Clarissa
A loucura de véspera de natal já está por aqui, minha mãe e a Carol já estão na cozinha, Gabi e a Mille estão na decoração, os rapazes estão responsáveis pelas músicas, luzes, e eu acompanho cada processo junto da Cathie.
Karla já está chegando junto do seu namorado, sim, ela e o Samuel finalmente estão juntos, fico feliz pela minha amiga.
— Mamãe, esse vai ser o melhor aniversário de todos — Cathie diz feliz. — A gente pode vim todo ano?
Sorri para ela.
— Sobre isso, a mamãe queria falar com você — digo. — Queria esperar seu aniversário passar, mas como tocou no assunto...
— Fala mamãe — ela diz.
Pego sua mão e levo ela até a sala, onde ficamos a sós para conversar.
— Filha, como você sabe, a gente mora em Portugal, sua vida, as nossas vidas está toda lá, mas nossa família está aqui, seus avós, seu pai, seus tios...
— Sim, mamãe, vou sentir falta deles, mas a gente volta para visitar — ela diz sorrindo.
— Então... sei que a gente pode sempre visitar eles, mas não acha que seria legal a gente morar aqui e ficar perto deles? — digo com receio. Ela para de sorrir de chega mais perto de mim.
— Mamãe — ela faz uma pausa. — Eu te amo, sei que a senhora ama o meu papai e quer ficar por causa dele, a tia Cami me explicou — ela diz de forma tão madura. — Eu amo nossa cidade e nossa casa, e também amo o meu papai, mas sinto falta da nossa vida e da escola, eu falei com o papai que queria voltar para Portugal, por que ele não pode ir com a gente?
Olho para ela e meus olhos marejam. Essa foi a pergunta que martelei pela minha cabeça por seis anos, por que o Rafael não foi comigo? Como eu posso responder uma pergunta que a seis anos busco a resposta.
— O papai tem o trabalho dele, a família...
— Mas não somos a família dele também? — ela me olha com expectativa. Não tenho maturidade para estragar as suas expectativas.
— Sim, somos sim. A mamãe promete que vai tentar muito para que sejamos uma família por muito tempo. Mas o que quero saber é que se a gente precisar se mudar...
— Mamãe — ela me interrompe. — Eu nunca vou ficar longe de você — ela diz e me abraça bem apertado.
Meu coração se enche de alegria.
— Te amo, minha Catarina — digo a enchendo de beijo.
— Ai mamãe — ela diz reclamando.
— Parece que chegamos em uma boa hora — diz Karla entrando na casa junto com suas malas e o Samuel.
— Tia Karla, tio Samuel — Cathie corre para abraçá-los.
— Que saudade — Samuel fala. — Você cresceu em — ele diz pegando ela no colo. — Daqui a pouco não vai nem caber no meus braços mais.
— Vai demorar muito tio — ela diz rindo.
Ele coloca ela no chão e vou cumprimentá-los.
— O pessoal está no quintal e na cozinha, podem deixar as coisas aí e depois vocês guardam no quarto — digo.
— Sendo assim, vou procurá-los — Samuel fala.
— Eu vou junto — minha filha grita e sai correndo na frente.
Rimos dela e o Samuel logo some entre as paredes.
— Iai amiga — Karla fala. — Me conta tudo.
Suspiro e a chamo para se sentar.
Conto tudo que aconteceu nos últimos dias e da conversa que tive agora a pouco com a Cathie.
— E então, você vai voltar para Portugal ou decidiu ficar de vez? — Karla faz a pergunta de um milhão.
— O Rafa disse que a gente conversa depois do aniversário da Cathie — digo. — Apesar dos motivos que me fazem ir, não quero jogar essa segunda chance de ser feliz ao lado dele.
— E não vai, amiga — Karla diz. — Confia que tudo vai se resolver.
— Tomara — digo. — Mas e você, vai voltar com a gente ou ficar de vez?
Ela sorri suspeita.
— Eu vou ficar — ela diz e sorri. — Essa é a minha chance de ser feliz no amor, não vou desperdiçar.
Abraço ela demostrando toda minha felicidade.
— Fico muito feliz minha amiga — digo sorrindo.
Continuamos a conversa por mais poucos minutos. Logo depois o Rodrigo e o Samuel apareceram, pedi para ajudar com as malas e eles subiram com elas.
Karla e eu fomos para cozinha ajudar nos preparativos.
Em poucas horas depois, a farofa, o arroz, o peru, a lasanha, o fricassé e o estrogonofe já estavam prontos. Os biscoitos que decorei com a Cathie, a casa de gengibre e o bolo de aniversário dela já devoravam a mesa.
Tudo pronto para ser servido, só faltava a gente se arrumar.
Corri no quintal para chamar a Cathie. Fiquei deslumbrada com a decoração, ficou lindo, melhor do que poderia imaginar.
— Ficou maravilhoso — digo com lágrimas nos olhos. — A mesa esta linda.
— Trabalho em família — Cami disse. — Agora temos que nos arrumar em tempo recorde.
Sorri e concordei.
— Os convidados chegam as 21h, temos menos de duas horas para nos arrumar e por a mesa — digo olhando o relógio no meu pulso.
Todos concordaram e começam a se mexer.
Peço para Cathie subir para tomar banho.
Literalmente todos saem e deixam apenas eu e o Rafael.
— Obrigado por me deixar fazer parte de tudo isso — ele fala e vem até mim. Me dá um beijo na testa e depois entra.
Meu coração da pulos de alegria.
— A quem estou querendo enganar? Eu não vou a lugar nenhum que ele não esteja — digo convicta da minha decisão.
Subo para o quarto da Cathie e vejo que ela ainda está no banho.
O vestido dela e vermelho, armado de cetim. Sei que ela vai ficar ainda mais linda nele.
Ajudo ela no banho, depois de vesti-la, escovo seus cabelos a deixando ainda mais incrível.
— A mamãe tem tanto orgulho de você, filha — digo ainda penteando seus cabelos. — Você está linda.
— Obrigada mamãe — ela diz sorrindo. — Obrigada por tudo que a senhora faz por mim, eu te amo muito, e amo a nossa família, mesmo antes de ser só nós duas e a tia Karla.
Não consigo segurar mais as lágrimas.
— Não chora mamãe, se não vai se atrasar — ela diz me olhando pelo reflexo no espelho. Sorri com sua observação.
Termino de arruma-lá e corro para o meu quarto.
Tenho um longo trabalho pela frente.
Continua...
- - ❤️ - -
Beijos, Larissa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...