Clarissa
Vou ao mercado que tem no condomínio mesmo, ainda não sabia o que iria fazer a noite, afinal, ficar em casa fazendo sala para o meu ex não era uma opção.
Minha mãe me deu uma lista considerável, e nem sei porque eu que tenho que vir, com tanta gente para ela escolher.
Na verdade eu sabia. A Carol e a Mille vão ajudar a cozinhar, enquanto os meninos arrumam a sala de jantar e a Gabi reclama do que eles escolherem. O papai deve está detestando esse jantar assim como eu.
Meus pais nunca concordam com nada, inclusive com o meu termino.
Meu pai ficou do meu lado, e olha que ele não sabe nem da metade do que aconteceu. Já a minha mãe ficou contra mim, afinal, ela nem queria que eu viajasse.
Meus pais são o oposto, nem sei como eles ainda estão juntos.
Meu pai sempre foi mais próximo a mim, ele me cobrava muito e depositava suas expectativas em mim, e por isso sou seu braço direito nos negócios, mesmo nunca ter ido ao escritório depois de formada.
Já com a minha mãe tudo sempre foi mais complicado. Ela queria que eu fosse alguém que ela nunca conseguiu ser. Claro, ambos esperam tudo de mim, menos que eu fosse eu mesma.
Mas essa é a minha família, meio torta, mas eu tento entender o lado deles, mesmo eles nunca tendo tentado entender o meu.
Minha mãe me passou uma lista e tento segui-la no mercado. É um condomínio grande, mais parece um bairro.
Pelo tanto de coisa no carrinho de compras já me arrependi de ter vindo a pé.
Viajando em meus pensamos nem percebo o que acontecia ao meu arredor. Até ouvir uma voz conhecida.
Não precisei me virar para saber de quem se tratava.
— Seu Rafael, quanto tempo — alguém o cumprimenta.
— Cheguei faz pouco tempo, nem tinha dado tempo de vir aqui ainda. Como estão as coisas?
— Tudo bem, tem caras novas aqui no condomínio — o senhor que estava no caixa quando cheguei, e que também me cumprimentou, fala ao Rafael.
Coloco os meus óculos de sol, na intenção de me esconder dele. Ainda de costas, pego mais um item da minha lista.
— Inclusive uma gatinha — sussurra alguém. Sinto olhares sobre mim.
— Não, por favor — sussurro pedindo aos céus para que não me reconheça.
— A madame é simpática, e além de linda, não usa aliança — sussurra outra pessoa.
Começo a ficar irritada com tanta fofoca.
— Vocês sempre atrás de um rabo de saia — Rafael fala e ri. — Enfim, eu vim só comprar um vinho, o melhor que tiver, vou jantar hoje na casa de uma vizinha — ele fala e parece sorri.
— Sei, mal chegou e já está arrumam encontros — o senhor diz. — Só um momento que vou buscar.
Tento parar de prestar atenção na conversa alheia, e foco em terminar a minha lista.
O mercadinho era pequeno, nem tinha muito como se esconder.
Quando fosse pagar ele iria ver, então minha estratégia era esperar ele ir embora.
— A senhora quer ajuda? — pergunta um dos funcionários que a pouco falava com o Rafael.
— Não, obrigada — respondo no automático, e me arrependo na mesma hora.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...