Capítulo 04

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Clarissa

Acordo fitando o teto, olho no celular e já era 13:00 horas da tarde aqui no Brasil.

Me levanto e me arrumo para sair do quarto. Sinto que essas duas semanas vão ser as mais longas da minha vida.

Suspiro pensando nos momentos que vivi até agora.

Olho no celular e tem uma chamada da Karla, retorno a ligação, aproveitando que estou sozinha.

Ligação on.

— Boa tarde querida — diz Karla no outro lado da linha.

— Boa tarde amiga — digo. — Como estão as coisas?

— Por aqui estou tudo saindo como planejado, quero saber de você.

Respiro fundo.

— Tão difíceis assim? — ela percebe meu desconforto.

— Deixa eu vê — digo pensando. — Estou na mesma casa que minha família depois de anos sem nos vermos, tenho um segredo imenso que nunca contei para eles, meu ex está morando em frente a minha casa, e por fim, minhas irmãs e amiga acham que tem que me manter longe dele para que eu não fuja de novo, palavras delas.

— Que barra amiga, mas quem sabe essa não seja a oportunidade perfeita para você contar da menina.

— Não sei se estou preparada para isso, sabe que isso muda tudo.

— Sim, mas ela tem o direito de conhecê-los assim como eles tem de conhecê-la. Não prive ela, assim como sua mãe fez com você.

— Vou pensar, mas por enquanto, fica assim, diz para Catarina que volto antes de dezembro, para comemorar o natal do nosso jeito.

— Falo sim. Até mais amiga.

— Até.

Ligação off.

Ela está certa, tenho que contar tudo o quanto antes, mas ainda não sei como.

Ouço batidas na porta me tirando dos meus pensamentos.

— Pode entrar — aviso.

— Já acordou? — pergunta a Mille entrando no quarto.

— Você mesmo que eu queria vê — digo a ela.

— Eu? — ela estranha.

— Você — digo sorrindo. — Que tal fazer algo juntas? Sei que não gosta mais das mesmas coisas, mas podemos fazer algo que goste.

— Sim, digo, claro — ela sorri. — Quando quiser.

— Que tal agora? Não tenho nada a fazer.

— Vou me arrumar — ela diz empolgada e sai do quarto. Sorri com aquilo.

Me lembro da minha pequenina, não tem como não vê-la em tudo.

Me arrumo e saio do quarto.

Chegando na sala percebo que estavam todos reunidos.

Fico sem graça por não saber o que conversar com eles, são anos sem nos vermos, não sei nem a vida que eles levam.

— Filha — meu pai fala assim que me vê.

— Oi — digo sem graça. — O que estavam falando?

— Sobre o natal — minha mãe diz. — Vai ficar conosco esse ano?

— Infelizmente não poderei, tenho que voltar antes do início do mês.

— Que pena, esse ano iríamos fazer um festão — minha mãe fala de novo. — Todos vão estar lá, quase todos, já que você não vai.

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