Capítulo 32

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Clarissa

Aquelas palavras bonitas soam em minha cabeça por mais algum tempo.

Não posso me deixar levar por palavras, o vento logo leva e fico mais uma vez sozinha com o coração partido.

Cometer o mesmo erro duas vezes é burrice.

— Com licença — um rapazinho chega perto de mim assim que me aproximo dos brinquedos para procurar a Cathie.

— Sim — falo sorrindo para ele.

— A senhora é muito bonita — ele diz. — Está solteira? — ri das suas palavras. Apesar de pouca idade já é tão observador.

— Sim, mas acho que sou um pouco velha para você — digo a ele.

— Tudo bem — ele diz. — Não era para mim mesmo, estou procurando uma namorada para o meu pai.

Fico surpresa com suas palavras. Que garotinho esperto.

— Filho, o jantar já chegou — chega um homem falando com o menino.

— Mas pai — ele choraminga. — Estou tratando de negócios — ele aponta para mim.

Não consigo segurar a risada.

— Perdão — o homem levanta as mãos como se estivesse rendido.

— Qual o seu nome, senhorita? — o pequeno me questiona.

— Clarissa — estendo a mão ao mesmo, que pega e a beija. Fico encantada.

Não não parecia ter mais que cinco anos pelo seu tamanho, mas a conversa me mostrava que ele era muito mais velho.

— Nando, ao seu dispor — ele fala. — Esse é o meu pai, o Nicolas.

O homem que até então apenas nos observava estica a mão para que a pegue. Diferente do seu filho ele apenas aperta.

Assim que solto sua mão a Catarina aparece abraçando minhas pernas.

— Mamãe — ela anuncia.

— Também tem um filho? — Nicolas diz.

— Filha — corrigi. — Só vim avisar que a comida chegou, mas fui abordada por um cavalheiro — digo olhando para o menininho. — Cathie, cumprimente os rapazes.

Ela me olha e contra gosto da um simples "oi".

— Vamos, mamãe — ela diz me puxando.

— Espera — Nando fala. — Sobre a minha proposta?

— Que proposta? — seu pai pergunta.

— Ser sua namorada — ele diz simples assim. O homem fica vermelho.

— Ela não pode ser namorada do seu pai, ela já tem um namorado — minha filha parte para defesa.

— Mas ela disse que era solteira — começam a discutir.

— Por enquanto.

— Sim, porque ela vai ficar com meu pai e ser minha nova mamãe e o meu pai pode ser o seu pai também — o menino dispara.

— Eu já escolhi quem vai ser o meu pai — ela diz. — E ele está nos esperando, com licença.

Ela sai marchando e só penso em ir atrás.

Nando sai chateado para o outro lado.

— Desculpa — falo sem graça. — Pai solteiro?

Ele assente.

— E você?

— Por uma boa parte dos anos sim, mas o pai da Cathie voltou e... está sendo difícil — sou sincera.

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