Capítulo 27

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Rafael

Depois da conversa com a Clarissa, fiquei no quintal tentando por minha ideias no lugar.

Eu sou pai, pai de uma garotinha, como ela pode me esconder isso por tanto tempo?

Eu sei que tenho minha parcial de culpa, e que minha mãe sabia da existência dessa criança e não me contou nada, mas mesmo depois de descobrir tudo a Clarissa ainda sim a escondeu de mim, ainda sim não queria me contar.

A Catarina não faz ideia que tem um pai, ainda mais que ele esteja tão perto dela.

Não vai ser fácil contar tudo a ela, isso pode causar muitas coisas na cabeça da minha menina, afinal, ela tinha um pai que nunca a via, ela nunca sentiu o amor do seu pai, mas esse pai sou eu.

Estou tão confuso, são tantas informações. Sei que errei da maneira que falei com a Clarissa, mas não sei se estou preparado para essa responsabilidade, eu quero a Clarissa e estava disposto a ficar com ela e com a Catarina, por ser sua filha, mas agora sei que ela é minha, tenho tanta responsabilidade sobre ela como a Clarissa tem.

Tenho medo de estragar tudo com elas, medo de falar ou fazer alguma besteira.

Vou para o meu quarto em meio a tantos pensamentos, passo a noite fitando o teto pensando no que fazer.

Vejo o brilho do sol pela janela invadir o meu quarto, e percebo que já amanheceu.

Respiro fundo antes de me levantar, ainda não havia tomado a minha decisão, mas sei que o que fiz e disse ontem a Clarissa não é certo, preciso que elas fiquem aqui.

Tomo um banho rápido e logo saio do quarto procurando por elas, torcendo para que não tenham saído.

Não as encontro em seus quartos, mas vejo suas malas no canto ainda feitas.

Me dá uma ponta de esperança pensar que ainda tenho chance de me desculpar.

Corro para o andar de baixo e me deparo com elas tomando café da manhã, e tinha mais alguém com elas.

— Bom dia, Rafael — Catarina fala sorridente.

— Bom dia — respondo.

— É... bom dia — Karla fala tímida e olha para amiga que em nenhum momento levanta seu olhar para mim.

— Bom dia, Rafa — diz então o homem que as acompanhava, alguém que conhecia bem. — Espero que não se importe, elas me convidaram para o café.

— Claro que não, fique a vontade — digo me juntando a eles a mesa. — Mas confesso que estou surpreso em vê-lo por aqui. Digo para meu amigo e meu chefe, o Samuel.

— Bem, você sabe, eu tenho a chave da sua casa, estava de passagem por Natal e resolvi vir aqui descansar antes de voltar ao trabalho — ele explica.

— Mas chamamos ele para comer — diz minha princesa. — Porque ele é bem legal, não é tia Karla?

A Karla fica vermelha assim que ouve o que a Catarina fala. Seguro o riso já entendendo o que estava acontecendo.

— Elas me falaram que estão a trabalho, e não pensei que viesse junto, já que me fez súplicas para trabalhar de Sergipe — ele fala e cruza os braços.

— Foi repentino — explico. — Vamos ficar poucos dias.

— Sim, vamos — Clarissa fala a primeira vez desde que cheguei. — Mas vamos fazer alguns passeios pela cidade, conhecer as praias talvez — ela sorri para ele. Como queria que aquele sorriso fosse para mim. — Se quiser nos acompanhar.

— Seria ótimo — ele diz e sorri. Depois olha para a Karla, e os dois trocam olhares.

Sorri olhando para a Catarina que pisca um olho para mim.

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