Capítulo 44

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Isabella passou bastante tempo pensando e processando tudo o que havia ouvido de Leandro. De certa forma, agora ela compreendia suas atitudes, apesar de não aceitá-las. Ela aprendera com os seus pais que em um relacionamento, o correto é conversar quando houver qualquer tipo de conflito, é colocar as cartas na mesa e tentar consertar o que está errado, não simplesmente cada um guardar para si o que incomoda, e no último momento apenas desistir da relação. E era exatamente isso que ela queria que Leandro tivesse feito. Que ele tivesse sido sincero desde a sua primeira desconfiança, que ele tivesse contado quando recebera a primeira foto, que ele tivesse conversado com ela, ao invés de afasta-la.

Porém não foi o que ele fizera, e a mágoa que ela ainda sentia pelo mesmo, não seria algo fácil de se livrar ainda. Ela sabia que o perdoaria um dia, mas mesmo quando isso acontecesse, não tinha certeza se seria capaz de entregar seu coração novamente ao homem.

Ele foi convicto em suas palavras, ao dizer que não desistiria dela, e que a conquistaria novamente, porém a garota sabia que não estava pronta para abrir seu coração que já se encontrava em pedaços com a perda do filho, e que não suportaria passar por mais uma decepção. Além disso, agora havia Nicolas que era completamente dependente da mesma, e ele era sua única prioridade no momento.
Isabella estava confusa, e não sabia por qual caminho seguir, mas sorriu quando lembrou-se do conselho que seu avô lhe dera, quando ainda estava internado no hospital...

(...)

- Que horas são pequena borboleta? - O homem perguntava cada vez que a garota entrava no quarto de hospital para lhe fazer companhia.

- Uai vovô, o mesmo horário que eu sempre venho vê-lo! Nove horas da manhã. - Ela respondia e o homem apenas sorria negando com a cabeça. 

Seu avô fizera a mesma pergunta para ela durante quinze dias consecutivos antes de sua morte, porém sempre parecia insatisfeito com a resposta que a garota lhe dava até que um dia ela resolveu lhe questionar primeiro.

- Vovô Rafael, que horas são? - Perguntou entrando no quarto, e o homem sorriu pela sua esperteza e a encarou pensativo antes de responder.

- Agora! - Respondeu simplesmente, e Isabella o encarou confusa.

- Agora? - Perguntou e o homem concordou com a cabeça esperando sua reação. - Como assim vovô?

- Pequena Borboleta, o único tempo que existe, é o agora. Você nunca saberá com exatidão nem mesmo o horário do relógio, pois até que você o olhe e responda, os milésimos de segundos continuarão passando, e o tempo continuará mudando. Isso nos ensina que o único tempo que temos e somos, é o presente momento. Não temos controle ou certeza sobre o futuro, e o passado está a menos de um segundo atrás, nos dando a cada momento, a oportunidade de mudarmos e evoluirmos. - O homem sorriu segurando a mão de Isabella e continuou: - O conselho que eu quero te dar através disso, é que você apenas viva. Viva verdadeiramente cada momento, sendo ele bom ou ruim. Se desprenda dos seus pensamentos sobre o futuro ou passado, eles apenas te aprisionam e te impedem de realmente viver e retirar os aprendizados que cada acontecimento tem a nos oferecer.

Um dia após ter dado esse conselho, Rafael morrera, deixando a neta desolada com sua partida.

(...)

Se lembrando daquelas sábias palavras, a garota decidiu que o melhor a se fazer, seria apenas viver dia após dia, e deixar com que suas preocupações fossem levadas pelo tempo, e na hora certa tudo se resolveria.

[...]

Quando Isabella acordou no dia seguinte, olhou confusa para a figura que se encontrava adormecida na cadeira ao lado da cama. A mesma não sabia o momento exato em que pegara no sono, tampouco percebera quando Leandro retornara para o quarto. Ela observou atentamente a expressão serena no rosto do homem, apesar das claras linhas de cansaço que se faziam presentes em seu semblante. Apesar de tudo, cada um daqueles gestos de carinho e cuidado, mexiam com o coração de Isabella.

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