Clarissa
Aquelas palavras bonitas soam em minha cabeça por mais algum tempo.
Não posso me deixar levar por palavras, o vento logo leva e fico mais uma vez sozinha com o coração partido.
Cometer o mesmo erro duas vezes é burrice.
— Com licença — um rapazinho chega perto de mim assim que me aproximo dos brinquedos para procurar a Cathie.
— Sim — falo sorrindo para ele.
— A senhora é muito bonita — ele diz. — Está solteira? — ri das suas palavras. Apesar de pouca idade já é tão observador.
— Sim, mas acho que sou um pouco velha para você — digo a ele.
— Tudo bem — ele diz. — Não era para mim mesmo, estou procurando uma namorada para o meu pai.
Fico surpresa com suas palavras. Que garotinho esperto.
— Filho, o jantar já chegou — chega um homem falando com o menino.
— Mas pai — ele choraminga. — Estou tratando de negócios — ele aponta para mim.
Não consigo segurar a risada.
— Perdão — o homem levanta as mãos como se estivesse rendido.
— Qual o seu nome, senhorita? — o pequeno me questiona.
— Clarissa — estendo a mão ao mesmo, que pega e a beija. Fico encantada.
Não não parecia ter mais que cinco anos pelo seu tamanho, mas a conversa me mostrava que ele era muito mais velho.
— Nando, ao seu dispor — ele fala. — Esse é o meu pai, o Nicolas.
O homem que até então apenas nos observava estica a mão para que a pegue. Diferente do seu filho ele apenas aperta.
Assim que solto sua mão a Catarina aparece abraçando minhas pernas.
— Mamãe — ela anuncia.
— Também tem um filho? — Nicolas diz.
— Filha — corrigi. — Só vim avisar que a comida chegou, mas fui abordada por um cavalheiro — digo olhando para o menininho. — Cathie, cumprimente os rapazes.
Ela me olha e contra gosto da um simples "oi".
— Vamos, mamãe — ela diz me puxando.
— Espera — Nando fala. — Sobre a minha proposta?
— Que proposta? — seu pai pergunta.
— Ser sua namorada — ele diz simples assim. O homem fica vermelho.
— Ela não pode ser namorada do seu pai, ela já tem um namorado — minha filha parte para defesa.
— Mas ela disse que era solteira — começam a discutir.
— Por enquanto.
— Sim, porque ela vai ficar com meu pai e ser minha nova mamãe e o meu pai pode ser o seu pai também — o menino dispara.
— Eu já escolhi quem vai ser o meu pai — ela diz. — E ele está nos esperando, com licença.
Ela sai marchando e só penso em ir atrás.
Nando sai chateado para o outro lado.
— Desculpa — falo sem graça. — Pai solteiro?
Ele assente.
— E você?
— Por uma boa parte dos anos sim, mas o pai da Cathie voltou e... está sendo difícil — sou sincera.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...