30. Nunca mais faz isso!

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Meu pai não atendeu nenhuma das minhas ligações e muito menos respondeu às minhas mensagens, tinha pensado em passar de sua casa, antes de ir a escola, mas minha mãe decidiu me colocar de castigo e pegar as chaves do Mercedes-Benz.

Ela mesma me levou para a escola naquela manhã, o caminho todo foi silencioso, a mulher bem tentou puxar conversa mas tudo quanto fiz foi encarar a tela preta do celular, esperando por qualquer notificação dele, mas nada.

Quando chegamos, olhei pela janela, respirei fundo e desci do carro, ignorando por completo a voz que me desejava boas aulas.

Andei para dentro do recinto escolar e mais uma vez respirei fundo, me agarrando à jaqueta do meu pai, eu não queria estar ali, não queria estar em lugar algum além de seus braços. Eu estava com saudades.

Estava vivendo um sonho. Durou tão pouco.

-Melissy!- disse meu nome assim que nossos olhos se cruzaram e eu suspirei, sem paciência.

-Agora não Tyler!- nós dois tínhamos olheiras, nós dois tínhamos chorado de noite, mas por motivos completamente adjacentes.

-Agora não?- Sua voz soou em uma mistura de incredibilidade e raiva, ao mesmo tempo que o garoto loiro apertou forte meu braço.

-Tyler!?- arregalei meus olhos em sua direção. Ele segurou e apertou muito forte, tentei olhar ao redor, mas não achei ninguém disposto a me ajudar, então tentei me soltar, mas apenas serviu para que ele me apertasse mais.- Conan meu braço!

-De...Desculpa!- pediu baixo ao me soltar e eu arfei com dores, se eu fosse um pouco mais clara, meu braço com certeza estaria roxo.

-Ficou maluco?- quase gritei, com o peito carregado de irritação.

-Desculpa amor, nãoqueria te machucar!- baixou sua cabeça e eu respirei fundo.

-Nunca mais faz isso!- quando a irritação passou, veio o medo.

Sua voz, seu cheiro, sua mão, meu bracinho, o chão no qual era arrastada.

Neguei com a cabeça e me senti tremer, olhei para o loiro, que me encarava com aqueles olhos azuis, apagados, ele era meu porto seguro e eu o estava destruindo aos poucos, neguei com a cabeça mais uma vez e envolvi seu corpo grande em meus braços finos, eu o amava.

-Eu prometo!- me apertou forte contra seu peito e eu precisei respirar fundo, para não chorar no meio do corredor da escola.

-Tudo bem, vamos para a aula!- segurei sua mão assim que o sinal soou.

O corredor do Deauville estava quase que lotado de adolescentes que conversavam entre si, em grupos específicos, eu não conhecia nem a metade deles, nem eles se conheciam. Era estranho. Triste. Mas, verdade.

My faultOnde histórias criam vida. Descubra agora