Capítulo 28

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Clarissa

Depois da conversa com o Rafael, depois do café, ele esclareceu seus medos e me senti mal por está chateada por ele precisar de um tempo, afinal quando estava grávida tive alguns meses para me acostumar antes dela nascer.

Sei que é difícil para ele, mas não acho que minha filha precise de alguém com dúvidas e medo, ela é uma criança, só que da amor e ser amada, é pedir muito do seu pai isso?

A Catarina esta brincadeira por aí, a Karla tinha que resolver algumas coisas de trabalho, então fui para sala fazer algumas pesquisas, afinal o natal já está chegando e tenho que preparar o melhor natal para a Cathie, pelos seus cinco aninhos.

— Trabalhando? —diz o Rafael aparecendo ao meu lado.

Estava sentada no chão usando o centro de mesa para apoiar meu notebook, ele senta no sofá atrás de mim.

— Planejando o natal da minha filha — respondo mantendo a concentração na tela do notebook.

— Da nossa filha — ele me corrige.

— Achei que ainda não tinha decidido se queria ser o pai dela — digo e ouço ele fazer algum barulho com a boca.

— Você é bem dura comigo, sabia?

Respiro fundo e fecho a tela do meu notebook. Ele senta ao meu lado no chão para quê conversemos.

— Eu entendo que você tenha que pensar sobre isso, juro que entendo, mas ela é só uma criança que sonhou a vida toda com o dia que seu pai voltaria, eu nunca falei mal de você para ela, nunca disse nada de ruim, sempre fantasiei como um pai bom para ela, é a única coisa que ela espera que você seja, um homem bom e um pai que a ame — digo olhando em seus olhos. — Saiba que vivemos esses anos todos sem você, e podemos continuar assim, se não quiser assumir a Cathie a gente da um jeito, eu do um jeito de fazê-la te esquecer — digo a ele sentindo um nó em minha garganta.

— Você está dizendo em continuar a criação da Catarina sem o pai dela?

— Eu fiz isso todos esses anos, não fiz? — digo sentindo um aperto no peito ao ver ele considerar a possibilidade. — Eu quero mais para a minha filha que ter sentimentos de rejeição, deixar que ela não se sinta amada pelo seu pai, ou que ela tenha o coração partido pela pessoa que deveria protegê-la — meus olhos enchem de lágrimas ao imaginar as dificuldades que ela vai passar quando tiver que dizer a verdade sobre o seu pai.

— Ela nunca vai passar por isso — Rafa diz. — Ela tem um pai que a ama, eu te prometo que vou fazer tudo para que ela nunca se sinta abandonada. Me desculpe pelo que disse antes, não preciso de tempo para isso, eu sei o que quero e eu quero ser o melhor pai do mundo para aquela garotinha, tudo que ela merece e não pode ter — ele diz me olhando.

Não contenho as lágrimas e pulo em seus braços. Ele me abraça e acaricia o meu cabelo enquanto me permito chorar em seus ombros.

— Me perdoe por não está com vocês todos esses anos, me perdoe — ele diz.

— Obrigada por escolher ficar — digo.

Ficamos não sei por quanto tempo assim.

— Mamãe, tá chorando? — minha filha diz aparecendo na sala.

Enxugo as lágrimas na mesma hora, seco as lágrimas e me recomponho.

— Não é choro de tristeza, e sim de alegria — digo a chamando com as mãos para sentar no meu colo. — Eu sou muito grata por seu sua mãe.

Digo passando as mãos pelos seus cabelos.

— Eu também mamãe, por ter a melhor mãe do mundo — ela diz. — E a mais bonita — ela fala se virando para ficar de frente a mim. — Não é, tio?

— Sim, a mais linda de todas — sorri. Esse sorriso tem efeito automático em mim. — E você é a menina mais linda.

Ela sorri feito boba com o elogio.

Ela abraça a nós dois ao mesmo tempo com seus bracinhos.

— Estou tão feliz por estarmos juntos — ela fala.

— Também estamos, pequena — fala o Rafael por nós dois.

Depois do abraço, a Cathie senta no meu colo e ficamos conversando os três.

A Cathie queria contar do nosso natal para o Rafa e como estava se aproximando não via a hora de ver a programação.

— E eu posso participar do natal de vocês esse ano? — ele pergunta.

— Você não passa com sua família? — ela pergunta.

— Sim, praticamente todos os natais — ele fala e percebo sua voz mudar. — A minha mãe sempre faz uma festa, ela ama comemorações. A gente nossas tradições, então na véspera fazemos essa festa e no dia do natal é apenas nosso, eu a minha mãe e o meu pai, é nosso feriado preferido, a mamãe sempre acende uma vê-la para representar os que já foram, comemos, abrimos presentes e cantamos em volta da árvore, desde que era criança é assim.

— E não vai fazer isso esse ano? — ela pergunta. — Eu gostei, podemos ir também?

Abro e fecho a boca algumas vezes, mas sem conseguir emitir nenhum som.

— Não vai querer passar o natal com seus avos esse ano? — ele pergunta.

— Tem razão — ela fala. — Mas no dia do natal podemos ir para sua casa.

— Não podemos, filha — digo. — Por favor, não insista.

Ela fica triste com minha resposta, era nítido.

— Mas o Rafael pode passar com a gente, e fazermos a nossas próprias tradições, o que acha? — tento anima-lá.

— Podemos?

— Claro, iria adorar passar o natal com vocês — Rafa diz. Solto a respiração que estava segurando. Me sinto aliviada por isso.

— A tia Karla também?

— Não sei docinho, ela tem a família dela, acho que vai voltar para casa — digo. — Mas esse ano vamos ser nós três o mês inteiro, até o dia do seu aniversário, e tem seus tios e seus avos.

— Uau, vai ter muita gente — ela sorri. — Obrigada mamãe, esse vai ser o melhor natal de todos.

Ela sai saltitando por aí.

— Você está bem? — ele me pergunta.

Estamos a sós novamente.

— Vou ficar — dou um meio sorriso. — Obrigada pela ajuda.

— Não por isso, somos uma dupla agora, estou tentando ser um parceiro para você, afinal somos os pais dela.

— Não vai mesmo passar o natal em casa?

— Lissa, você e a Catarina são minha casa — ele diz e pega na minha mão. — Não vou a nenhum lugar que vocês não estejam.

Sorri para ele. Pego o pendrive que estava na minha frente e o entrego.

— Aqui tem todas as fotos e vídeos da nossa filha — digo dando ênfase na nossa. Ainda era estranho dividir a minha menina com alguém. — Sei que não muda o fato de não ter estado com ela, mas você pode ver como ela cresceu.

— Obrigado — ele sorri.

Dou um beijo na sua bochecha antes de levantar. Saio de lá o deixando a sós com seus pensamentos.

Continua...

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Beijos, Larissa.

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