Capítulo 17

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Clarissa

Ainda olhando para mão dele, sinto um misto de sentimentos. Por impulso pego sua mão e caminhamos juntos.

Era estranho está ali com ele, de mãos dadas caminhando pela praia, como se fôssemos um casal.

Era até doloroso pensar nele como alguém que namoraria e que ficaria ao meu lado, mas depois de tudo que passamos, é difícil confiar de novo.

— Aqui tá bom — ele fala se sentando na areia e me chamando para sentar ao seu lado.

— Então... — vou direto ao ponto. Estava tão nervosa com a situação, e curiosa com o que ele tinha a me dizer.

— Quando jantamos aquela noite você me disse coisas... — ele faz uma pausa lembrando das minhas palavras.

— Eu fui dura com você, eu sei, me desculpo por isso.

— Obrigado por isso, mas naquela noite eu ouvi coisas que não sabia, como as cartas e mensagens, ligações... você me procurou e eu nunca soube disso — ele fala com sinceridade aparente, mas não compreendia onde ele estava tentando chegar. Será que ele acha que eu menti?

— Como não? A cartas voltaram para mim sem ao menos terem sido abertas. Sua mãe me disse que passaria os recados, e os e-mails...

— Lissa, eu juro que não sabia de nada disso, eu mesmo escrevi cartas para você, que também voltaram para mim sem nunca terem sido abertas — ele fala calmo e me olhando nos olhos.

— Mas como? Eu nunca recebi carta alguma.

— Eu sei, agora eu sei disso.

— Eu não estou entendendo — olho para ele confusa.

— A minha mãe — ele diz meio sem jeito. — Ela te viu pelo condomínio e fez um escândalo ao descobrir que meu pai sabia que você estava por perto, ouvi eles brigando e na discussão ela confessou ter mentido e nos enganado, ao confronta-lá ela disse que nos afastou, na hora da raiva ela admitiu ter te passado todos os dados errados e interceptado todas as cartas para que nunca chegassem a mim. Eu sabia que ela não gostava de você, mas chegar a isso.

— Como tem coragem? — digo espantada com o que ouço. — Você acha mesmo que vou acreditar que sua mãe teve esse trabalho todo, por todos esses anos porque não gostava de mim?

— Que? Essa é a verdade, eu juro!

— Rafael, sua mãe foi atrás de mim em Portugal, ela me estendeu a mão e jurou que tentaria te convencer a ir para Portugal, ir atrás de mim, e você nunca foi.

— Ela nunca falou comigo sobre isso, acredita em mim.

— Por que deveria acreditar? Você quebrou minha confiança tantas vezes, como acha que deve acreditar em você assim? Ainda dizer que a sua mãe... ela seria tão horrível se isso fosse verdade, ela não poderia... — começo a me questionar se isso poderia ou não ser verdade.

Se for verdade e a mãe dele fez tudo isso quer dizer que ela pode nunca ter falado que estava grávida, eu teria cometido um erro terrível e irreparável.

Mas se eu acreditar nele e for mentira, e se ele estiver me enganando porque viu a Catarina e agora quer se aproximar da gente de novo?

Tantas dúvidas, minha cabeça está a mil.

— Por favor, acredita em mim, eu estou tentando arrumar provas, posso pedir a minha mãe uma confissão, eu faço tudo pelo seu perdão, uma segunda chance — ela parecia está sendo sincero.

— Rafa, me desculpe mas eu não sei em quem acreditar — digo tentando segurar as lágrimas. — Eu te odiei tanto e por tanto tempo, se isso for verdade, se sua mãe tiver feito tudo isso mesmo, você não sabe o tamanho... a imensidão do problema, esses anos todos...

— Eu sei, desperdiçamos tanto tempo por causa de mentiras e manipulação, mas agora a gente pode recomeçar, nos dá uma segunda chance de fazer as coisas certas agora.

— Rafa, eu preciso pensar — digo enxugando as lágrimas teimosas que cismaram em cair. — É muita informação, me dê um tempo.

— Mais? Tivemos 5 anos.

— E pelo que parece foram 5 anos de mentiras e manipulações, acho que o mínimo que mereço é espaço e tempo para pensar, afinal, como vou saber se não inventou tudo isso? É uma história tão absurda.

— Tudo bem, eu vou arrumar um jeito de te provar que estou falando a verdade.

— Espero que respeite meu espaço, pelo menos essa vez — digo e saio em direção ao meu carro.

Não posso acreditar que seja verdade, ela não tem noção do que fez para nós, a Catarina não merecia isso!

Saio o mais rápido possível e não demoro a chegar em casa.

Subo correndo as escadas e não me importo com quem encontrasse no caminho.

Assim que entro no meu quarto vejo a Catarina deitada, ela parecia dormir.

— Graças a Deus você apareceu — diz Karla aflita. — O que aconteceu?

— Tudo! — digo recuperando o fôlego.

— Acho que tem haver com o vizinho bonitão.

Conto tudo a ela, toda a conversa, que não sei ainda se é verdade, mas falo das consequências das mentiras, se a mãe dele realmente nos enganou.

Ela parecia perplexa com tudo que ouve.

— O que está pensando em fazer?

— Eu não sei, eu pedi um tempo a ele. Eu preciso pensar, nem que para isso eu precise sair da cidade.

— Mas e a Catarina?

— Karla, você não entende, se a mãe dele tiver mentido para nós dois, ela foi capaz de esconder a menina dele, nossa filha, Karla! Ela foi capaz de prejudicar a própria neta para me ver longe dele, ela a viu comigo, a minha filha corre grandes riscos ficando perto dela, mesmo que ela não saiba de fato quem ela é.

— E se ele tiver mentindo... sabe que sempre defendi meu cunhado, mas tem uma grande chance dele ter inventado toda essa história?

— Eu não sei, ele pareceu sincero, a história parece louca, mas talvez ele não sabia, ou talvez saiba e escolheu não ficar com a gente, ele pode está metade certo nessa história, mas eu não sei nem o que pensar.

— Amanhã é um novo dia, quem sabe não consigamos ideias melhores amanhã. Tenta dormir, amanhã a gente decide com calma, o que acha?

— Vou tentar — dou um meio sorriso.

Ela sai do quarto logo depois, vou tomar um banho para tentar relaxar a mente, vou a varanda olhar as estrelas. O céu estrelado sempre me acalma, é a luz que sempre busco no meio na escuridão.

Olho para o meu pequeno amor deitada na minha cama. Vou até ela e a abraço bem apertado, com cuidado para não acorda-lá.

— Nada e nem ninguém vai nos separar, minha pequena estrela. Não vou deixar que te machuquem — digo a ela, mesmo que não me ouça.

Seja qual for a decisão que irei tomar, farei o meu melhor para não a machucar.

Passo a noite zelando o seu sono, com os pensamentos a mil.

Continua...

- ❤️ -

Beijos, Larissa.

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