Capítulo 37

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Dias depois...

Clarissa

Faltam cinco dias para o natal, e quatro para o aniversário da Catarina.

Foram longos dias de festa, a programação adaptada deu muito certo, e foi especial graças ao Rafa que fez parte de tudo pela primeira vez.

Rafa contou para os pais da Cathie, e enfrentou a mãe por todas as coisas ruins que ela nos fez. Ele disse que não consegue perdoa-lá, eu não o julgo, mas também não posso interferir na relação deles.

A Cathie ainda não conhece os avós paternos, o pai do Rafa ficou bem feliz ao saber da neta, mas não levamos ela na sua casa por causa da sua mulher. Mas ele vem na véspera de natal comemorar o nascimento de sua neta.

Ainda vamos conversar com a Cathie sobre os avós, e bem, acho que no fundo o Rafa quer que os pais venham juntos para o natal e a mãe dele peça perdão por tudo, mas não sei como isso irá ser, e temo pelo Rafa.

Ele tem razão quando diz que a mãe era uma boa pessoa, na verdade ela muitas vezes foi mais mãe para mim que a minha própria. Mas não sei o que a fez mudar, ela foi da água para o vinho muito rápido, e se tivesse ouvido ela não teria a Cathie. Não consigo entender seus motivos, principalmente porque ela nunca tentou explicar para nós.

— Clara, quando que sai esse casamento? — minha mãe fala me tirando dos meus devaneios.

— Como disse?

— Casamento — ela reforça. — Vocês não tem mais dezoito anos, vocês tem uma filha e sabe que pega mal ela não ter os pais casados — respiro fundo antes de responder.

Minha relação com a minha mãe nunca foi das melhores, eu confesso que não facilito também para o lado dela, porque eu não posso ser quem ela quer que eu seja, e ela não aceita quem eu sou e a minha vida.

— Mãe, eu vou embora em menos de duas semanas, o Rafael tem uma vida aqui que dificilmente queira abrir mão, apesar dos últimos dias terem sido perfeito para nós juntos, eu não posso pedir para ele abrir mão de tudo, eu já pedi uma vez, e foi assim que chegamos onde chegamos.

— Mas é simples, vem você para cá — ela diz. Depois olha de um lado a outro como se checasse que não tinha ninguém. — Porque você sabe que seu emprego não é lá grandes coisas, aqui você também abre uma clínica e segue sua vida, só que agora casada.

Respiro fundo várias vezes, mas de nada adianta. Estamos sozinhas na sala, Cathie saiu com o pai e as meninas foram comprar os presentes de natal, meu pai não o vi, acredito que esteja na biblioteca.

— A senhora não muda mesmo, não é? O que foram esses últimos meses? Teatro?

— Claro que não, mas seu pai pediu para eu te poupar das minha opiniões sobre sua carreira e sua vida particular, mas eu sou sua mãe e tenho direito a uma opinião.

— Que opinião? Que faço tudo errado?

— Não diria errado, mas também não está certo essa vida de mãe solteira que leva em Portugal — ela fala e se levanta. — Foi bom saber da minha neta, mas vamos combinar que é complicado para nossa família falar que você é mãe solteira, já não basta dizer as pessoas que nossa filha é uma simples nutricionista?

— Você é inacreditável — digo me levantando para sair.

— Não fuja, eu estou falando.

Olho para ela com tanta mágoa, esse sentimento que guardo desde criança da minha própria mãe.

— Não importa o que eu faça, eu sou um fracasso se não for quem você quer que eu seja? — olho para ela buscando uma resposta. — Eu não sou uma mãe perfeita, longe disso, mas eu dou o meu melhor para que minha filha nunca sinta o que você me faz sentir. Você joga todas as coisas que julga que eu faço de errado, joga tudo na minha cara! Como que acha que me sinto? Eu sou o melhor que eu posso ser, se não for suficiente pra você, eu sinto muito, de verdade, mas eu cansei de tentar ser quem você quer que eu seja — subo para o meu quarto sem esperar uma resposta dela.

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