Apertei a mão do loiro, quando estávamos perto do grupo de de garotos e garotas sentados em uma das mesas de piquenique espalhadas pelo jardim.
-Tyler, a quanto tempo?!- Dainara Hunter chegou perto do loiro e mandou seus cabelos ruivos e longos para o lado.
Engoli seco quando ela matou o sorriso que repousava em seu rosto, para me olhar.
Soltei a mão do Tyler e me encolhi quando ele me olhou com o cenho franzido, mas seu olhar não durou muito em mim, pois a ruiva segurou seu rosto, sorriu e o puxou para a mesa.
Senti lágrimas se formarem em meus olhos e olhei para todos os lados, ainda em pé naquele mesmo lugar.
-Vem pretinha!- Cooper me puxou pelo pulso e me colocou sentada do outro lado da mesa. Ele se sentou do meu lado e eu engoli seco mais uma vez.
Todos naquela mesa era bonitos. Eu os conhecia, eram amigos do Tyler, lideres de torcida e membros das diferentes equipas da escola.
Vi Dainara invadir os cachos do loiro com suas unhas, enquanto ele tentava afastar, delicadamente sua mão.
-Pára!- ele pediu baixo, mas não o suficiente para que nós não escutassemos.
-Eu sei que você gosta!- ela sorriu e Conan me olhou, mas logo desviei meu olhar, o focando no moreno ao meu lado.
-Então Melissy...- Bruce tentou puxar assunto mas deixei de ouvir sua voz quando o som de algo parecido com um beijo chegou à meus ouvidos.
Franzi meu cenho e olhei na direção do loiro cujo pescoço era beijado pela ruiva.
-Dainara, pára com isso!- sua voz soou rouca e eu senti minha respiração falhar.
Em minha mente imaginei diversas formas de quebrar a cabeça da ruiva, mas eu não seria capaz, ela me mataria na porrada.
Eu e todos as outras cinco pessoas sentadas naquela mesa, vimos a mão da ruiva entrar para debaixo da mesa e com certeza todos sabíamos onde ia parar.
Eu parecia ser a única incomodada com aquela cena, então decidi me retirar.
Mas, como se advinhasse que eu planejava ir-me embora, a ruiva me dirigiu a palavra.
-Melissy!- disse meu nome e eu respirei fundo antes de olhá-la.- O que vocês o dois têm?- apontou com sua unha para mim e depois para o loiro a quem ela estava grudada.
Olhei Conan, mas ele não me olhou de volta, engoli seco e senti uma lágrima cair por minha bochecha esquerda.
-Ela é minha namorada!- Tyler disse me olhando e eu neguei com a cabeça.
-Não sou namorada dele!- olhei em seus olhos que me faziam pensar no mar e me levantei, sem dizer mais nada, ou esperar para ouvir, eu me retirei de sua presença.
Realmente, eu não era sua namorada. Então não tinha motivos para rogar pragas contra a ruiva bonita de olhos cor de mel e muito menos para estar desmoronando em lágrimas.
Eu sentia cada olho de cada ser humano naquele corredor, me observar, eu conseguia senti-los me julgando. Eu quase podia ouvir seus cochichos mas estava mais preocupada em chegar em algum lugar onde eu pudesse surtar em paz.
Achei o lugar, mas não a paz. Assim que cheguei à parte traseira do Deauville, um certo loiro segurou meu braço, enquanto eu cobria minha boca com a palma da mão, contendo o grito que lutava para escapar de mim.
-Amor!
-Me solta!- pedi, sem olhar em seus olhos e o garoto obedeceu.
Me agachei, para chorar em meus joelhos e acabei sentada no chão.
-Me desculpa princesa, eu tentei mandar ela parar!- se sentou do meu lado e puxou meu corpo para o seu, mas eu me recusei gentilmente a deitar em seu peito e me levantei.
Senti vontade de bater em alguma coisa, mas descontei minha raiva no chão, que nada tinha feito para mim, e no entanto era pisoteado com toda a força que eu tinha em meu pequeno corpo.
Mordi meu lábio com força e por pouco não sangrei, mas quando o ouvi se levantar, respirei fundo, limpei minhas lágrimas, me virei e olhei em seus olhos.
-Porquê está se desculpando!- franzi meu cenho e sorri falsamente.- Não temos nada! Até onde sei, pode ficar com quem quiser, em público, ou não, você que sabe!- tentei não transparecer toda a dor que sentia em meu peito, mas só tentei pois no exato segundo em que me calei, as lágrimas voltaram a cair.
Neguei com a cabeça e sem pensar, deferi meu melhor soco contra seu peito, mas o loiro pareceu mal ter sentido e apenas me encarou com aqueles olhos de mar.
Deferi outro soco e outro a seguir e esse, depois, uma sucessão deles, até o garoto segurar meus pulsos, suspirar para o céu e olhar em meus olhos.
-Eu te amo!- falou bem perto do meu rosto.- E até a Dainara sabe disso, porque tem mais de três anos que eu não me canso de falar para meus amigos que daria tudo para ter um beijo seu McKenzie!
-Já teve!- falei chorosa e o loiro sorriu.
-Não é suficiente! Achei que seria, mas eu não fazia ideia do quão bom seu beijo era, Missy, e agora sinto que não posso mais viver sem ele!- Tyler Conan mordeu seu lábio inferior e sorriu antes de me beijar, ainda segurando meus pulsos.- Aceita ser minha namorada Melissy McKenzie!?- perguntou de forma fofa e eu suspirei, com dores de cabeça.
-Não Conan!- olhei em seus olhos e vi o garoto franzir seu cenho.- Não desse jeito, não depois...- respirei fundo lembrando da cena.- Daquilo!- preferi nem mencionar.
-A Dainara é maluca Melissy, ela fez aquilo só para te deixar mal!- explicou e eu neguei com a cabeça.
-Posso pensar?- perguntei me afastando e o garoto esboçou um aceno com a cabeça.
-Claro!- disse baixo e eu suspirei, não sabendo mais o que dizer ou fazer.
Foi estranho. Nunca tinha me sentido daquele jeito, pelo menos em relação ao Tyler, sempre parecia que dizendo algo ou ficando calada, era a mesma coisa, não tinha necessidade de palavras, mas naquele dia, naquela tarde, a atmosfera pesou e eu implorei para que ele quebrasse aquele silêncio húmido e desconfortável.
Mas ele não o fez, apenas ficou lá me encarando. Enquanto eu tentava forçar minha mente a invetar qualquer coisa para dizer.
-Nos falamos depois!- foi o som que acusava o fim do recreio que me salvou.
Passei do seu lado e senti ele se virar para me ver caminhar, na direção de nossa sala de aulas.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...