Clarissa
Ele sai do quarto e para na porta me encarando.
— Vamos?
Apenas assinto o seguindo.
— Sua casa é muito bonita — digo enquanto andamos pelo corredor.
— Obrigada, esperava que gostassem — ele diz. — Eu não sabia que a Karla viria, na verdade não tive muito tempo para pensar.
— A Karla é uma grande amiga, ela me ajuda com a Cathie, já que não tenho uma babá para ela, a Karla acaba me acompanhando em todas as viagens que levo a Cathie, para me ajudar enquanto trabalho — explico a ele.
— Entendo, é que só tenho mais dois quartos, além do meu — ele diz sem jeito. — Você teria que dividir com algum de nós — ele pisca para mim me fazendo rir.
— Eu fico com a minha filha — digo fazendo ele rir.
— Achei que fosse falar isso — ele diz parando na frente de uma porta. — Não tive muito tempo de arrumar as coisas para nossa chegada, se precisarem de ajuda já sabe onde me encontrar, espero vocês lá embaixo para o jantar — ele diz e deposita um beijo em minha bochecha.
— Obrigada — digo antes de entrar no quarto.
Entro no quarto e não há mais ninguém ali dentro.
Lembro que minhas malas estão no andar de baixo, então vou busca-las.
Ouço vozes assim que chego na sala, minhas malas estavam na entrada, mas não resisto em seguir aquelas vozes.
— Tio, você e a minha mãe são namorados? — Cathie pergunta enquanto está sentada no balcão da cozinha.
O Rafael fazia algo enquanto conversavam.
— Não, princesa — ele diz. — Por que acha isso?
— Você tá aqui, e vocês se beijaram — ela diz. — Nunca vi a mamãe beijar ninguém.
— Sério? — ele pergunta. — Nunca conheceu nenhum namorado dela?
— A mamãe não namora, ela diz que relações são complicadas, e ela prefere ficar comigo. Mas acho que ela se sente sozinha as vezes, queria que ela tivesse alguém.
— Eu sei que quer o melhor para sua mãe, mas a única pessoa que pode mudar as coisas é ela mesma, não podemos tomar decisões pelos outros.
— O vovô me disse isso também — ela diz cabisbaixa. — Mas podemos da um empurrãozinho — ela sussurra.
Rafael sorri para ela.
— Sua mãe me mataria que soubesse que estou tramando algo, você gosta de mim, não é?
— Claro, mas ela não vai fazer nada, minha mãe é boa, você vai ver Rafael — ela diz sorrindo.
Ela conversa com ele com uma facilidade. A Cathie é uma criança fácil de se gostar, mas não é a todos que ela aceita com um sorriso e o coração tão aberto como é com o Rafael, parece até que ela sente que já o conhece, como se solvesse que ele é o seu pai.
Tento sair dos meus pensamentos e lembrar do que estava fazendo ali.
Bato na porta avisando minha chegada.
Eles me olham, acho que nem imaginam que ouvi a conversa deles.
Chamo a Cathie e vamos juntas pegar as malas e tomar banho.
— ❤️ —
Vamos até o quarto que a Catarina diz ser da karla. Batemos na porta, mas sem resposta.
Abro a porta devagar e a vejo dormir.
Coloco o dedo na boca pedindo para que a Catarina não faça barulho, ela retribui o sinal e saímos do quarto.
Decido não acorda-lá para o jantar, deve está cansada. Descemos apenas a Cathie e eu para jantarmos com o Rafael.
— O cheiro está incrível — digo assim que entramos na cozinha.
— Já ia chamá-las — diz o Rafael. — Vou arrumar a mesa.
— Te ajudamos — digo a ele.
Após arrumar a mesa e colocar a comida.
Sentamos a mesa para nosso jantar.
— Espero que gostem — diz Rafa antes de darmos a primeira garfada.
Estava uma delícia.
— Muito gostoso — minha filha fala com a boca cheia de molho. Rimos dela.
Continuamos a comer ouvindo as histórias da Cathie.
De tudo que já imaginei, nunca passou pela minha cabeça que um dia pudéssemos está assim, como uma família.
— Vocês pretendem voltar para Portugal? — ele pergunta enquanto comemos a sobremesa.
— Sim, claro — digo.
— Eu ia gostar de ficar aqui — ela diz. — Mas sentiria falta de casa e dos meus amigos.
— Filha, vai lá pra cima se limpar e escova os dentes, já subo para te ajudar — digo vendo que ela já terminou a sobremesa e estava toda melada.
Assim que ela sai volto a falar.
— Agora é mais complicado, porque a Catarina tem os avós e os tios aqui no Brasil, e lá em Portugal era apenas nós duas e a Karla. Não temos muitos amigos — explico a ele.
— E o pai da Catarina? Digo, a família dele, não conhecem? — ele pergunta.
Pigarreio tentando disfarçar meu incômodo com o assunto.
— Não, nem o genitor e nem sua família conhecem a Catarina — digo. — Pelo menos eu não os apresentei.
— Ela me falou que seu pai trabalha muito e por isso nunca a vê.
— Sim, é o que digo a ela — falo olhando para o prato em minha frente. — Uma menina deve pensar bem do seu pai.
Ele fica um tempo em silêncio, parece receoso com os seus próximos passos.
— Você disse que agora é mais complicado, porque antes não era? — ele pergunta. — Se quiser responder.
— Imagina — dou um meio sorriso. — A verdade é que minha família não sabia da Catarina, e a Cathie sabia pouco deles. Você conhece a minha mãe, ela surtaria se sonhasse que eu estava em outro país grávida, pior ainda sendo mãe solteira. Fiquei com medo do julgamentos deles e a escondi de todos. Hoje vejo que foi errado e me arrependo.
— Como conseguiu? E como aconteceu tudo?
— Eles nunca foram me visitar e eu pouco vinha, então não foi difícil. Mas a Cathie fazia tantas perguntas, que contei sobre eles e por causa disso ela convenceu a Karla a trazer para o Brasil. E de repente elas apareceram na minha porta e enfim tomei coragem e contei tudo a eles.
— Uau — ele fala surpreso. — Nem imagino como deve ter sido difícil para você, todos esses anos sozinha.
— Foi sim, mas nada que não não aguentasse. Apesar de como as coisas aconteceram, eu faria tudo de novo se fosse para ter a minha filha aqui comigo.
— Ela é uma joia rara, você fez um bom trabalho com a princesa — ele sorri. Era um sorriso sincero, mal sabe ele o peso daquelas palavras para mim.
Vejo meus olhos começar a lacrimejar. Me levanto impedindo que me comova mais com nossa conversa.
Começo a recolher os pratos e ele me ajuda.
— Mamãe — Catarina aparece vestindo seu pijama e com cara de sono. — Pode me colocar para dormir?
Olho para louça suja que tenho que ajudar a arrumar e em seguida para minha filha.
— Vai lá, eu limpo tudo — Rafa diz.
— Eu já volto para te ajudar — digo pegando a mão da minha filha e subindo as escadas.
Continua...
- - ❤️ - -
Beijos, Larissa.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...