Muitos finais de semana se passaram e aos sábados era basicamente, sempre a mesma coisa.
Tyler bebendo o whisky do meu padrasto, enquanto minha mãe esvaziava uma garrafa de vinho no quintal, na sala, no terraço, na piscina, todo sábado era um canto diferente da mansão.
Por isso, toda vez que a sexta feira chegava, eu ficava com os dedos cruzados, rezando para que o dia acabasse o mais brevemente possível, para que o sábado viesse.
Eu amava o sábado. Também amava o resto da semana, que eu passava com o Tyler, na escola, mas não era a mesma coisa.
Minha mãe gostava dele, mesmo que se recusasse a admitir. Seu sorriso não mentia, a presença do Tyler fazia bem para mim e meu bem, era o bem da minha mãe.
Mas naquele final de semana, o Tyler não apareceu. Ele sempre chegava a mesma hora, com chocolates e flores para mim, então quando ele se atrasou, eu pensei que talvez o supermercado estivesse cheio e ele estivesse esperando na fila.
Então me sentei na sofá e tentei não encarar a porta.
-Relaxa Missy! Não é como se fosse a primeira vez que o Tyler vem aqui!- Minha mãe disse, ao descer as escadas, vendo o quão ansiosa eu estava.
-Eu sei mãe, mas toda vez, é como se fosse a primeira vez!- tentei que meu pé parasse de se balançar mas o mesmo se recusou, e minhas mãos decidiram acompanhar a festa, tremendo, como se estivesse frio, mas não estava.
-O amor adolescente me dá náuseas, vou subir, quando ele chegar me chama!- disse voltando a subir as escadas.
Respirei fundo e destravei a tela do meu celular, mas não havia nenhuma mensagem, então eu mandei, perguntando se ele estava atrasado. Mas, não obtive resposta, o que foi estranho, Tyler sempre respondia minhas mensagens no mesmo instante, a não ser, que estivesse ocupado.
Sim. Ele estava ocupado, talvez tomando banho, podia ter acordado tarde e só agora estava tomando banho.
Prontos. Ele ia chegar logo, só estava no banho por ter acordado tarde.Mas porquê ele acordaria tarde? Só falamos até às 7 da noite, ele disse que precisava dormir cedo para acordar cedo, não fazia sentido.
Me levantei do sofá e fiz alto. Encarando o teto sob minha cabeça.
Minha mente não se calava e eu estava farta disso, então decidi que se ele não vinha até mim, eu iria até ele.
Mas, isso parecia um pouco desesperado da minha parte. Ele só estava atrasado algumas horas, não era para tanto.
Sentada em meu Mercedes-Benz, à apenas alguns centímetros de sua casa, eu tentei, uma última vez, ligar para seu celular e dessa vez ele atendeu.
-Está tudo bem Tyler?
-Desculpa, não posso falar agora e não poderei vir hoje, até segunda!
Nossa conversa foi curta e pouco esclarecedora.
Suspirei, ele não parecia bem, então mordi meu lábio e fiz a primeira coisa que me deu vontade, que foi descer do carro e atravessar a rua, até sua casa.
Talvez eu estivesse sendo grudenta de mais, mas eu precisava saber o que estava a acontecer, precisava vê-lo.
Engoli seco e hesitei um pouco antes de tocar a campainha, mas logo ignorei todos os sinos que tilintavam em minha mente, me aconselhando a não fazer aquilo e toquei.
Mas nada de obter uma resposta, então esperei e dali há alguns minutos, toquei novamente.
-Acho que a casa tá vazia!- uma voz rouca disse atrás de mim e eu fechei meus olhos por instantes, enquanto um calafrio percorria cada nervo do meu corpo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...