Rafael
Entro em casa como um foguete.
Subo para o meu quarto e mando mensagem para os meus amigos. Essa mulher está me enlouquecendo.
Peço para eles virem aqui em casa, como sei que estão na casa da frente isso não seria problema.
Logo ouço eles falarem com a minha mãe no andar de baixo.
Eles chegam e me cumprimentam.
— Fala aí — fala o Pedro.
— O que tem de tão urgente? — pergunta o Rodrigo.
— Estou fervendo de raiva — digo com os cotovelos apoiados nos meus joelhos. — Aquela mulher... — faço uma pausa. — Esses anos todos eu vivo pensando nela, lembrando de cada momento, ainda sou louco por ela, mas esqueci do seu temperamento forte.
— Ah — diz o Rodrigo. — A Clara de novo?
— E tudo se repete — diz o Pedro revirando os olhos. — Seis anos para vocês não significaram nada?
— Eu não consigo esquecer ela, Pedro. Quem consegue esquecer? Ela é linda, tem paixão em tudo que ela faz, tudo que ela toca brilha... — paro no mesmo instante. — Ela me disse que eu não sei o que é amor. Logo eu?
— Mas por que ela diria isso? — Rodrigo tenta entender.
— A gente estava no mercado, o do condomínio mesmo, ela só estava lá existindo e os caras começaram a falar dela e elogiar, isso me fez ferver. Quando ela saiu os garotos me pediram o número dela, queriam que eu ajudasse eles a se aproximarem dela — só de lembrar me deixa com raiva. — Eu acabei descontando meu ciúmes nela.
— E óbvio que ela ficou uma fera — Rodrigo conclui.
— Mas o que levou a ela a te dizer isso?
— No carro, enquanto a trazia para casa, perguntei se ela tinha namorado, ela se ofendeu com a pergunta e começou a brigar comigo, ela na hora da raiva disse que eu não sabia o que era amor, e eu posso ter dito que me arrependia de ter a conhecido.
— Você o que? — eles dizem juntos.
— Você está louco? — Pedro diz.
— Você a ama cara, como que mágoa ela assim? — Rodrigo diz irritado. — É assim que você quer reconquista-lá?
— Quem falou nisso? Eu não quero ela de volta na minha vida, o que importa que eu a amo? Ela é...
— Oh Rafael — Pedro diz sério. — Você não engana nem a você! Por que aceitou esse jantar?
— Porque a irmã dela me convidou.
— Só por isso? — Pedro semicerra os olhos.
— Tá — me dou por vencido. — Porque era uma desculpa para está perto dela de novo.
— Você conseguiu isso hoje a tarde, e não aproveitou a oportunidade — Rodrigo fala.
— Eu sei — digo sério. — Acho que devo desculpas a ela, vocês sabem, pelo jeito...
— Pelas palavras... — Rodrigo diz. — Depois fala com ela.
— No jantar — Pedro diz.
— Se ela aparecer por lá — Rodrigo diz.
— Acha que ela vai fugir? — pergunto.
— Você não a conhece? — Rodrigo pergunta arqueando uma sobrancelha.
Ele tinha razão. Quando a gente discutia ela sempre arrumava um jeito de sumir no mapa, como a nossa última briga.
Mas não vou desistir dela. Quero dizer, de pedir desculpas.
— Eu vou no jantar, e se ela não estiver lá... — paro para pensar um pouco.
— Vai tentar encontrá-la, como sempre fez — Pedro diz. — O que um homem apaixonado não faz.
Rimos do jeito que ele fala.
— E você e a Gabi? — pergunto.
— Cara — ele suspira. — Sabe que a amo, mas acho que estou cansado de tanto apanhar. Pedi ela em casamento na última viagem que fizemos.
— Sério? Parabéns cara — Rodrigo se anima. — Carol nem me falou nada.
— Isso porque ela não aceitou — Pedro diz. Ele parece triste e cansado.
— Sinto muito.
— Ela não respondeu, diz que precisava de um tempo para decidir, ainda estamos juntos mas essa demora dela esta me matando.
— Entendo você, mas você sabe como a Gabi sempre teve medo de amar, quem sabe a presença da Clara não a ajude — Rodrigo fala.
— Se o Rafael continuar fazendo com que a Clara se irrite assim, capaz dela dizer para Gabi que o amor não existe aí ela me larga de vez — ele diz, e tem humor na sua fala.
Ficamos mais um tempo conversando e logo eles foram embora.
Encomendo dois buquê de flores para hoje à noite. Um é para a mãe da Lissa, e outro para ela, como um pedido de desculpas.
Eu espero ter a chance de falar com ela, quem sabe a gente consiga se entender, e resolver as coisas do passado.
Me arrumo e desço para ir para o jantar.
No andar de baixo encontro a minha mãe, está estava lendo um livro no sofá.
— Oi mãe — a cumprimento. — Estou de saída, não iria jantar em casa hoje.
— Por que meu filho? — ela pergunta fechando o livro. — Vai a um encontro? — ela pergunta animada.
— Não mãe, a senhora sabe que estou solteiro desde...
— Sei — ela diz seca. — Desde que Clarissa te trocou por causa de uma viagem.
Ficamos em silêncio por um tempo.
— Mãe — a chamo. — Tem uma coisa que estou para te perguntar...
— Pergunte meu filho.
— Quando terminamos, eu a a Clarissa, ela disse que a senhora estava certa, algo que disse naquela dia para ela. Acabei esquecendo isso, mas esses dias me lembrei e nunca te perguntei. O que a senhora conversou com ela?
— Não tem importância meu filho, não deveria ficar pensando nas bobagens que essa garota dizia.
— Mãe. Eu quero saber — digo sério.
— Está bem — ela diz relutante. — Eu disse que não era justo ela te fazer desistir dos seus sonhos e seguir os delas, por isso vocês deveriam se separar, ela fez maior escândalo dizendo que nunca o deixaria. Mas olha só, ela te deixou sem pensar duas vezes e foi embora e nunca mais voltou.
— Só isso? — pergunto porque ela disse que minha mãe tinha razão. Não me parece o tipo de coisa que ela falaria.
— Claro meu filho — minha mãe fala. — Tenho que ir ver o jantar. Dá licença — ela sai da sala numa velocidade que nem me permitiu respondê-la.
Por que ainda acho que tem coisa aí?
Continua...
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Beijos, Larissa.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...