Capítulo 20

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Clarissa

Depois que ele saiu, permaneci no mesmo lugar olhando as cartas ainda fechadas em minhas mãos.

— Clara? — minha amiga parada na minha frente fala.

— Elas existem, ele quis saber de mim — digo ainda parada. — O que devo fazer?

— Ler — ela diz e da um sorriso de canto. — Para começar, e ser justa, entregar as suas ao dono, que esperou tanto tempo para receber.

— Mas eu não estou com elas aqui — digo.

— Sobre isso... — ela diz e me chama para subir com ela, a sigo até o meu quarto.

— O que está fazendo? — pergunto.

— Eu fiz uma coisa, jura que não vai me matar?

— O que você fez? — digo já ficando nervosa.

— Eu trouxe as cartas comigo — ela diz me estendendo o monte de cartas. — E também as fotos da Cathie quando criança, não sei, acho que tinha esperança que contasse tudo.

Olho para ela sem acreditar.

— Você acha que...

— Você sabe o que eu penso.

— Eu sei que você pensa no melhor pra mim e para Cathie, eu prometo que vou pensar — digo a ela. — Mas acho que está certa, eu deveria ler as cartas antes de qualquer decisão.

Ela assente e ficamos em silêncio por um momento.

Ouço batidas leves na porta e olhamos para mesma.

— Entre — digo.

Meu pai chega no quarto e pede licença para entrar.

— Atrapalho? — ele pergunta. — Queria trocar uma palavrinha com você filha.

— Vou deixar vocês à vontade — diz minha amiga.

Assim que ela sai, meu pai volta a falar.

— Eu não entendo o que está acontecendo, mas percebi que você não tem estado bem — meu pai fala sentando em uma cadeira no meu quarto. — Eu tenho pensando em como te ajudar, mesmo que não me conte o que aconteceu.

— Pai... — tento falar, mas ele me interrompe.

— Clara, minha filha — ele se aproxima mais de mim. — Eu preciso ir a Natal resolver umas pendências na empresa, pensei que você poderia ir no meu lugar, sei que não está com cabeça para o trabalho, mas seria uma oportunidade para ter nem que fosse uns dias longe dessa bagunça que está acontecendo.

— Parece uma boa oportunidade, papai — digo pensando em sua proposta. — Vou pensar mais a respeito.

— Claro, minha filha — ele sorri fraco e se levanta para sair.

— Pai — o chamo quando já está na porta. — Obrigada.

Ele apenas sorri em agradecimento.

Penso no que fazer agora, se o Rafael esta certo, significa que ele não sabe da gravidez, não sabe que tive à Catarina. A mãe dele também não pode saber dela, se ela foi capaz de tudo isso para me separar dele, imagina se ela souber que eu tive a minha filha, se ela desconfiar que eu tive nossa filha.

Começo a ficar aflita com esses pensamentos.

— Minha filha! — falo ao lembrar da minha pequena.

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