Clarissa
Acordo fitando o teto, olho no celular e já era 13:00 horas da tarde aqui no Brasil.
Me levanto e me arrumo para sair do quarto. Sinto que essas duas semanas vão ser as mais longas da minha vida.
Suspiro pensando nos momentos que vivi até agora.
Olho no celular e tem uma chamada da Karla, retorno a ligação, aproveitando que estou sozinha.
Ligação on.
— Boa tarde querida — diz Karla no outro lado da linha.
— Boa tarde amiga — digo. — Como estão as coisas?
— Por aqui estou tudo saindo como planejado, quero saber de você.
Respiro fundo.
— Tão difíceis assim? — ela percebe meu desconforto.
— Deixa eu vê — digo pensando. — Estou na mesma casa que minha família depois de anos sem nos vermos, tenho um segredo imenso que nunca contei para eles, meu ex está morando em frente a minha casa, e por fim, minhas irmãs e amiga acham que tem que me manter longe dele para que eu não fuja de novo, palavras delas.
— Que barra amiga, mas quem sabe essa não seja a oportunidade perfeita para você contar da menina.
— Não sei se estou preparada para isso, sabe que isso muda tudo.
— Sim, mas ela tem o direito de conhecê-los assim como eles tem de conhecê-la. Não prive ela, assim como sua mãe fez com você.
— Vou pensar, mas por enquanto, fica assim, diz para Catarina que volto antes de dezembro, para comemorar o natal do nosso jeito.
— Falo sim. Até mais amiga.
— Até.
Ligação off.
Ela está certa, tenho que contar tudo o quanto antes, mas ainda não sei como.
Ouço batidas na porta me tirando dos meus pensamentos.
— Pode entrar — aviso.
— Já acordou? — pergunta a Mille entrando no quarto.
— Você mesmo que eu queria vê — digo a ela.
— Eu? — ela estranha.
— Você — digo sorrindo. — Que tal fazer algo juntas? Sei que não gosta mais das mesmas coisas, mas podemos fazer algo que goste.
— Sim, digo, claro — ela sorri. — Quando quiser.
— Que tal agora? Não tenho nada a fazer.
— Vou me arrumar — ela diz empolgada e sai do quarto. Sorri com aquilo.
Me lembro da minha pequenina, não tem como não vê-la em tudo.
Me arrumo e saio do quarto.
Chegando na sala percebo que estavam todos reunidos.
Fico sem graça por não saber o que conversar com eles, são anos sem nos vermos, não sei nem a vida que eles levam.
— Filha — meu pai fala assim que me vê.
— Oi — digo sem graça. — O que estavam falando?
— Sobre o natal — minha mãe diz. — Vai ficar conosco esse ano?
— Infelizmente não poderei, tenho que voltar antes do início do mês.
— Que pena, esse ano iríamos fazer um festão — minha mãe fala de novo. — Todos vão estar lá, quase todos, já que você não vai.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...