A "aula" terminou e eu me levantei da arquibancada.
No campo consegui ver alguns garotos jogados no chão, exaustos, sem camisa, mas não vi Tyler. Não que eu estivesse procurando, eu só não o vi.
Dei de ombros e caminhei pelo corredor, ainda faltavam quinze minutos para a proxima aula, que era o tempo que a escola dava, para trocarmos de roupa e o time de LaCrosse tomar banho.
A aula seguinte era de matemática, então eu não estava muito animada para que ela chegasse.
Nunca fui boa a matemática, na verdade eu odiava a disciplina, minha mãe dizia que eu tinha herdado isso do Malcom.
-Eu detesto matemática!- sua voz soou ao meu lado e eu me assustei um pouco. Por instantes, inconscientemente, achei que Tyler Conan fosse meu pai.- Desculpa não quis te assustar!- disse educado.
-Tudo bem!- sorri sem mostrar meus dentes.- Só acho que ninguém morreu ainda!- lembrei do fim da conversa que tinhamos tido há quarenta e cinco minutos atrás.
-Minha vontade de estudar conta?- brincou e eu ri, espontaneamente.
Olhei Conan e ele estava com os cabelos húmidos e vestido de luto.
Me apercebi que ele sempre saia antes dos colegas para tomar banho, era estranho porque todos eles sempre tomavam banho juntos, menos ele, ele nunca.
-Acho que não Conan!- suspirei, desviando meu olhar dele.
-Então, vamos matar aula, acho que é suficiente!- ele sorria.
Mas eu não sorri de volta. Minha mãe com certeza tinha ouvido aquela proposta milhares de vezes, vindas do meu pai. Engoli seco e neguei com a cabeça, sem conseguir olhar em seus olhos.
-Não é!- falei seco e comecei a apressar meu passo, Conan percebeu a mensagem e ficou para trás.
Senti minhas mãos tremerem e engoli seco, eu sabia o que se seguia então me sentei, sem me importar de estar no corredor. Dobrei meus joelhos contra o peito e escondi meu rosto nele, naquele momento eu nem pensei na possibilidade de alguém passar por ali, eu só queria que aquela tontura passasse, e se me apanhasse de pé, eu provavelmente cairia.
Apertei meus cabelos e cantei baixo, enquanto minhas mãos ainda tremiam e minhas pernas estavam inquietas, com a sola da sapatilha batendo contra o chão. Algumas lágrimas molharam meu joelho e eu me encolhi mais, tentando ao máximo controlar meu corpo, mas era difícil.
Contei até 10 e recomecei, como minha mãe me mandava fazer toda vez que tinha uma crise de ansiedade. Mas não funcionou, senti meu peito apertar e me levantei, puxei as mangas do moletom para limpar meu rosto e me assustei quando meus olhos cruzaram com a imagem de um certo loiro, me olhando intensamente.
Ele abriu a boca para falar algo mas eu não ouvi, pois meus pés, por vontade própria, correram para longe dele.
Abri, bruscamente a porta do vestiário e as meninas que conversavam animadamente agora me encaravam com os olhos arregalados.
Mordi meu lábio e passei por elas, quase que correndo.
Entrei no balneário e depois de tirar meu moletom, entrei no chuveiro.
Escutei alguns gritos das minhas colegas, mas estava concentrada de mais em respirar, para prestar atenção ou tentar descobrir qual era o problema, que no fim seria apenas um insecto inofensivo.
Passei as mãos no rosto e soltei meus cabelos, me arrependendo de tê-los molhado, pois encolheriam.
Passei as mãos no rosto, me concentrando na sensação da água, invadindo minha pele e limpando meus poros, para que todo meu corpo respirasse.
-Melissy!- sua voz, mais uma vez naquele dia, me assustou e dessa vez mais do que nas outras.
-Não pode entrar aqui Tyler!- eu disse diante do garoto que caminhava até mim.
Ele nada disse, somente chegou perto, e seus braços grandes me envolveram em um abraço forte.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...