Funerais.
Nunca entendi pessoas que acham funerais tristes, quer dizer, funerais são de tudo, deprementes, chatos, tediosos, desnecessariamente longos de mais, mas não tristes.Não existe tristeza na passagem de uma pessoa desta para melhor. Então talvez, as pessoas que acham funerais tristes, não o achem pelo facto de seu ente ter morrido, talvez sim, pelo facto de ele ter morido e eles continuarem vivos, porque de facto isso sim era uma verdadeira tristeza.
Pensar que mais uma alma deixa o mundo dos vivos e essa não é a sua, bom pelo menos eu me sentia assim em funerais. Mesmo que em dezessete anos de vida, aquele fosse o primeiro.
Fazia uma hora desde que o padre tinha começado a falar e parecia longe de terminar, como eu disse, cerimónias funebres são desnecessariamente longas.
Eu mal escutava o que o homem velho e branco de vestido parado no altar dizia, minha mente estava mais focada na face do homem velho e branco estampado em uma impressão fotográfica em uma moldura cara.
Aquela fotografia me intrigou, desde o primeiro minuto que entramos naquela igreja.
Jerry era feio, como eu disse, velho e branco, também era rico, mas não vem ao caso. Ele era feio e não sabia sorrir, seus dentes eram amarelos de tanto cigarro que fumava e enrugado como se ele estivesse o tempo todo dentro de uma banheira de água quente.
Era feio e tinha olhos da cor de tempestade. Eu nunca o via sorrir.
Mas naquela fotografia, ele exibia um sorriso estonteante e esbranquiçado e seu rosto não tinha tantas rugas assim. Aquela fotografia do meu falecido padrasto tinha com certeza sido editada, muito editada, era incrível o que minha mãe conseguia fazer com o programa certo de photoshop.
Franzi meu cenho e olhei minha mãe. Tinha mais de uma hora que ela forçava lágrimas a cairem por sua pele negra, era fascinante. Era quase inacreditável, sempre que eu a olhava sentia vontade de rir. Não sei como ela conseguia ser tão falsa.
Bem, inacreditável mesmo, era o quão justo e curto seu vestido preto era, para não falar de decotado.
Era como se durante a produção do vestido, da marca Fendi, o tecido tivesse acabado e eles tinham decidido simplesmente deixar estar, suas costas estavam completamente expostas. Jerry nunca a deixaria sair assim de casa.
Seus olhos escuros pararam em mim e eu desviei meu olhar. Meu rosto era extremamente expressivo e eu não conseguiria disfarçar a careta que tinha vontade de fazer em sua direção, isso a desconcentraria do seu papel de viúva desolada.
Voltei a olhar para a foto do Jerry que estava perto de seu caixão aberto.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...