episódio 6.3

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Haein não podia deixá-la morrer. Ele não sabia o motivo, mas tentava se enganar dizendo a si que a morte seria muito fácil. Algo gritava dentro dele que Jisoo tinha que permanecer viva, aquela mulher, não poderia morrer.

Ele a segurou fortemente, impedindo que ela caísse e a puxando para si. Jisoo o abraçou com os olhos fechados, cravando os dedos em sua camisa e respirando aliviada. Irritado com ela e com ele mesmo, Haein a puxou de onde ela estava e, indelicadamente, a jogou no chão.

— É muito cedo para você morrer! — Ele diz para justificar sua ação ao receber o olhar confuso dela em sua direção. — Você tem que viver até o dia em que todo saibam a verdade. Até o dia em que todos possam odiá-la. — Saiu dali, deixando-a para trás, olhando mais uma vez para checar se ela não pularia. Mas Jisoo não viveria até que todos a odiassem...

Ela viveria para fazê-lo amá-la, mesmo que sem essa intenção e mesmo que pareça impossível. Haein estava dando passos na direção da verdadeira Jisoo.

Ela se levantou e correu até o corrimão outra vez. A distância de onde ela estava para o chão era grande, mas ela conseguiu ver o celular espatifado, aberto, com suas pecinhas espalhadas e a tela completamente destroçada. Se sentou no chão novamente, seu coração ainda batia rápido, mas ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando acalmar sua ansiedade com o alívio que se apossou de seu corpo.

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Haein ainda sentia todo seu sangue ferver com o encontro que teve com Jisoo mais cedo e seu coração acelerava quando se recordava que ela quase caiu tentando recuperar o celular. Aquela mulher arriscou a própria vida para pegar o celular com o vídeo, ele não podia acreditar que ela preferia morrer a ter aquele vídeo exposto.

De todo modo, tentou relaxar. Levaria Myung Shin para almoçar. Apesar de desprezar Jisoo e não entender por que aquela senhora ainda a defendia, ele havia criado uma afeição por ela. Myung Shin era doce, compreensiva e carinhosa, Haein se sentia acolhido por ela.

— Tia Shin? — Ele a chamou. Tocou nas plantas e notou que elas estavam secas. As cortinas de tecido na janela aberta balançavam com o vento e a porta também estava aberta. Haein chamou a senhora mais uma vez e sem obter respostas, deu a volta.

Ouviu os degraus de madeira desgastados ranger abaixo de seus pés enquanto subia os três para chegar até a varanda. Viu um vaso de planta caído, espalhando areia por toda a varanda e, ao olhar na casa, encontrou a senhora Myung Shin desmaiada.

— Ei? Tia Shin? — Ele se aproximou e se ajoelhou ao seu lado. Com delicadeza pegou o pulso da mulher e notou que ela ainda estava viva. Desesperado, ele a pegou no colo e correu porta afora para levá-la ao hospital.

— Ela tem linfadenopatia em torno de sua garganta. — Informa o doutor à Haein após examinar a mulher. Verifiquei seu estômago e ela tem câncer, pelo seu histórico hospitalar, ela está ciente disso, porém não faz tratamento.

— Câncer? — Ele pergunta chocado e o médico assentiu.

— Apesar de não parecer, sua condição indica que ela já está na fase mais crítica da doença. Se ela não se tratar, não sei quanto tempo mais ela terá de vida. — A garganta de Haein se fechou em desespero.

Agora ele entendia o motivo da senhora ter aceitado a oferta de ir embora tão rápido. Ela queria estar longe dos irmãos Kim quando acontecesse. Se sentiu extremamente culpado, pois sabia que Myung Shin não teria condições de arcar com o tratamento para a doença e ir embora era uma forma de morrer longe.

— A senhora podia ver um médico. — Haein implorou ajoelhado enquanto a mulher estava sentada no sofá, organizando as notas de dinheiro que ela havia retirado do banco assim que saiu do hospital.

Thorns of Life  [Haesoo]Onde histórias criam vida. Descubra agora