16. Boas aulas!

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Dobrei meus joelhos contra o peito e os abracei, escondendo lá minha cabeça logo a seguir.

Chorei, sem me importar com a presença do loiro e senti sua mão grande em minhas costas.

Tyler me puxou para deitar em seu peito e eu não ofereci resistência.

Minhas mãos tremiam mais que o normal e eu sentia como se meu coração fosse explodir em meus olhos, me senti enjoada e com falta de ar.

-Ei amor, está tudo bem! Respira!

Eu tentei, tentei respirar, mas naquele momento parecia a tarefa mais dificil do mundo, fechei meus olhos e continuei chorando enquanto meu estômago se embrulhava e eu me via de novo naquela casa.

Eu me via trancada naquele armário, eu gritava, esperneava e implorava para que ele me deixasse sair, mas não esperava nada, na verdade não queria esperar, se ele me tirasse dali, com certeza seria para me espancar e eu ainda não tinha decidido o que era pior, a escuridão, ou seus socos.

-Amor!- Tyler chamou quando eu apertei seu moletom e quando não respondi, o garoto loiro me pegou em seu colo, atravessou a porta vidrada e me colocou deitada no chão da varanda.

Senti o chão gelado em minhas costas e fechei meus olhos para tentar respirar. O loiro se sentou ao meu lado, puxou minha cabeça para seu colo e beijou minha testa.

-Só respira!- segurou minha mão.- Aposto que não consegue contar as batidas do meu coração!- ele sorriu um pouco e levou minha mão até seu peito.

Estava muito acelerado mas eu fechei meus olhos e me concentrei apenas na sensação de tê-lo batendo contra a palma da minha mão.

Contei 10 batidas em menos de 3 segundos e contei outras 10, dois segundos depois. Ele não estava tão calmo quanto parecia.

-Conseguiu?- perguntou quando percebeu que minha respiração já estava estabilizada e eu assenti.- Tá tudo bem, eu estou aqui agora, nada mais pode te machucar okay?

-Okay, príncipe!

-Eu te amo minha princesa!- me pegou em seu colo de novo e me levou para dentro do quarto.- Quer matar aula de novo?- propôs com um sorriso traquina nos lábios e eu neguei com a cabeça em um sorriso.

-Vou tomar banho, saio em 10 minutos para a gente ir para a escola!- beijei seus lábios e o loiro riu.

-Tudo bem!- disse enquanto acompanhava meus passos com o olhar.

Entrei no chuveiro depois de despir meu pijama e suspirei ao sentir a água lavar meu corpo.

Dez, exatos minutos depois, eu fechei o chuveiro e franzi meu cenho, enrolada na toalha, escutando vozes vindas do meu quarto.

-Eu nunca a machucaria!- Tyler dizia, mordi meu lábio de baixo e respirei fundo abrindo um pouco a porta para ouvir melhor.

-Quando machucar, garoto e eu sei que vai, saiba que eu não hesitarei em ir a sua trás!

-Fique descansada Gilia!- o loiro parecia pouco preocupado.- E eu sinto muito pelo que passou, nenhum homem deveria ter a coragem de bater em uma mulher, quanto menos em uma criança, não sofra mais, ele não merece!

Minha mãe não respondeu, apenas saiu, passando por cima da porta derrubada.

Saí do banheiro e abracei o garoto alto que tinha o coração disparado.

-Sua mãe me dá medo!- ele disse baixo.

-Eh, a mim também!- respondi seria, ainda abraçada a ele e o garoto beijou o topo da minha cabeça.- Vou me vestir!- avisei e me afastei dele, andando até meu closet.

-Tá linda pra caralho!- disse assim que apareci e eu franzi meu cenho em sua direção.

Olhei minhas roupas que eram literalmente apenas uma camisa branca, larga, uma calça moletom cinzenta e sapatilhas air jordan das duas cores.

-Me iluda que eu gosto!- neguei com a cabeça e o loiro riu, vindo me beijar.

Assim que terminei de arrumar minha mochila, passamos pela porta e descemos as escadas.

-Já vamos mãe!- falei baixo, para a mulher sentada no sofá, com uma taça de vinho na mão, encarando a TV desligada.

-Boas aulas!- ergueu a taça no ar e eu suspirei.

O loiro apenas a olhou e quando cansamos de a encarar, saímos pela porta e entramos em seu carro.

My faultOnde histórias criam vida. Descubra agora