Capítulo 11

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Clarissa

O jantar se fez num clima agradável, até o momento.

Ainda jantando sinto um vento frio passar o que me arrepiou um pouco.

— Você está com frio? — ele pergunta percebendo minha pele arrepiada.

— Um pouco — digo. Me arrependo de não ter trazido um casaco ou ter vindo com uma roupa mais composta.

Estou vestindo um vestido curto e de alça fina, não imaginava que o jantar seria do lado de fora do restaurante.

— Pode vestir meu blaser se quiser.

Sorri em agradecimento, mas não pego.

— O que mais tem feito nesses anos? — pergunto.

Ele começa a falar de como tem sido sua vida e suas viagens, presto atenção enquanto terminamos de comer.

— Está sendo uma noite linda e agradável — digo enquanto comemos a sobremesa.

— Sim, muito linda — ele diz. Ele para por um momento e me olha nos olhos. — Eu falei muito da minha vida, mas você não falou muito da sua.

— Falei o que precisava saber — digo.

— Sinceramente, ainda acho que está escondendo alguma coisa de mim — ele diz.

— Isso é assunto meu — digo. A Clarissa doce e gentil começa a sumir dando espaço para a Clarissa que se sente ameaçada.

— Está bem, tudo bem — ele fala.

Ficamos em silêncio, não sabíamos lidar com a situação, principalmente quando o silêncio se instalava. O que dizer? O que sentir? O que fazer?

— Eu preciso de um favor seu — digo quebrando o silêncio.

— Tudo bem, pode falar.

— Eu te esperei por muito tempo, Rafa — digo tirando o quê guardei por tanto tempo. — Esperei fosse atrás de mim, que me ligasse... esperei que fosse sincero, que se arrependesse. — dou uma pausa tentando não deixar as emoções me guiar — Esperei você se impor com a sua mãe. Esperei, esperei você por muitos anos.

— Lissa — ele tenta falar.

— Deixa eu terminar — digo. — Quando sua mãe me disse aquelas coisas eu não quis acreditar, achava que me amava e nada seria maior que nosso amor. Depois de te esperar tanto, íamos finalmente ser nós dois. Eu pensei que ia ser diferente, que era a chance para começar a viver nossas vidas — respiro antes de continuar. — Você disse que nunca me deixaria, mas não só me deixou ir como nunca foi me procurar, mesmo depois... — limpo uma lágrima teimosa que insiste em cair. — De qualquer forma, tentei te entender, por isso te esperei por tanto tempo, mas você nunca apareceu, você me esqueceu.

— Lissa, não é verdade.

— Eu te mandei cartas, e-mails, liguei... — digo com os olhos cheios de lágrimas. — Você não queria me ver, não queria nada comigo — digo séria. — Por favor, vá embora. Quero que desapareça da minha vida como fez sem nenhum esforço a anos atrás.

— Eu não posso — ele diz. — Por favor, não pede isso.

— Eu não posso mais ficar perto de você — digo com um aperto no coração. — Se você ainda me ama vai embora. Faz o que estou te pedindo, fica longe de mim — as lágrimas começam a cair, nós dois sabemos que não posso mais continuar aqui.

Me levanto sem ao menos esperar uma resposta, pego minha bolsa e saiu completamente abalada.

Entro no carro e me permito chorar, desabar bem ali, onde não havia ninguém para me julgar ou fazer perguntas.

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