Capítulo 28

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Leandro e Isabella desceram do elevador e caminharam até o apartamento em silêncio, cada um estava perdido em seus próprios pensamentos, tentando resolver os conflitos que afligiam sua alma. Isabella foi a primeira a passar pela porta da frente, sendo recebida por Charlotte, que se esfregou em sua perna, como se sentisse toda a tristeza que a dona carregava. Ela sorriu e se abaixou pegando a gata em seus braços, e depois subiu as escadas em direção ao quarto.

Ela sentia-se exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente, colocando a gata em sua cama, entrou no banheiro tomando um banho tentando se livrar do cheiro de hospital que parecia estar impregnado em si. Leandro também subiu para o quarto, e ouvindo o barulho do chuveiro sentou-se na cama e acariciou Charlotte que ronronou com o carinho, após uns minutos observou Isabella sair do banheiro enrolada em uma toalha e caminhar em direção ao closet.

Ele não sabia o que fazer, ou como agir diante da situação em que se encontravam, não sabia como falar com Isabella depois das dúvidas que começaram a rondar sua mente. O medo de estar cometendo uma injustiça com ela, fazia seu coração acelerar, além do fato de ter percebido que a garota encontrava-se mais pálida do que o normal e com uma expressão abatida desde que acordara. Suspirando frustrado, saiu do quarto antes de ter que encará-la novamente, desceu as escadas indo até a cozinha onde encontrou as panelas do almoço em cima do fogão, e a comida intocada dentro delas. O arrependimento lhe bateu quando percebeu que, apesar de tudo ela esperara por ele, enquanto o mesmo estava em um restaurante na companhia de outra.

Isa saiu do closet já vestida, encontrando o quarto vazio novamente, jogou-se ao lado de Charlotte na cama sentindo o cansaço tomar conta do seu corpo. Não resistiu a ele e deixou-se ser levada pela escuridão do sono que a consumia. Quando acordou novamente, passava de nove horas da noite e Leandro não estava no quarto ainda. Ela não queria se levantar e ter que encará-lo, mas quando olhou para seu ventre e lembrou da possibilidade de ter um bebê alí, soube que teria que se alimentar por ele, então forçou-se a se levantar da cama e sair do quarto.

Leandro estava com os olhos presos em um filme que passava na TV, mas seus pensamentos ainda estavam na garota novamente adormecida em seu quarto. Isabella nunca foi adepta a dormir cedo, sempre passavam horas e horas acordados, às vezes assistindo filmes, conversando, se amando. Mas aquela era a segunda vez que entrara no quarto e a encontrou em um sono tão profundo, que não acordou quando o mesmo tomou banho, se vestiu, e velara seu sono por algum tempo antes de descer para sala, e isso estava o preocupando. Algum tempo depois, ouviu passos o despertando do seu dilema, olhou para trás e a viu descendo as escadas com calma, enquanto mantinha os olhos baixos evitando a todo custo o olhar.

Isabella se dirigiu à cozinha com o olhar  fixo no chão, não queria olhar para Leandro e encontrar a mesma expressão fria que ele estava dirigindo a ela ultimamente. Passou pela sala sentindo seu olhar sobre ela, mas recusou-se a encará-lo de volta. Entrou na cozinha soltando um suspiro aliviado, e viu as panelas da comida que preparara mais cedo sentindo seus olhos marejarem, porém respirou fundo segurando as lágrimas, e se aproximou do mesmo. Colocou uma pequena quantidade de comida no prato temendo que o enjôo voltasse novamente, mas dessa vez não aconteceu, e ela conseguiu se alimentar com tranquilidade.

Leandro esperou impaciente a garota voltar, não quis segui-la para evitar incomodá-la, então a aguardou na sala até ouvir seus passos novamente.

- Sua dor de cabeça passou? Perguntou esperando ela olhar em sua direção, mas isso não aconteceu.

- Passou sim, obrigada por perguntar. Respondeu polidamente enquanto olhava para o chão e ele suspirou.

- Me desculpe por não ter vindo almoçar em casa, eu deveria ter avisado. Falou já desesperado com a falta de reação da garota que sempre teve a personalidade falante e até explosiva, mas agora resumia a ele somente gestos e palavras polidas.

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