2. Educação física erh!

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-Missy!- escutei minha mãe dizer enquanto balançava meu ombro e resmunguei, me recusando a abrir os olhos- Melissy!- me chamou mais alto e eu não tive outra opção se não despertar.

-Já estou acordada!- disse ao me por sentada no sofá e minha mãe sorriu para mim.- Porquê esse sorriso?- perguntei e a mulher negra, se sentou de forma animada.

-Porque, eu pensei que podíamos sair juntas hoje, não fazemos isso desde...

Ela baixou seu olhar e eu entendi, desde que tínhamos vindo viver para a casa do velho rico que fazia de nossas vidas um inferno, mas nos dava teto, roupas e comida, então deixávamos passar.

-Tenho que ir para a escola mãe, próxima semana é semana de testes, no sábado fazemos isso, prometo!

Minha mãe fez beiço e eu sorri um pouco para sua beleza, ela era muito linda, mesmo tendo sofrido tanto.

-Okay! No sábado você é toda minha!- me abraçou e eu ri quando a mulher jogou todo o peso do sei corpo em mim.

Quando consegui me soltar dela, subi as escadas e fui me arrumar para ir a escola.

Me despedi de minha mãe e entrei no Mercedes-Benz que era do meu padrasto. Eu e minha mãe tínhamos concordado que eu ficava com o Mercedes-Benz e ela com os outros quatro carros. O Brabus preto, com certeza era suficiente para mim.

Sempre fui fascinada pela Mercedes.

Conectei o rádio com o meu celular e o som da voz do NF acompanhando a melodia de "Hope" preencheu o espaço e eu cantei junto com ele.

Assim que estacionei em frente ao enorme campus do Deauville high school, notei que grande parte, se não todos, os meus colegas de escola tinham parado suas vidinhas para me olhar.

Talvez por eu nunca ter ido a escola de carro antes, ou por aquele ser o carro do meu recém falecido padrasto.

Era uma cidade pequena, eu sabia bem que eles tinham tomado conhecimento do ocorrido, embora nenhum deles tivesse aparecido no funeral para me abraçar e dizer "sinto muito" mesmo que na verdade não sentissem. Não que tenham feito falta, dispensava todo e qualquer contacto que pudesse ser evitado com qualquer um deles.

Suspirei assim que desci do carro e cruzei com algumas das minhas colegas de classe, "vestidas" do minúsculo uniforme de educação física. Eu odiava muito aquela aula.

Nós literalmente ficávamos sentados na arquibancada, vendo nosso time de LaCrosse treinar e com certeza LaCrosse não era dos meus despotos favoritos.

Segui até ao vestiário que estava quase vazio. Me troquei, enquanto murmurava para meus botões.

Eu não entendia qual a necessida de nós todos trocarmos de roupa se no fim só os meninos do time jogavam.

Parei em frente ao espelho de corpo inteiro e depois de prender meus fios crespos com o auxílio de um atador, respirei fundo, encarando meu corpo dentro pedaço de pano leve que era o short azul escuro e o tope amarelo que eram as cores do Deauville.

Vi a cicatriz em minha costela, neguei com a cabeça e peguei em meu armário o moletom da escola que era duas vezes o meu tamanho.

Quando finalmente ganhei coragem para sair do vestiário, o sinal já tinha tocado e meus colegas dirigiam-se todos para o campo.

Sentada no extremo da arquibancada, peguei meu livro "Um homem e uma mulher" e abri na página que tinha lido da última vez.

My faultOnde histórias criam vida. Descubra agora