Capítulo 2

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O fim de semana passou voando, Isa como de costume, não viu sua colega de apartamento em nenhum momento, o que foi bom, já que ela se encontrava em um estado de irritação elevadíssimo desde o encontro com aquele barbeiro imbecil. Ele conseguiu estragar todo seu final de semana, já que ela passou todo o tempo pensando em como queria ter esfregado o rosto dele no asfalto, por tê-la chamado de pirralha. Mas hoje é um novo dia, uma nova semana se iniciou, e junto com ela as aulas da faculdade do seu último ano, e Isabella decidiu que iria aproveitar ao máximo para adquirir todo o conhecimento que iria precisar para colocar seus planos em andamento.

Depois de arrumada e o café da manhã tomado, entrou em seu carro e partiu rumo a faculdade com os pensamentos a mil. Como o tempo passou rápido, fazia quatro anos que saira da sua cidade em busca do seu sonho, e só voltou algumas vezes para visitar seus pais e seus animais amados. Agora só faltava um ano, e ela poderia em fim voltar para casa, e assumir a construtora que ela e o pai abriram. O pai dela sempre trabalhou com construção civil, porém como pedreiro, e vê-lo construir casas desde pequena foi algo que a inspirou a seguir no mesmo ramo, porém como engenheira. Antes de sair de casa, ela e ele tiveram a ideia de abrir uma casa de materiais de construção junto com uma construtora, o que foi um bom investimento, já que hoje, era de lá que saia todo o sustento da família, pois como já era bem experiente no ramo, Senhor Bernardo já tinha seus contatos na cidade, então, além de vender os materiais, também já ficava responsável pela construção da obra de seus clientes. Agora, a "Babel" também contaria com uma engenheira em sua equipe, o que facilitaria a empreita de obras maiores e mais rentáveis.

Chegando na faculdade, Isabella estacionou seu carro, e foi em direção a diretoria em busca dos seus horários de aula, ao ver que sua primeira aula do dia constava como cálculo seguiu em direção a sua turma. Ao entrar, cumprimentou as poucas pessoas que já se encontravam na sala e procurou um lugar para se sentar, e como sempre ela escolheu o primeiro lugar na parede à esquerda em frente a mesa do professor. Pouco a pouco a sala foi se enchendo com os alunos também matriculados naquela matéria que muitos odiavam, mas Isa não, ela amava matemática e sabia que iria mandar bem nesse último ano. Quando o penúltimo lugar disponível na sala foi preenchido, todos aguardavam ansiosos pelo início da aula, e rumores já rolavam que Julian o antigo professor de cálculo havia se demitido no semestre anterior, o que significava que viria um novo professor para ensiná-los. E essa notícia foi recebida com tristeza por Isa, pois amava as aulas do professor Julian, então esperava que o novo professor fosse tão bom quanto aquele senhor simpático.

- Bom dia turma, sou o novo professor de cálculo de vocês, me chamo Leandro Rodrigues. Disse Leandro entrando na sala, recebendo um suspiro coletivo das garotas ali presentes pela beleza do homem a sua frente, um olhar curioso dos rapazes, e uma expressão surpresa e insatisfeita de Isabella.

- Só pode ser brincadeira.

***

Naquela manhã de segunda-feira, Leandro levantou-se ainda sonolento, e começou a preparar-se para ir em direção ao seu mais novo emprego. Sempre foi apaixonado pela sua profissão, para ele ser professor, era levar aos outros, o conhecimento que iriam precisar para alcançarem seus sonhos, então desde pequeno já tinha uma noção do que queria se tornar. Podendo ser considerado um garoto prodígio, terminou o ensino médio com apenas quinze anos de idade, aos vinte já havia se formado na Faculdade de Engenharia, aos vinte e cinco já tinha concluído seu doutorado, mestrado e feito uma especialização em ciências exatas já que sempre foi sua área favorita. Logo foi aceito como professor em uma escola particular bem conceituada, porém sua meta sempre foi lecionar em uma universidade, e ele conseguiu. Após dois anos dando aula para alunos do ensino médio, recebeu o convite para lecionar cálculo em uma das melhores universidades da capital, ele não pensou duas vezes em aceitar, e hoje seria seu primeiro dia.

Ao sair do seu apartamento, deu de cara com seu irmão Guilherme indo em direção ao elevador para também ir a faculdade.

- E aí cara, preparado para seu primeiro dia? Perguntou Guilherme entusiasmado como sempre.

- Confesso que estou um pouco nervoso, mas também estou bastante ansioso, é um sonho que estou realizando. Respondeu Leandro apertando o botão do elevador que indicava o estacionamento do prédio.

- Não se preocupe, tenho certeza que vai se sair bem. Disse Guilherme tocando o ombro do irmão e logo saindo do elevador indo na direção onde seu carro estava.

- Estamos indo para o mesmo lugar, por que não vai comigo? Perguntou Leandro indo na direção do seu carro que estava ao lado do do irmão.

- Nem pensar que vou chegar na facul junto com o meu professor. Disse Guilherme rindo. - Além disso, tenho que ir buscar a Gio. Falou referindo-se à namorada Giovanna, que morava um pouco distante deles.

- Okay, mas trate de não se atrasar para minha aula, eu não vou te deixar entrar.

- Sim senhor, e você, cuidado para não atropelar mais alguma doida por aí. Respondeu Guilherme entrando no carro gargalhando da cara fechada do irmão.

A brincadeira sem graça do irmão, e entrar novamente dentro do carro, fez os pensamentos de Leandro voarem há dois dias atrás, no encontro inesperado com aquela garota da língua afiada. Ele ainda conseguia lembrar com exatidão daquele lindo rosto irritado, dos olhos escuros e brilhantes faiscando de raiva em sua direção, da voz doce mas segura enquanto despejava ofensas em sua direção, e principalmente o quanto aquela pequena mulher parecia uma menina naquele vestido solto e florido que marcava sua cintura fina, dos logos cabelos escuros soltos e bagunçados caindo sobre seu rosto. Ele não podia negar que pela primeira vez, alguém conseguiu o deixar sem palavras, ele só não sabe dizer se foi por ela realmente estar certa, ou se porque estava muito impressionado como um pequeno ser tão angelical pudesse quase se tornar ameaçador quando se irrita, e ele sem dúvidas amou vê-la irritada.

Mas principalmente, Leandro não poderia se esquecer do problema que foi chegar em casa e ter que encarar uma dona Ana com raiva. Se tem alguém que consegue colocar medo nos dois irmãos, essa pessoa é a sua mãe, apesar de ser um doce de mulher, possui uma mão bastante pesada para uma senhora de 53 anos.

Ao estacionar o carro em frente a casa em que cresceu, os dois homens avistaram sua mãe saindo de casa com uma expressão raivosa, e logo atrás saiu vinha senhor Augusto tentando segurar sua esposa para que não puxasse seus filhos pela orelha para dentro da casa.

- Calma amor, deixe os meninos se explicarem primeiro pelo menos. Falava Augusto tentando acalmar a mulher.

- Leandro e Guilherme Rodrigues, vocês têm um minuto para me explicar porque demoraram tanto. Começou a falar, mas não os deu tempo de abrirem a boca e continuou. - Se eu soubesse teria convidado vocês para jantar, porque a hora do almoço já se foi faz tempo. Disse a mulher intercalando o olhar cerrado para os filhos.

- Não exagera mamãe, ainda não são nem meio dia. Falou Guilherme tomando a frente, mas recuando o passo quando viu o olhar raivoso da mãe. Coçando a garganta continuou.- Nós nos atrasamos porque o Leandro atropelou uma mulher no caminho. Falou rápido e saiu apressado de perto do irmão para se desviar do tapa que o mesmo ia lhe dar.

Depois disso a confusão estava feita, demorou um tempo até que ele conseguisse explicar para os pais o que realmente aconteceu, além de ter recebido um sermão de ambos sobre responsabilidade e atenção ao dirigir, fora o restante do dia tendo que aguentar seu irmão contando ao pai como aquela garota o havia deixado sem palavras, além de caçoa-lo com os insultos que ela deferiu a ele. Aquele realmente foi um final de semana agitado.

Ao entrar na Universidade, foi até a administração para receber as instruções padrões de um novo professor, e logo após dirigiu-se a sua primeira turma do dia, e  não conseguiu conter o sorrisinho no canto dos lábios, quando ao cumprimentar a turma avistou a pessoa com expressão surpresa que se encontrava sentada em frente a sua mesa.

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