Capítulo 41

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Clarissa

Essa foi a viagem mais louca que fiz em minha vida. Muita coisa mudou e nada mudou também.

Minha relação com a minha mãe é a mesma, talvez se mantivermos contato a distância as coisas melhorem, afinal, quando fui embora não a procurei mais. Mas sei que foi necessário para minha saúde mental.

A relação com as minhas irmãs não é a mesma, mas acho que somos mais próximas hoje, a Mille cresceu e entende mais da vida, e não temos mais segredos.

A Gabi e a Carol são minhas amigas, sempre foram, espero que dessa vez a gente mantenha contato.

O Rodrigo sempre foi meu melhor amigo, e o Pedro um amigo bom que sempre me faz rir.

Sou grata por ter eles, assim como ter o meu pai, que é de longe a minha pessoa favorita na família.

Eu não sei ainda se vou voltar a morar em Portugal, conversando com a Karla eu percebi que eu amo aqui, amo minha família e amigos, estou mais feliz aqui, e amo o Rafael, e não deveria abrir mão de tudo agora.

Seria mais fácil se não tivesse a Cathie, mas nenhuma dessas mudanças teriam acontecido se não fosse pela Cathie. Então nada mais justo que dá o poder a ela de decidir se vamos ou se ficamos.

Quem diria que uma criança de seis anos poderia decidir o destino que minha vida vai ter a partir de agora. E quando iria imaginar que essa criança seria minha filha, a responsável que fez a vida me dar uma segunda chance de ser feliz.

— A seis anos atrás eu estava com uma bebê nos meus braços, com vários medos e inseguranças, não que não tenha hoje, mas a seis anos eu não sabia que ter a Cathie como filha iria me ensinar tanto. Cathie me ensinou a ser compreensiva, amorosa, cuidadosa...

— Você sempre foi isso tudo e muito mais, mas nossa Cathie te mostrou um lado bom e puro do mundo, lado que só com o olhar de criança que você enxerga — Rafa disse.

Estávamos na cozinha preparando o café da manhã especial da nossa filha.

— Como você a acorda? — ele pergunta pegando a bandeja.

— Cantando parabéns — sorri.

Fomos juntos ao quarto. Abri a porta e entrei primeiro.

Acendo a velinha do mine bolo que estava na bandeja. Sento no chão ao lado dela na cama.

— Parabéns, pra você, nesta data querida — canto baixinho e passo a mão em seus cabelos.— Muitas felicidades, muitos anos de vida...

Ela sorri antes mesmo do abrir os olhos.

Em seguida toda a família entra no quarto e cantamos mais alto animando tudo. Cathie senta na cama e o Rafa coloca a bandeja em seu frente, bem em cima do seu colo.

— Chegou a hora de apagar as velinhas, vamos cantar aquela musiquinha, parabéns... — cantamos em uníssono.

— Faz um pedido — digo a ela antes de apagar as velinhas. Ela sorri e nega com a cabeça.

— Não preciso de nada, já tenho tudo que sempre quis — ela diz sorrindo e assopra logo em seguida.

Meus olhos enchem de lágrimas e o Rafa me abraça.

— Você fez um ótimo trabalho, temos a melhor filha do mundo — ele sussurra em meus ouvidos.

Ficamos mais um tempo celebrando, antes de descer para o café da manhã.

Ainda todos de pijamas, sentamos a mesa e nós servimos.

Não era manhã de natal, mas sim da véspera de natal, era aniversário da nossa filha e não poderia estar mais feliz e realizada.

— Mamãe, posso convidar uma amiga para hoje à noite? Ela disse que não vai passar o natal sozinha esse ano, não é justo mamãe — minha filha diz no meio do café.

— Claro — digo apenas. Não sei qual a probabilidade de uma criança aqui do condomínio passar o natal sem os pais, mas decidir não contrariar.

Terminamos o café da manhã e levei a Cathie para tomar banho.

— Podemos tomar banho de piscina hoje? — ela pergunta e sorri.

— Claro — digo.

Visto um biquíni nela e depois visto em mim e descemos juntas.

Não encontrei meus amigos, ou minhas irmãs pela casa. Menos ainda o Rafa. Entranhei não os vê-los, mas logo vejo meus pais juntos do lado de fora da casa.

— Oi filha — meu pai fala. — Está um lindo dia para aproveitar o sol.

— Sim, e a piscina também — Cathie diz.

Sento numa espreguiçadeira ao lado da que meus pais estavam, e pego o protetor para passar em Cathie.

Coloco as bóias em seus braços e ela entra na piscina.

— Nem acredito que nossas férias estão acabando, esse lugar vai deixar saudade — minha mãe diz.

— Por que não se mudam para cá? — pergunto tirando minha roupa e sentando na espreguiçadeira novamente. — Digo, a casa fica fechada, é próximo a cidade, é grande e segura, ótimo para vocês se aposentarem aqui.

— Mas a casa é sua minha filha — meu pai fala.

— Então vocês não vão ficar? — minha mãe pergunta.

— Ainda não sabemos — digo. — Mas mesmo se formos, a casa é grande demais para nos três, prefiro um ambiente menor e mais acolhedor, mais parecido com nossa casa em Portugal. O Rafa tem um apartamento, podemos reformar para deixar mais nossa cara.

Eles se entre olham.

— Sendo assim, aceitamos sim — meu pai fala feliz. — Já sinto como se estivesse em casa.

— E a Cathie já pensa que aqui é a casa dos avós — minha mãe diz e sorrimos.

Termino de passar protetor em mim e entro na piscina para aproveitar o dia com a Cathie.

A tarde iremos começar os preparativos para o natal e festa da Cathie.

Enquanto isso, brincamos e relaxamos na piscina.

Depois de um tempo ali, vejo o Rafa passando e a Cathie grita por ele. Ele sorri e vai se trocar.

Passamos o resto da manhã juntos aproveitando.

Sei que hoje será um dia inesquecível para nossa filha, assim como faço ser todos os seus aniversários, mas esse ano, mais que os outros, vai ser único, pois é o primeiro aniversário com seu pai, e farei o que tiver ao meu alcance para que seja o primeiro de muitos.

Continua...

— ❤️ —

Beijos, Larissa.

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