40. Minha culpa!

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-Eu não acredito nisso!- revieei meus olhos, vendo Tyler parado no meio da sala de estar.

-Melissy...

-Vão oficializar o casamento? Precisam que eu abençoe a relação?- perguntei irritada e o loiro respirou fundo.- Cadê a noiva?- olhei para os lados e não vi minha mãe.

-Por favor me escuta!- Ele ia segurar meu braço mas meu pai o impediu.

-Toca nela só se estiver com vontade de perder a mão!- Malcom falou olhando nos olhos de Tyler e o loiro menor se afastou.

Escutamos o som de algo cair, vindo das escadas e todos olhamos, era minha mãe. Completamente paralisada de medo.

-Gilly!- meu pai sorriu ao vê-la, mas a mulher negra que tremia não retribuiu o gesto, pelo contrário, ela correu escada acima.

Meu pai me olhou, e a seguiu, assim como eu fiz e o loiro veio logo atrás.

Minha mãe se trancou em seu quarto e meu pai batia calmamente na porta.

-Ela não vai abrir! Vamos embora, deixa ela estar!- pedi, mesmo sabendo que meu pai não desistiria.

-Você me chamou aqui Gilia, abre a porta e vamos conversar!- apelou e todos ficamos em silêncio apenas esperando, sem esperanças, que a porta fosse aberta.

E para a surpresa de todos ela foi realmente aberta, mas a Gilia não estava disposta a conversar e a prova disso, foi a bala que atingiu o peito do meu pai.

Arregalei meus olhos, sem conseguir processar direito o que tinha acontecido.

-PAI!- chamei pelo homem que caiu no costas.- Papai por favor me responde, eu te amo, por favor não morre agora!- me ajoelhei perto de sua cabeça e puxei para meu colo.

Aquilo não podia estar a acontecer, não quando eu tinha finalmente ganho o pai que sempre quis. Minhas lágrimas molharam seu corpo, a bala tinha acertado seu coração com certeza. Ele estava morto e seu sangue jorava para fora do corpo como água em uma torneira.

-EU TE ODEIO!- gritei para a mulher que ainda segurava a arma e tremia toda.

-ME ODEIA? SUA INGRATA! TUDO, TUDO QUE EU FIZ DESDE QUE VOCÊ NASCEU, TODA MINHA VIDA, TODA A DOR QUE EU AGUENTEI POR VOCÊ NÃO SERVIU DE NADA PARA VOCÊ NÉ?! ESTÁ CHORANDO PELO HOMEM QUE FEZ DA SUA INFÂNCIA UM INFERNO...

-ELE MUDOU!- gritei em prantos ainda segurando o corpo pálido do meu pai.

-ELE MUDOU?! VAI SE FUDER MELISSY, EU FIZ DE TUDO, TUDO POR VOCÊ, SEMPRE TE COLOQUEI ANTES DE MIM...- A mulher também chorava, mas nossas lágrimas não eram pelo mesmo motivo.

Ela com certeza não sentia remorso por ter matado meu pai.

-Papai por favor!- eu sabia que ele estava morto, mas não sabia mais o que fazer, então apenas supliquei para que ele acordasse.

-TE PROTEGER ERA MEU ÚNICO OBJETIVO DE VIDA SABIA?!

-EU NÃO PEDI PARA NASCER!- gritei irritada e cansada de escutar a voz daquela que tinha me dado a vida, e tirado a do meu pai.

-PROTEGER VOCÊ ERA MEU ÚNICO OBJETIVO DE VIDA MISSY! Agora não precisa mais de mim!

-Gilia não f...- Tyler se calou derepente.

Quando minha mente processou suas palavras, já era tarde. O som alto do tiro que Gilia deu na própria cabeça ecoou pela casa e eu arregalei meus olhos na direção do corpo da mulher.

Ela se matou.

Pisquei meus olhos algumas vezes e vi em camera lenta o loiro correr para perto ela.

-Isso é tudo culpa sua!- eu sabia que o loiro nada tinha haver com aquilo tudo, eu só precisava descarregar em alguém.

Me levantei, sem conseguir parar de chorar e puxei o garoto para longe do corpo da minha mãe.

-Se não tivesse contado aobre meu pai, bada disso teria acontecido!- segurei a arma, não conseguindo organizar meus pensamentos direito.

Minha visão estava turva por conta das lágrimas e minha cabeça doía.

-É CULPA SUA TYLER!- apontei a arma para a cabeça do loiro apavorado e fechei meus olhos por instantes.- É culpa minha!- falei mais para mim do que para ele.

Se eu não tivesse nascido nada daquilo teria acontecido.

Apontei para minha cabeça e fechei meus olhos. Eu não merecia viver, eu tinha estragado a vida deles. Era tudo culpa minha.

Quando finalmente ganhei coragem de apertar o gatilho, a arma caiu de minha mão e um corpo grande me envolveu toda.

Eu conhecia aquele cheiro.

-Que merda?! Quer deixar o Júnior órfão?- perguntou baixo e me agarrei ao moletom daquele que tinha sido ordenado a esperar no carro e agora estava ali, com a respiração ofegante, com certeza tinha corrido bastante para ver o que tinha acontecido.- Vem feia, vamos sair daqui!- Me pegou em seu colo e eu escondi meu rosto em seu peito.

My faultOnde histórias criam vida. Descubra agora