Capítulo 3

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Isabella encontrava-se estática desde que descobriu que o seu mais novo professor de cálculo, não passava do mesmo imbecil que a "atropelou", e julgando pelo sorrisinho de lado que foi dirigido a ela, ele também havia a reconhecido. "O dia seria uma maravilha", pensava ela ironicamente enquanto soltava um suspiro de descontentamento que não passou despercebido por ele, e que o fez ampliar ainda mais o sorriso em sua direção enquanto este terminava de se apresentar para a turma.

Mas a pequena troca de olhares raivosos foi quebrada, quando um atrasado Guilherme bateu na porta e adentrou na sala com uma falsa expressão de arrependimento, que logo foi substituída por diversão quando viu quem era uma de suas colegas de classe. Logo após desculpar-se, o mesmo tratou de seguir para o fundo da sala tentando inutilmente segurar a risada frouxa que era sua marca registrada. Guilherme também estava em seu último ano, porém da faculdade de administração, então consequentemente cálculo também estava entre uma das matérias que teria que enfrentar naquele ano. O que para ele seria um verdadeiro desafio, já que ao contrário do irmão, era péssimo em matemática.

Depois de lançar um olhar de repreensão na direção do irmão, e alertar a sala que atrasos não seriam tolerados em sua aula, Leandro novamente varreu a turma com os olhos, parando em Isabella.

- Bem, como eu ainda não os conheço, gostaria que se apresentassem, começando por aquela mocinha alí. Disse apontando para Isabella, que o olhava como se quisesse matá-lo pelo diminutivo usado por ele.

- Eu me chamo Isabella Campos. Falou entre dentes tentando disfarçar a raiva, e isso o divertiu ainda mais, ela estava adorável naquela manhã com aquela calça jeans escura, uma blusa escura e tênis no pé, parecia uma verdadeira adolescente.

- Prazer em conhecê-la Isabella, espero que possamos nos dar bem esse ano. Disse cínico ouvindo novamente a risada do irmão no fundo da sala, que o fez despertar e continuar as apresentações com o restante da turma.

Após feita todas as apresentações, Leandro passou a turma a sua forma de ensino, como seriam feitas as avaliações e trabalhos e algumas outras regras e informações que ele considerava importantes. E logo após deu início a introdução do conteúdo que havia preparado para aquela primeira aula. Vez ou outra era flagrado por Isabella enquanto a observava copiar as coisas que havia escrito no quadro, e cada uma dessas vezes um olhar raivoso era lançado em sua direção, o que o fazia se divertir e ter cada vez mais vontade de provocá-la até encontrar seu limite. Mas ele sabia que deveria tomar cuidado, ela era uma de suas alunas e a Universidade tinha regras claras sobre a relação entre professores e alunos, mas não dizia nada sobre irritar seus alunos, então iria ser um ano muito divertido para ele.

***

Quando terminou a seção tortura, ou melhor dizendo, a aula; Isabella pode em fim voltar a respirar tranquilamente. Aquele homem conseguia tirar toda sua paciência apenas com sua presença, ela não conseguia explicar, mas simplesmente não conseguia permanecer no mesmo local que ele sem se estressar. Ela não deixou passar em branco as provocações dele, mas se forçou a relevar, pois seria obrigada a atura-lo por duas vezes por semana durante todo o ano, além de que ela nunca foi o tipo de pessoa que desrespeitava seus professores, então o melhor seria ignorar as provocações da parte dele.

As outras aulas passaram rapidamente, por volta de meio-dia e meio Isabella já se encontrava no estacionamento da faculdade se preparando para ir para casa. Quando alcançou seu carro, viu que o mesmo carro que quase a atropelou estava ao lado do seu, e ao olhar em volta logo viu Leandro se aproximando novamente com aquele sorrisinho petulante no rosto que a fez revirar os olhos e empinar seu nariz na direção contrária ignorando sua presença e abrir a porta do carro.

- Dirija com cuidado mocinha. Disse Leandro quando ela passou ao seu lado com o carro.

- Vê se não atropela mais ninguém, vovô. Ela respondeu arrancando uma careta dele, mas este logo voltou a sorrir ao ver que; por mais que tentasse se manter indiferente, ela não aguentava tanto tempo assim sem revidar, tornando tudo ainda mais divertido para ele.

Aquela garota conseguia fazer com que algo bom brotasse nele, um sentimento de estar realmente vivo e não se importar com consequências ou limites. Ele sempre foi um homem centrado e até mesmo bastante fechado, sempre se manteve focado em seus objetivos e sair para se divertir com os jovens da sua idade não era prioridade. Agora com 28 anos, conseguiu em fim sentir a adrenalina da imprudência, e ele não queria parar, aquela mulher despertou algo nele, e ele não queria que isso acabasse tão cedo.

Isabella por outro lado não estava achando nada daquilo engraçado, ela não entendeu como todas as garotas de sua turma poderiam estar praticamente babando por um homem igual ele. Claro, ela admitia que bonito o infeliz era, mas não passava disso, era só abrir a boca e todo encanto se desfazia. Mas ela ia conseguir ignorar todas as provocações dele, ou não se chamaria Isabella Campos, era seu futuro que estava em jogo, e seria só um ano e estaria livre dele, fácil não seria, mas ela iria conseguir.

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