Capítulo 16

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Clarissa

Dias depois...

A Catarina saiu com as tias para passear, elas estão paparicando tanto minha filha que ela vai ficar mal acostumada.

Tenho visto o Rafael algumas vezes, tento manter o máximo de distância, e que ele não veja a Catarina ou a Catarina o veja.

Tem sido uma tarefa difícil já que a Catarina não para em casa.

— Esses dias tem sido bons, mas ainda tenho tantas dúvidas — fala a minha mãe enquanto a ajudo no jantar.

— O que, mãe?

— Como pode deixar isso acontecer? Estragou sua vida, seus sonhos.

— A Catarina não é o que a senhora tá dizendo, e eu não deixei de viver meus sonhos. Ser mãe foi a melhor coisa que me aconteceu, e eu ainda danço, eu trabalho, eu amo o que eu faço. Mas eu amo a Catarina ainda mais — digo de forma calma. — Ela não pediu para nascer, mãe. Eu a trouxe para o mundo e o mínimo que poderia fazer é lhe dar todo amor que tenho, ser a melhor mãe que eu consigo ser.

Ela não fala mais nada, espero que ela entenda que de alguma forma a Catarina me ensinou muito, hoje eu vejo que minha mãe, mesmo não sendo a melhor do mundo, ela foi a melhor que ela pode ser para mim.

— Você pode colocar a mesa e terminar o jantar? — ela pergunta e sai sem aguardar minha resposta.

Karla entra na cozinha logo em seguida.

— Tudo bem? — ela pergunta.

— É... sim — dou um meio sorriso. — Acho que já está na hora de irmos embora.

— O que aconteceu?

— Nada, só que... — digo olhando para o nada. — A Cathie merece o melhor, eu sei. Eu fiquei por ela, mas eu não aguento mais — digo desabafando com a minha amiga. — É muita pressão, o Rafael, a minha mãe. Eu só quero voltar pra casa e poder respirar de novo.

— Eu te entendo, entendo o que quer dizer, mas a Cathie...

— Eu sei, ela não vai querer voltar agora — digo secando as lágrimas teimosas que teimavam em cair.

— O que quer fazer?

— Eu não sei — digo. — Eu vou sair, preciso pensar, esfriar a cabeça, pode terminar o jantar pra mim?

— Claro — ela fala. — Te espero para jantar?

— Não precisa, diz a Catarina que volto para colocá-la na cama.

Digo e saio o mais rápido possível. Entro no meu carro e saio sem destino.

Tem dias que são mais difíceis que outros, está perto da minha mãe me traz muitas mágoas do passado, que eu achava que tinha ficado no passado, mas ficar perto do Rafael e com a Catarina aqui, eu não sei nem o que pensar. Tenho medo de vê-lá sofrer.

Paro o carro na orla, desço indo em direção à praia. Mando mensagem para Karla com a minha localização, não posso simplesmente sumir, tinha que avisa-la onde estava para que não se preocupasse.

Tinha algumas pessoas e alguns carros, como de costume. Nem liguei para as pessoas ou o quão poderia ser perigoso está ali sozinha, mas mesmo assim caminhei até a areia, próximo ao mar.

Respirei fundo algumas vezes olhando o qual gigante era aquele mar.

Meus problemas pareciam até pequenos no meio dessa imensidão, consigo relaxar aqui, como a dias não tenho conseguido.

Está descalço segurando a sandália com a mão, de olhos fechados procurei aproveitar aquele momento de paz.

Ouço alguns passos e abro o olho quase que instantaneamente quando ouço uma voz.

— Lissa? — diz o Rafael.

Olho para o universo como se quisesse perguntar o que fiz para ele.

— Rafael, não quero brigar, só quero ficar sozinha — digo sem o olhar.

— Eu precisava falar com você, te procurei em casa, uma moça disse que tinha saído, eu tenho tantas perguntas.

Ri sem humor.

— Tá bem, o que quer tanto saber? — digo me virando para ele.

Ele percebe meus olhos vermelhos.

— Estava chorando?

— Acho que isso não é da sua conta.

— Lissa — ele fala querendo se aproximar.

— Por favor, Rafael — digo. — Estou tão cansada...

Meus olhos se encheram de água novamente.

— Eu te entendo, só queria te ajudar, se quiser conversar.

— Conversar? — digo com os olhos cheios de lágrimas. — Conversar com a pessoa que está acabando comigo? Eu te pedir para ir embora, e você ficou, tudo que te peço, tudo que você prometeu não cumpriu.

— Não está falando de agora está? — ele pergunta como se não já fosse óbvio. — Era disso que eu queria conversar, acho que tem algumas coisas que não batem na sua história.

— Como o que? Vai me dizer que você não me deixou ir embora sozinha? Que não prometeu que iria comigo e desistiu de última hora?

— Não, não é sobre isso, eu entendo que está chateada, entendo como as coisas acontecerem, mas é que...

— Eu acho que você não entendeu não. Acho que não entende que eu dei meu coração para um idiota mentiroso, que nunca me colocou como prioridade, muitas vezes me tratava um ninguém, que me abandonou no momento que mais precisei! E agora que volta um homem decente quer relembrar os velhos tempos? Eu não sou mais a mesma assim como você também não é! Suas palavras não foram apenas palavras para mim.

Ele me olha e parece surpreso com o que ouve.

— Eu falei com a minha mãe hoje, ela te viu com uma criança, quem é ela? — muda totalmente o assunto sem dar o mínimo de atenção para o que falei.

— Quem é ela — seguro minha raiva, respiro fundo várias vezes para não enlouquecer. — Pra que quer saber?

— Nada, é que... — ele da uma pausa. — Não é disso que vim falar, eu confrontei a minha mãe e ela assumiu que pegou todas as cartas, ela disse que te passou o telefone e e-mail errado, endereço da casa dela para que eu nunca recebesse nada seu.

Aquilo tudo foi como uma luz na minha cabeça, como tudo que estava tão claro simplesmente escurecesse.

— O que disse?

— Vamos conversar?

Ele estende a mão para que eu a pegue.

Eu o olho e toda raiva que estava sentindo sessou naquele instante. Eu deveria dar uma chance para ele se explicar?

Olho para a mão dele ainda estendida e penso de devo ouvi-lo.

Continua...

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Beijos, Larissa.

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