Capítulo 23

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Clarissa

Estamos no aeroporto da cidade, a poucos minutos de se despedir do Rodrigo e da Carol que vieram conosco.

A Catarina fez várias perguntas, ela não estava animada pela viagem, a pior parte é de saber que não é por causa dos seus avós ou seus tios, é por causa do Rafael. Eles são próximos e eu nem sabia que se conheciam.

Eu dei as cartas ao Rafael, mas uma parte de mim tem medo, e se for verdade o que a mãe dele me disse? Mas o que ele disse sobre ter filhos... Estou tão confusa, essa viagem vai me ajudar a por as ideias nos seu devido lugar, é o que espero.

Ao me despedir do meu pai, ele me disse algo, uma coisa que jamais pensei em ouvir dele, ele disse: Existe um ditado que diz: " Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo". Porém, aqueles que se recusam a esquecer o passado estão condenados a revivê-lo. Eu te peço que nessa viagem, não pense na dor que ele te causou, o amor machuca as vezes, mas quando ele é pra valer, o amor te dá asas e te ajuda a enxergar o que a dor não te deixa ver, espero que volte decidida a superar suas dores, pois podemos ficar felizes com o futuro ou furiosos com o passado, a felicidade é questão de escolha, mas sempre estarei ao seu lado.

As palavras do meu pai ficaram na minha cabeça por horas. Sei que ele está certo, mas falar e fazer são coisas diferentes.

— A essa altura não era para ele já está aqui? — pergunta a karla me tirando dos meus devaneios.

Sei a quem ela se refere, apenas respiro fundo antes de responder.

— Está decepcionada? — pergunto a ela enquanto vejo a Cathie de longe abraçando seus tios.

— E você não?

— Não espero das pessoas o que você espera, Kah.

— O que eu espero?

— Coisas boas, que elas cumpram as promessas e que elas apareçam. Estou bem acreditando que nada de demais vai acontecer. Se eu esperasse me decepcionaria.

— É verdade, eu esperei que ele viesse.

— E eu não, tá vendo? Só uma de nós foi decepcionada.

— Mas só uma de nós vai lembrar disso, você sabe.

— A Cathie não merece isso — digo para ela enquanto vejo minha filha com um olhar triste vindo até mim com seus tios.

— Mamãe, ele não apareceu — ela diz cabisbaixa. Era disso que tinha medo.

— De quem está falando? — Carol perguntou.

— Do Rafael — ela diz. — Ele tinha que nos achar.

— Eu sei que você queria, mas nem tudo acontece como queremos — digo me abaixando para ficar da sua altura. — Entende que nem tudo está no nosso controle?

—Mas mamãe, ele gosta da gente, não se abandona aqueles que ama, você me ensinou isso.

Olho para ela e depois para meus amigos. Ela tinha razão em suas palavras.

— Eu sei que não era o que você queria, mas vamos viajar agora, vamos nos divertir, depois voltamos e ficamos mais uns dias com as pessoas que amamos, pois o natal logo logo chega e voltamos a nossa vida — digo a ela. Não parece que está muito feliz com a ideia, mas logo ela me dá um sorriso.

— Podemos ligar para o vovô quando chegar nesse lugar?

— Claro — digo estranhando seu pedido.

— Vem Cathie — diz a Karla a chamando para que eu ficasse a sós com minha irmã e meu amigo.

Elas vão para um canto mais afastado.

— Tem certeza do que está fazendo? — pergunta a Carol.

— Não, na verdade não — digo. — Uma parte de mim acreditou que ele apareceria. Mesmo que fosse uma parte pequena, tive esperança pela Cathie. Mas estava enganada.

— Sabe, lembra quando você fez uma apresentação super importante, que foi quando ganhou a bolsa? — assenti sem entender em que ponto queria chegar. — Estávamos lá por você, a mamãe prometeu que ia...

— Mas ela não foi — digo completando. — Onde quer chegar?

— A verdade é que eu esperei por ela, fiquei super furiosa e você falou...

— Mas vocês vieram — digo. — Eu não me lembrei daquele dia como o dia que a minha mãe não foi, e sim como o dia que todos os meus amigos me aplaudiram de pé.

— A Cathie vai crescer e não vai se lembrar como a viagem que meu pai não esteve, ela vai lembrar da viagem que a minha mãe fez ela se divertir o máximo.

— Senti falta de toda essa positividade — digo rindo e a abraçando.

Assim que iria me despedir do Rodrigo meu telefone toca. Olho para o visor e mal consigo acreditar no nome que aparece na tela.

Após desligar a ligação, o Rodrigo vem ao meu encontro.

— Eu sei o quanto tudo isso te machuca, mas só te peço que leia as cartas — Rodrigo fala e me entrega as cartas. — Cami me entregou antes da gente sair, ela me fez prometer que iria te convencer a ler.

Apenas assinto com a cabeça e caminhamos para o portão de embarque.

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Desde que entrei no primeiro avião, fiz o que prometi ao Rodrigo, depois da ligação a última coisa que queria era ler essas cartas, mas sei que cedo ou tarde teria que ler, então abri a primeira carta e após lê-la, não parei mais.

A Kah dormiu com a Catarina, nosso voo é com conexão e cá estamos nós no aeroporto esperando nosso voo, as meninas dormindo nas cadeiras e eu devorando essas cartas.

Nunca me senti tão bem, ele realmente escreveu para mim, ele fala dos seus dias, suas conquistas, do nosso amor, dos seus sonhos, é como se nunca tivéssemos nos separado.

Como tudo teria sido diferente se tivesse recebido essa cartas anos atrás, talvez a Catarina tivesse um pai, talvez ainda estivéssemos juntos.

Lembro do que meu pai me disse, talvez devesse me apegar ao que poderia ter sido, apenas ao que poderá ser, quando ele ler aquelas cartas, teremos uma segunda chance, só resta saber se estaremos dispostos a enfrentar tudo pelo nosso amor.

Mas e se ele tiver lido e por isso não veio?

Logo anuncia o nosso voo, acordo elas e vamos juntas ao portão de embarque.

— Está demorando a chegar — Cathie diz.

— Estamos perto — digo guardando as cartas em minha bolsa.

Vou fazer de tudo para que a Cathie esqueça dos últimos dias, e principalmente do seu coração partido por causa do Rafael.

Continua...

- - ❤️ - -

Mais um capítulo para compensar o sumiço.

Beijos, Larissa.

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