Capítulo 12

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Rafael

Depois do jantar com a Clarissa sai do restaurante sem rumo. Ela me disse tantas coisas, aquelas palavras não saiam da minha cabeça.

Penso em avisar ao Pedro e ao Rodrigo, não queria ficar sozinho agora, meus pensamentos estavam a mil.

Mando mensagem e logo eles respondem, Rodrigo estava com a Carol, mas disse que me encontrava em casa.

Não quis ir para casa e passei o endereço do hotel onde ficarei essa noite.

Eles chegam alguns minutos depois.

— Iai cara — Pedro fala. — Foi tão ruim assim?

— Olha a cara dele — Rodrigo diz ao Pedro. — Tá na cara de apanhou.

— Não fisicamente, mas verbalmente sim — digo algo a primeira vez desde que chegaram.

— Você já esperava por isso, não? — Rodrigo fala.

— Sim, mas entre pensar e acontecer — digo sentado na cadeira da escrivaninha que tinha ali.

— Por que veio pra cá? — Pedro pergunta.

— Queria um tempo, ela me pediu para ir embora, disse que não me quer por perto, disse que me esperou muito e agora...

— Olha — Rodrigo fala se sentando na cama a minha frente. — Eu sou amigo dos dois, você sabe. Nunca quis que vocês se machucassem, mas o passado de vocês é muito forte. Tanto de felicidade tanto de dor, tudo foi muito intenso, você fez suas escolhas, deveria deixar ela ir.

— Eu não acho — Pedro fala pensando. — Se eu tivesse desistindo da Gabi todas as vezes que ela me mandou ir, nunca estaríamos juntos. Acho que você deveria tentar de novo, mas com cautela.

— Não sei por que ainda venho — Rodrigo fala balançando a cabeça em negação. — Vocês só vão se machucar mais, será que não percebe?

— Eu sei que você quer protegê-la, mas eu sei que ela me ama — digo finalmente. — Sei o que a boca dela disse, mas eu vi o que os olhos dela diziam, acho que tem muita coisa inacabada, ela estava errada em muita coisa ontem, acho que preciso contar, e provar o que realmente aconteceu.

— Como assim? — eles perguntam.

— Ela falou que me mandou cartas, me ligou, eu não recebi nada disso, nunca soube que essas cartas existiram. Eu mandei e-mail, mensagem, mandei cartas, nunca tive resposta.

— Espera, a Gabi falou que ela disse dessas cartas, disse que ligava para casa dos seus pais, que sua mãe daria o recado — diz o Pedro juntando as peças. — E se sua mãe...

— Acha que ela seria capaz? Minha mãe?

— Ela não gostava da Clarissa, desde que vocês pensaram em viajar, ela começou a odiá-la, mas a impedir que recebesse e-mails, cartas? — Rodrigo fala incrédulo. — Seria loucura.

— Seria — digo apenas.

Fico pensando em tudo que aconteceu desde a nossa separação.

Ela disse que minha mãe tinha razão, o que ela quis dizer?

Tenho que tentar falar com ela, preciso saber toda a verdade.

Fico pensando por bastante tempo, quanto o Pedro e o Rodrigo conversam e fazem suposições sobre o ocorrido.

Os rapazes foram embora um tempo depois, tentaram me distrair, mas não consigo pensar em outra coisa. Preciso vê-lá.

Adormeço naquele quarto de hotel sem nem perceber, quando dei por mim, já estava tudo escuro e eu dormi.

— ❤️ —

Acordo bem tarde na manhã seguinte, quase na hora do checkin.

Recolho minhas coisas e vou para casa, quer dizer, a casa dos meus pais.

Ainda na porta de casa, encaro a casa da minha vizinha, a casa estava bem calma hoje, pelo menos não ouvia vozes vindas do jardim como geralmente ouço.

Entro em casa indo direto para o meu quarto. Tomo um banho e deito na cama fitando o teto por bastante tempo.

Penso no que conversei com o Pedro e o Rodrigo, apenas das opniões diversas, chegamos a conclusão que tem um dedo a mais na nossa separação.

Tenho que conversar com a Clarissa, sei que ela me mandou embora, mas estou disposto a assumir as consequências se eu tiver a mínima chance de voltar com ela.

Percebo que não posso ficar aqui parado olhando para o nada, tenho que fazer algo, pelo menos resolver o que está ao meu alcance.

Me arrumo e saio do quarto.

— Filho, não te vi chegar — meu pai fala quando chego no andar de baixo. Ele estava sentado na mesa de jantar lendo um jornal. — Sua mãe saiu com umas amigas, quase não dormiu preocupada com seu paradeiro.

— Deveria ter avisado vocês, me desculpe — digo a ele.

— Tudo bem filho, você já é adulto. Sua mãe é muito protetora e exagera as vezes, sabe como ela é.

— Sei — digo simplesmente. Ainda não consigo entender como minha mãe sabia que a Clarissa me procurava e não me disse nada. — Eu vou trabalhar, volto a noite, acho que não chegarei a tempo para o jantar.

— Tudo bem, vou avisar a sua mãe — ele diz e eu volto a andar em direção a porta. — Mas filho — ele fala e se levanta da cadeira, onde estava sentado.

— Diga pai.

— Como vão as coisas com a Clarissa?

— Ontem jantamos juntos — digo.

— Vocês conversaram?

— Jantamos como duas pessoas normais, sem passado nos atrapalhando, duas pessoas gentis e bem resolvidas.

— Sim, mas?

— Como sabe que tem um mas?

— Você não estaria com essa cara se não tivesse.

— Tem razão. Então, ela me disse coisas, que não fazem muito sentido, mas que para ela são as únicas certeza, uma verdade diferente da que me lembro.

— Filho, se vocês não concordam como uma coisa aconteceu entre vocês, alguém interpretou errado a situação, vocês devem conversar e resolver.

— Sim, mas depois penso nisso, vou trabalhar para me distrair, amanhã quem sabe tento falar com ela.

— Está bem, filho — ele diz dando dois tapas em meu ombro.

Saio logo em seguida. Não demoro muito para chegar ao trabalho e me distrair com aquela papelada toda.

Passo horas no trabalho, perco até o tempo e quando dou por mim ja estava tarde até para comprar comida para jantar.

Penso em ver algo em casa para comer, saio do trabalho a caminho de casa.

Amanhã falarei com a Clarissa, sei que ela não vai gostar nada de me ver, mas sinto que não posso desistir dela.

Continua...

- ❤️ -

Beijos, Larissa.

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