Clarissa
Enfim chegamos a nosso destino, a cidade é linda como nas fotos, pelo menos pelo que consegui ver, está chovendo e o céu está bastante nublado, mas consigo ver a beleza mesmo em dias escuros.
Pegamos um táxi que nos levou para a casa que meu pai havia deixado reservada para nós.
Na verdade, ele me mandou mensagem mudando o destino, não entendi muito bem, mas parece que teve um problema com a primeira casa.
— Aqui é bonito — Cathie fala. — Mas prefiro a cidade da vovó e do vovô.
Respiro fundo. Vai ser difícil fazer ela esquecer esses últimos dias.
— Sim, Aracaju é belíssima, mas Natal também, cada cidade tem seu charme, assim como a nossa — digo enquanto estamos no táxi.
— Se anima Cathie, serão poucos dias — minha amiga fala tentando ajudar. — Podemos ir à praia, ainda não fomos em Aracaju, então não tem como você dizer que a água de lá é melhor.
— Tá bem — ela diz. — Podemos ir hoje? — pergunta.
Olho para janela do carro, onde vemos pingos de água escorrer pela mesma.
— Acho que hoje não vai da, amanhã se estiver sol — digo e vejo que o carro parou em frente há uma belíssima casa.
— Chegamos — diz o motorista.
— É linda — digo.
Aproveitando que a chuva havia diminuído, pego as chaves e entrego à Karla.
— Catarina, me espere lá dentro, por favor — digo a mesma.
Karla a leva para dentro e depois me ajuda com as malas.
Entramos na casa e pudemos ver que ela era tão linda por dentro como por fora.
— Mamãe — a Cathie grita de algum cômodo da casa.
— Onde está, Cathie? — pergunto a procurando.
Karla me ajuda na procura.
— Estamos na sala de jantar — grita minha amiga.
Quando finalmente encontro, não acredito no que os meus olhos vêm.
— Como chegou aqui? — pergunto ao Rafael que estava em minha frente.
— Digamos que conheço um cara e conhece um cara — ele diz com um sorriso perfeito em seus lábios. — Tive a ajuda do seu pai, e cá estamos.
— Por que fez isso? — pergunto ainda sem acreditar. Ele veio mesmo.
— Eu cometi o erro de não ter ido atrás de você uma vez, Lissa — ele fala ofegante e todo molhado. — Não vou fazer isso de novo, não importa o que você diga.
— Eu acho que você espera que isso resolva tudo, que eu corra para os teus braços, que o perdoe, que mantenhamos uma relação e sejamos felizes finalmente e...
— Espero isso tudo que disse — ele diz. — Mas por enquanto eu só espero que...
Ele me puxa para um beijo.
Era um beijo calmo e ao mesmo tempo urgente. Tinha um misto de saudade e desejo, como senti falta disso.
— Mamãe tá namorando — diz a minha filha nos fazendo parar o beijo para olhá-la.
A Karla estava com as mãos tapando os olhos da Catarina, já a Cathie mesmo com os olhos tapados tinha um sorriso incrível em seus lábios.
— Karla, poderia nos deixar a sós? — pergunto a ela que sai com a pequena.
— Me desculpe pela Cathie — digo.
— Nada disso, ela é uma menina muito doce, você fez um bom trabalho com ela — diz ele sorrindo para mim. —
— Me desculpe, mas é novo para mim, eu achei que não viria e...
— Lissa — ele diz baixo. — Choveu.
Sorri me lembrando das minhas palavras na ligação, disse que esperar por ele era como esperar pela chuva nessa seca.
— Bom, espero que amanhã esteja estiado, porque prometi que iria levar a Cathie à praia.
— Posso ir com vocês?
Uma parte de mim estava feliz em ver que ele queria fazer parte de tudo aquilo comigo e sua filha, mas outra parte, precisava que ele esclarece.
— O que você quer da gente, Rafa? — pergunto voltando a realidade. — Você leu as cartas?
— Não — ele diz. — Se quiser que eu saiba o que tem aqui, vai ter que me dizer. — ele coloca as cartas na mesa.
— Que tal você trocar de roupa primeiro — digo vendo que ele continuava com as roupas molhadas. — Pode pegar um resfriado.
— Vou para o meu quarto, mais tarde conversamos então — ele diz e sorri para mim. — Espero que gostem da minha casa.
Me espanto com o que diz. Sua casa?
Olho ao redor avaliando toda sua decoração, era incrível como havia gostado de tudo bem antes de saber que era sua casa, seus gostos, seus móveis, tínhamos gostos tão parecidos.
Subo para tomar um banho e me trocar.
Não sei bem qual o meu quarto, então procuro em todas as portas.
Entro no primeiro quarto, não era o primeiro do corredor, mas foi a primeira porta que me chamou atenção.
O quarto era lindo, mas o que me chamou atenção mesmo foi a vista que dava para ter pela varanda. Não abri a porta para que não molhasse tudo por dentro, mas queria muito saber como era essa vista pelo dia.
— Sabia que iria gostar daqui — diz o Rafael atrás de mim.
Me viro para respondê-lo, mas para minha surpresa, não consigo falar nada.
Aquele homem com o corpo perfeito me olha esperando uma resposta, mas não consegui deixar de encara sua pele nua, ele estava apenas de toalha com gotas de água escorrendo em seu peito nu.
— Me desculpe, eu não resisti — digo finalmente. — Aqui é o seu quarto?
— Sim — ele diz. — Deveria ter mostrado a vocês os quartos disponíveis — ele diz me encarando.
— Eu que não deveria ter entrado, deveria imaginar que esse quarto seria o principal. Me desculpe — digo ainda imóvel.
— Chega de desculpas — ele diz. — Vou me trocar e te ajudo a encontrar o seu — ele diz andando até mim. No meu pé do ouvido ouço ele dizer. — Mas esse quarto pode ser nosso se você quiser.
Não digo nada, mas posso sentir minhas bochechas queimarem.
Estava com muita vergonha dessa situação.
— Vou te esperar no corredor — digo saindo do seu aperto.
O que está acontecendo comigo?
Como esse homem ainda pode ter efeito sobre mim?
Tento me manter calma enquanto o espero.
Calma, Clarissa! É tudo pela Cathie, ela merece conhecer o seu pai, não é sobre vocês, não existe a gente mais.
Continuo ali imóvel esperando o Rafael aparecer.
Continua...
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Beijos, Larissa.
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Segunda Chance
RomanceO tempo é o remédio para curar todas as feridas, disseram a Clarissa. Depois de anos morando fora, ela decide voltar ao Brasil para uma reunião familiar que acontecia todos os anos em sua família, essa seria a primeira depois de anos que ela iria co...