Capítulo 33

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Clarissa

Chegando em casa, percebemos que a casa já estava em silêncio, ou a Karla já tinha deitado ou teria saído.

— Vamos tomar banho e dormir — anunciou o Rafa. — Amanhã é um novo dia para fazermos planos.

— Está bem — Cathie diz. — Eu te ajudo a fazer as malas, mamãe — arqueio uma sobrancelha sem entender o que ela queria dizer

— Como? — questiono.

— Prepare-se — ele me avisa

— A senhora não vai se mudar para o quarto do meu pai? — ela parece tão certa que isso aconteceria.

— Por que acha isso?

— Os pais dos meus amigos dividem o mesmo quarto — ela fala. — Se vocês são meus papais também tem que ficar juntos, a senhora não pode dormir comigo, já sou grande, mas o papai fica triste sozinho.

Ele segura o riso, pois já sabia dessa história.

— Filha... — penso em falar.

— Vocês me colocam para dormir? — ela pergunta.

— Claro filha — Rafa fala. — Vai tomar banho que tenho que falar com sua mãe.

Ela assente e vai para o quarto saltitando feliz.

— Eu não vou dormir com você, se está cogitando isso — aviso assim que a Cathie some das nossas vistas.

— Eu sei que não é algo que queira, sei o que pensa de mim, mas não sou eu que estou pedindo — avisa. — Não acha que nossa filha já teve uma vida muito diferente todos esses anos? Ela não merece ter uma experiência completa de ter os dois pais?

— Rafael, ela tem que entender que apesar de ter o pai e a mãe eles não estão juntos, não se amam, vivem separados.

— Nem você acredita nisso, como ela vai acreditar e aceitar tal coisa? Pelo menos essa noite, pela Cathie.

Passo as mãos pelo rosto tentando me acalmar.

— Só posso está ficando louca — digo. — Se você tentar alguma gracinha...

— Não vou nem te tocar — ele fala. — A menos que você peça — sorri galanteador.

Reviro os olhos e vou para o quarto. Pego algumas roupas e separo. O suficiente para passar apenas essa noite.

Cathie já está no banho.

— Filha — bato na porta. — Quer ajuda?

— Não, mamãe — ela grita.

Separo o pijama para que ela vista assim que sair, espero que o banho termine para escovar seus cabelos e lhe ajudar a se vestir.

— Mamãe — ela me chama enquanto visto sua blusa, já estava vestida com o short. — O papai não vai mais embora, não é?

Olho para ela e engulo em seco sua pergunta. Não quero dar esperanças de nunca estar longe do seu pai, se a qualquer momento ele pode nos deixar.

Meu coração aperta só de imaginar a despedida, quando voltarmos para casa, logo após o natal, iremos para Portugal voltar a nossa vida, ela não terá mais o Rafa por perto, nem meus pais, ela ainda nem conhece seus outros avós, nem sei se quero que conheça-os.

Estamos vivendo em um mundo paralelo aqui, um mundo que não nos pertence, mas queria que fosse real, pela Cathie.

— Eu não posso confirmar isso, minha lindinha — digo penteando seus cabelos. — A vida tende a ser imprevisível. Mas quero que saiba que mesmo longe, seu pai nunca vai deixar de está perto de você.

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