Clarissa
Depois de um dia longo de trabalho ontem, hoje é o dia todo da Cathie, e ela decidiu que iremos a praia.
O Samuel veio junto conosco, na verdade, ele se encontrou com a gente aqui. Como ele vive mais aqui, ele que reservou todo nosso passeio.
Tinha um espaço para Cathie ficar, tinha a praia e logo por ali tinha um restaurante, era um lugar maravilhoso.
Mas a Cathie pediu um piquenique na praia e foi o que viemos fazer.
— Mamãe — ela diz assim que pisamos na areia. — Posso brincar na areia ?
— Claro — digo. — Mas não fica longe.
Ela sai correndo ainda vestida. Sorri ao vê-la.
— Catarina, tira a roupa pelo menos — diz o Rafael para minha filha, ou melhor, nossa filha.
Ela volta correndo.
— Me ajuda — ela me pede e assim faço.
Depois de pegar suas peças de roupa ela sai com seus brinquedos para areia.
— Ela poderia ter me pedido — Rafa fala. — Eu que disse para ela trocar de roupa.
Suspiro. Não vai ser fácil para nenhum dos dois, isso já sabia.
— Rafa, a Catarina ainda não sabe de você, é natural que ela peça essas coisas a mim que sou sua mãe. Mesmo depois de contarmos possa ser que ela não te peça as coisas, espero que saiba dar tempo ao tempo, afinal ela é apenas uma criança e você que é o adulto — tento ser o mais amável possível.
— Tem razão — ele diz. — Mas é difícil para mim essa situação — ele fala e começamos a andar.
A praia estava vazia, só tinha a gente aqui. A karla e o Samuel estavam bem distraídos e nem nos ajudaram a arrumar as coisas.
— Eu sinto muito por isso, mas tenho esperanças que vai melhorar, depois dessa viagem quem sabe as coisas não se resolvam.
— É a minha melhor chance, já que aqui estamos juntos na mesma casa — ele diz. — Da uma visão melhor dos seus pais, como é ter um pai e uma mãe, uma família — ele fala querendo insinuar algo. — Eu cresci com muito amor, você sabe, meus mais sempre se amaram muito e são meus melhores amigos, graças a eles tenho esses ideais, queria que minha filha tivesse o mesmo.
— O que está sugerindo? — pergunto.
— Que moremos juntos — desvio meu olhar para a cesta de comida. — Temporariamente, até ela se acostumar com a minha presença.
— Eu não acho que... — ele me interrompe.
— Lissa — ele toca a minha mão. — Eu não vou mentir para você, eu ainda sou louco por você, mesmo depois de todos esses anos, o que eu mais queria era te ter novamente, nos três juntos criando nossa família — o encaro. Seus olhos pareciam sinceros.
— Rafa, eu... — ele me interrompe.
— Eu sei que ainda não confia em mim, mas vou fazer tudo para mudar isso — sinto um calor em meu peito, suas palavras parecem surgir efeito em mim. — Mas primeiro quero conquistar nossa filha, me dê a chance de conhecê-la, ter o amor dela assim como você a tem, me dê a chance de ser o pai que ela tanto sonha — ele diz e isso toca meu coração.
— Por nossa filha — digo após um suspiro derrotado. — Vamos aproveitar essa viagem para mostrar a ela uma nova forma de enxergar à vida. E quando voltarmos, passamos a morar juntos, até o dia da nossa partida.
— Falando nisso...
— Não, nossa volta para Portugal não será motivo de pauta — logo me adianto a dizer. — Iremos acertar nossas agendas, trago a Catarina para passar as férias com você e alguns feriados, e você também pode ir vê-la.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...