Rafael
Acordo cedo e vou correr pelo condomínio. Aqui o condomínio parece mais um bairro, tem a mercearia, um parque para as crianças, academia ao ar livre. Tem muitas áreas comuns para os moradores, mas é pouco frequentada, quem frequenta mais são só empregados, nos seus horários livres, ou as babás com suas crianças.
Costumo ficar numa praça mais afastada do centro, próximo a casa dos meus pais, é calma e quando nunca alguém aparece.
Faço exercícios ali mesmo, sozinho com meus fones de ouvido.
Essa noite tomei uma decisão, vou pedir transferência de dois meses para cá, decidi trabalhar de casa esse tempo. Não posso deixar essa oportunidade com a Clarissa passar, vou ficar esse mês, e no próximo como é natal, vou ficar em casa também.
Ligo para o meu chefe, e também amigo, e conto da minha decisão.
Ligação on.
— Fala meu amigo, anda sumido em — fala o Samuel.
— Sim, e vou estar ainda mais.
— O que quer dizer com isso?
— Andei pensando, e acho que posso gerenciar muitos trabalhos por aqui, pelo menos até depois das festas de fim de ano.
— Como disse? Você não queria nem ir, agora não que voltar?
— Isso mesmo; tenho problemas pessoais e...
— Sua ex voltou? — ele é direto, como se lesse os meus pensamentos.
— Sim. E conto com seu apoio.
— Se quiser ficar, é com você. Mas o que te faz pensar que só porque você quer reconquistar a garota, significa que ela queira ficar com você.
— Olha, depois falo sobre isso, tenho que correr agora — digo.
— Mantenha-me informado das novidades.
Logo me despeço.
Ligação off.
Ele tem razão não tem? E se ela não quiser mesmo ficar comigo?
Mas eu vejo em seus olhos, eles brilham e...
— Oi — digo a uma menina que estava ali. O que era estranho, nunca vi nenhuma criança aqui. — Está sozinha?
Ela me olha desconfiada, mas se aproxima mesmo assim.
— Mamãe diz que não posso falar com estranhos — ela fala. Ela tem um sotaque diferente, apesar de falar bem o português, acredito que um português puxado, talvez de outro país?
— Ela está certa — digo. — Me chamo Rafael, e você, como se chama?
— Catarina — ela diz. Nome lindo.
— O que está fazendo aqui?
— Procurando flores — ela diz. — Sabe onde posso encontrar, Rafael?
— Posso te ajudar, se prometer que vai direto para casa depois — digo.
— Prometo que juro — ela diz.
— Agora me diz, por que essas flores?
— Para minha mamãe — ela sorri. — Vamos — ela puxa minha mão.
Ajudo ela a tirar algumas flores e juntar como um buquê.
— Obrigada — ela diz. — Já vou indo, Rafael, te vejo por aí — ela diz e sai correndo.
Sorri para aquilo, sempre amei crianças. Espero vê-la mais vezes.
Termino meus exercícios e saio voltando para casa.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...