Clarissa
Depois que ele saiu, permaneci no mesmo lugar olhando as cartas ainda fechadas em minhas mãos.
— Clara? — minha amiga parada na minha frente fala.
— Elas existem, ele quis saber de mim — digo ainda parada. — O que devo fazer?
— Ler — ela diz e da um sorriso de canto. — Para começar, e ser justa, entregar as suas ao dono, que esperou tanto tempo para receber.
— Mas eu não estou com elas aqui — digo.
— Sobre isso... — ela diz e me chama para subir com ela, a sigo até o meu quarto.
— O que está fazendo? — pergunto.
— Eu fiz uma coisa, jura que não vai me matar?
— O que você fez? — digo já ficando nervosa.
— Eu trouxe as cartas comigo — ela diz me estendendo o monte de cartas. — E também as fotos da Cathie quando criança, não sei, acho que tinha esperança que contasse tudo.
Olho para ela sem acreditar.
— Você acha que...
— Você sabe o que eu penso.
— Eu sei que você pensa no melhor pra mim e para Cathie, eu prometo que vou pensar — digo a ela. — Mas acho que está certa, eu deveria ler as cartas antes de qualquer decisão.
Ela assente e ficamos em silêncio por um momento.
Ouço batidas leves na porta e olhamos para mesma.
— Entre — digo.
Meu pai chega no quarto e pede licença para entrar.
— Atrapalho? — ele pergunta. — Queria trocar uma palavrinha com você filha.
— Vou deixar vocês à vontade — diz minha amiga.
Assim que ela sai, meu pai volta a falar.
— Eu não entendo o que está acontecendo, mas percebi que você não tem estado bem — meu pai fala sentando em uma cadeira no meu quarto. — Eu tenho pensando em como te ajudar, mesmo que não me conte o que aconteceu.
— Pai... — tento falar, mas ele me interrompe.
— Clara, minha filha — ele se aproxima mais de mim. — Eu preciso ir a Natal resolver umas pendências na empresa, pensei que você poderia ir no meu lugar, sei que não está com cabeça para o trabalho, mas seria uma oportunidade para ter nem que fosse uns dias longe dessa bagunça que está acontecendo.
— Parece uma boa oportunidade, papai — digo pensando em sua proposta. — Vou pensar mais a respeito.
— Claro, minha filha — ele sorri fraco e se levanta para sair.
— Pai — o chamo quando já está na porta. — Obrigada.
Ele apenas sorri em agradecimento.
Penso no que fazer agora, se o Rafael esta certo, significa que ele não sabe da gravidez, não sabe que tive à Catarina. A mãe dele também não pode saber dela, se ela foi capaz de tudo isso para me separar dele, imagina se ela souber que eu tive a minha filha, se ela desconfiar que eu tive nossa filha.
Começo a ficar aflita com esses pensamentos.
— Minha filha! — falo ao lembrar da minha pequena.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...