-Eu não acredito nisso!- revieei meus olhos, vendo Tyler parado no meio da sala de estar.
-Melissy...
-Vão oficializar o casamento? Precisam que eu abençoe a relação?- perguntei irritada e o loiro respirou fundo.- Cadê a noiva?- olhei para os lados e não vi minha mãe.
-Por favor me escuta!- Ele ia segurar meu braço mas meu pai o impediu.
-Toca nela só se estiver com vontade de perder a mão!- Malcom falou olhando nos olhos de Tyler e o loiro menor se afastou.
Escutamos o som de algo cair, vindo das escadas e todos olhamos, era minha mãe. Completamente paralisada de medo.
-Gilly!- meu pai sorriu ao vê-la, mas a mulher negra que tremia não retribuiu o gesto, pelo contrário, ela correu escada acima.
Meu pai me olhou, e a seguiu, assim como eu fiz e o loiro veio logo atrás.
Minha mãe se trancou em seu quarto e meu pai batia calmamente na porta.
-Ela não vai abrir! Vamos embora, deixa ela estar!- pedi, mesmo sabendo que meu pai não desistiria.
-Você me chamou aqui Gilia, abre a porta e vamos conversar!- apelou e todos ficamos em silêncio apenas esperando, sem esperanças, que a porta fosse aberta.
E para a surpresa de todos ela foi realmente aberta, mas a Gilia não estava disposta a conversar e a prova disso, foi a bala que atingiu o peito do meu pai.
Arregalei meus olhos, sem conseguir processar direito o que tinha acontecido.
-PAI!- chamei pelo homem que caiu no costas.- Papai por favor me responde, eu te amo, por favor não morre agora!- me ajoelhei perto de sua cabeça e puxei para meu colo.
Aquilo não podia estar a acontecer, não quando eu tinha finalmente ganho o pai que sempre quis. Minhas lágrimas molharam seu corpo, a bala tinha acertado seu coração com certeza. Ele estava morto e seu sangue jorava para fora do corpo como água em uma torneira.
-EU TE ODEIO!- gritei para a mulher que ainda segurava a arma e tremia toda.
-ME ODEIA? SUA INGRATA! TUDO, TUDO QUE EU FIZ DESDE QUE VOCÊ NASCEU, TODA MINHA VIDA, TODA A DOR QUE EU AGUENTEI POR VOCÊ NÃO SERVIU DE NADA PARA VOCÊ NÉ?! ESTÁ CHORANDO PELO HOMEM QUE FEZ DA SUA INFÂNCIA UM INFERNO...
-ELE MUDOU!- gritei em prantos ainda segurando o corpo pálido do meu pai.
-ELE MUDOU?! VAI SE FUDER MELISSY, EU FIZ DE TUDO, TUDO POR VOCÊ, SEMPRE TE COLOQUEI ANTES DE MIM...- A mulher também chorava, mas nossas lágrimas não eram pelo mesmo motivo.
Ela com certeza não sentia remorso por ter matado meu pai.
-Papai por favor!- eu sabia que ele estava morto, mas não sabia mais o que fazer, então apenas supliquei para que ele acordasse.
-TE PROTEGER ERA MEU ÚNICO OBJETIVO DE VIDA SABIA?!
-EU NÃO PEDI PARA NASCER!- gritei irritada e cansada de escutar a voz daquela que tinha me dado a vida, e tirado a do meu pai.
-PROTEGER VOCÊ ERA MEU ÚNICO OBJETIVO DE VIDA MISSY! Agora não precisa mais de mim!
-Gilia não f...- Tyler se calou derepente.
Quando minha mente processou suas palavras, já era tarde. O som alto do tiro que Gilia deu na própria cabeça ecoou pela casa e eu arregalei meus olhos na direção do corpo da mulher.
Ela se matou.
Pisquei meus olhos algumas vezes e vi em camera lenta o loiro correr para perto ela.
-Isso é tudo culpa sua!- eu sabia que o loiro nada tinha haver com aquilo tudo, eu só precisava descarregar em alguém.
Me levantei, sem conseguir parar de chorar e puxei o garoto para longe do corpo da minha mãe.
-Se não tivesse contado aobre meu pai, bada disso teria acontecido!- segurei a arma, não conseguindo organizar meus pensamentos direito.
Minha visão estava turva por conta das lágrimas e minha cabeça doía.
-É CULPA SUA TYLER!- apontei a arma para a cabeça do loiro apavorado e fechei meus olhos por instantes.- É culpa minha!- falei mais para mim do que para ele.
Se eu não tivesse nascido nada daquilo teria acontecido.
Apontei para minha cabeça e fechei meus olhos. Eu não merecia viver, eu tinha estragado a vida deles. Era tudo culpa minha.
Quando finalmente ganhei coragem de apertar o gatilho, a arma caiu de minha mão e um corpo grande me envolveu toda.
Eu conhecia aquele cheiro.
-Que merda?! Quer deixar o Júnior órfão?- perguntou baixo e me agarrei ao moletom daquele que tinha sido ordenado a esperar no carro e agora estava ali, com a respiração ofegante, com certeza tinha corrido bastante para ver o que tinha acontecido.- Vem feia, vamos sair daqui!- Me pegou em seu colo e eu escondi meu rosto em seu peito.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...