disparar ao ouvir suas palavras. —Mas gostaria de ter visto a cara do meu pai quando você se demitiu.

—Ah, ele não ficou me um pouco satisfeito. —Balancei a cabeça, rindo com a lembrança. —Mas talvez você precise chegar se ele não está desmaiado lá fora. Eu meio que o proibi de escrever sobre esse casamento e acho que isso o deixou meio assustado.

—O que? —Vincent ergueu as sobrancelhas, antes de soltar uma gargalhada. —Gavin e Ian?

—Ah, acho que eles vão super entender isso. —Dei de ombros, sabendo que precisava conversar com aqueles dois depois. Mas faria isso em outro momento. Não queria atrapalhar o momento deles com problemas meus. —E eu também já tenho algumas ideias sobre essa matéria.

—Mesmo? —Vincent pareceu curioso, me olhando com os olhos tão iluminados e carregados. —Posso saber o que é?

—Quando voltarmos pra cidade você vai saber. Até porque, vou precisar dos seus serviços. —Falei, o abraçando pelos ombros, erguendo uma das mãos para ajeitar o óculos dele. —Não está bravo comigo então?

—Por que eu ficaria? —Ele balançou a cabeça negativamente, com um sorriso enorme no rosto. —Acabei de ouvir a mulher por quem estou completamente apaixonado dizer aos pais que está apaixonada por mim também. Eu não poderia ficar mais feliz do que estou agora.

—Não era pra você ouvir. —Falei, sem conseguir desviar os olhos dele, sentindo meu estômago repleto de borboletas ao ver todos os sentimentos de Vincent expostos pra mim. —Eu pretendia te dizer tudo isso de outra forma. Não em um desabafo esquisito com meus pais.

—Ah, foi fofo. Não vou esquecer a expressão surpresa dos seus pais tão cedo. —Falou, me fazendo soltar uma risada e negar com a cabeça. Tinha certeza que meus pais me incomodariam pelo restante da minha vida por isso. Mas acho que valeria a pena.

—Tudo bem. —Engoli em seco, umedecendo os lábios com a língua, percebendo que aquele era um momento muito importante pra nós dois. —Mas era tudo verdade. Estou apaixonada por você, Vincent. Sempre fui. Eu não teria passado tanto tempo magoada com você se não existissem sentimentos. Me desculpa por evitá-los por tanto tempo. Acho que eu estava com medo de me decepcionar de novo.

—Eu nunca vou te decepcionar de novo, Rebeca. Estou falando muito sério. A parir de hoje, vou contar absolutamente tudo que envolve nós dois pra você. Não deveria ter escondido isso de você naquela época e te tratado daquela forma. —Ele segurou meu rosto, fazendo meu coração chegar a boca quando li o que estava escrito nos seus olhos. —Eu te amo, limãozinho. Amei você esses quatro anos, enquanto estava disposto a aceitar qualquer tipo de relação com você. Eu a amo o suficiente pra ser um pouco egoísta agora e ficar feliz que tenha pedido demissão, porque sei que meu pai não deixaria nós dois em paz. Mas eu te amo de verdade e sinto muito por ter demorado tanto tempo pra fazer algo a respeito disso.

Não consegui dizer absolutamente nada, sentindo que meu coração iria explodir se eu não o beijasse naquele momento. E foi isso que eu fiz. Puxei o rosto de Vincent e o beijei, sentindo todo aquele amor dele por mim aquecer meu coração.

Continua...