Segunda Chance

Capítulo 09

Clarissa

O resto do jantar se fez em silêncio, era o que gostaria de falar.

Mas a minha mãe estava muito feliz com a presença do meu ex.

— Qualquer dia você poderia vim para tomar banho de piscina, preparamos um café da manhã especial — ela sugere. Mais um convite, ótimo.

Reviro os olhos.

— Tenho certeza que ele tem piscina em casa, mãe — digo.

— Na verdade — Pedro fala — A piscina não está em uso.

— Nesses dias quentes ele deve está sofrendo nesse calor — Rodrigo fala.

O que deu em todo mundo hoje?

— Iria adorar passar uma manhã com vocês — ele fala e percebo uma provocação em sua voz.

Olho para meu pai irritada.

Ele tem um olhar sereno, apenas analisa os acontecimentos.

Estou sozinha nessa, se depender da minha família, o Rafael fica enfurnado nessa casa para sempre.

Por isso não posso ficar mais tempo aqui, é pressão demais, eu não aguento.

— Ah, Rafael — minha mãe fala. — Está namorando?

— Não, estou solteiro — ele fala e me olha. — Depois que... você sabe. Não consegui me relacionar com ninguém da mesma forma.

— Entendo, términos são difíceis. Mas já passaram anos — minha mãe diz. — As pessoas mudam, quem sabe...

— Mãe — digo enquanto empurro o prato de comida para frente. — Nem se passasse vidas eu voltaria com ele.

— O passado ficou para trás, nos separamos e ficou tudo bem — ele fala. — Não ficou?

Bem? Como ele pode chamar tudo que aconteceu, como ele pode achar que terminamos bem?

— Eu perdi a fome — digo me levantando.

— Isso, foge de novo — ele fala. — Como fez antes.

— Quem é você para falar de fuga? — digo irritada. — Você fugiu das suas responsabilidades. Você me deixou ir, foi você que nunca foi atrás de mim, nunca quis saber!

— Eu não te procurei? — ele diz se levantando. — Você quem foi embora, espera que pelo menos me ligasse!

— Não tô acreditando no que estou ouvindo — digo.

— A verdade é que passado é passado. Não importa mais — ele fala mais calmo. — Quero que continuemos daqui. Depois de tantos anos te ver... te ver foi como se não tivesse passado nenhum dia, nada mudou nesses anos.

— Todos esses anos mudou muita coisa — digo tentando ficar mais calma. — Não quero você de volta na minha vida. Será que você pode entender isso? — digo seca e seria.

Todos me olham espantados com a briga. Sério que não passou pela cabeça deles que isso poderia acontecer?

— Desculpa, não tinha a intenção de te machucar — ele fala e muda um pouco sua afeição. Parece decepcionado. — De novo, não quero te machucar de novo. Minha intenção era apenas conversar com você e resolver nosso passado, nossa história.

— É... bem filha — minha mãe se intromete. — Por que não escuta o rapaz, pela última vez?

Minha família não tem limites. Como podem depois de tudo...

Eles não sabem o que aconteceu, se soubessem talvez estivessem do meu lado.

— Promete que depois... — digo cogitando a ideia.

— Se terminar em briga, nunca mais volto a tentar. Te deixo em paz — ele diz lendo meus pensamentos.

— Tudo bem — digo. — Mas hoje eu gostaria de me recolher. Aproveitem o jantar, eu... — digo procurando uma caneta com o olhar. — Um momento.

Anoto meu número em um papel e o entrego.

— Manda mensagem para marcar o encontro — digo.

— Encontro? — ele sorri.

— Você sabe que não é como está pensando — digo. — Se me dão licença. — digo e me retiro em seguida.

Subo para o meu quarto e apenas quando entro nele que percebo.

— Onde você está com a cabeça? — pergunto a mim mesma.

Se a karla tivesse aqui com certeza diria que estava com a cabeça no Rafael e por isso não raciocinei.

Ela nunca o conheceu, mas virou a sua maior fã. Olha que eu nem falo bem dele para ela.

Karla apareceu na minha vida no momento mais difícil, ninguém me conhece tanto quanto ela.

Karla e eu somos amigas no trabalho e na vida, não sei o que seria de mim sem ela.

Olho para varanda e reparo no telescópio. Está uma noite bonita para observar as estrelas.

Vou até lá e começo a olhar para o céu.

Lembro de ter ensinado a Catarina a olhar para o céu sempre que sentisse minha falta, eu faço o mesmo, não apenas quando sinto falta dela, como a do Rafael também.

Desvio meu olhar das estrelas e olho para o jardim.

Vejo que há alguém me olhando.

O Rafael sorri assim que o olho.

— Bem, acho que você estava errada — ele grita.

— Sobre o que?

— Lá dentro você disse que muita coisa havia mudado — ele fala alto para que o ouça. — Mas muitas coisas não mudaram — ele diz. — Boa noite pequena estrela!

Sorri ao lembrar do apelido.

— Boa noite — sorri sem mostrar os dentes.

Como pode um ser humano conseguir mexer tanto comigo?

Entro no quarto novamente, após o ver sair pela porta de entrada.

Vou para o banho, na intenção de relaxar e mudar os pensamentos, mas nada me fez esquecer essa noite, esse dia, esses últimos dias, nada que me faz esquecer o Rafael.

— O que faço para tirar você da minha cabeça? — digo ainda no chuveiro.

Saio de lá e logo me troco para dormir.

Só quero que esse dia termine logo.

Antes de dormir checo o meu celular. Tinha uma mensagem de um número desconhecido.

Mensagem on.

Boa noite, Lissa
O que acha de amanhã a noite?
Um jantar, eu te busco em casa.

Sorri ao ler as mensagens

Boa noite, Rafa
Amanhã? Tudo bem pra mim
A gente se encontra no lá, depois passa o endereço.

Tudo bem, como quiser

Mensagem off.

Olho para tela do celular e encaro por um tempo.

Porque me sinto como uma adolescente novamente?

Apenas uma noite e você se livra dele para sempre, volta a viver sua vida em paz como era antes de voltar para o Brasil.

Repito várias vezes para mim mesma. Ele não te ama, apenas quer terminar o que começou. Não seja idiota Clarissa!

Deito a cabeça no meu travesseiro e tento dormir.

Que amanhã seja um dia melhor que hoje!

Continua...

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Beijos, Larissa.