Meu pai não atendeu nenhuma das minhas ligações e muito menos respondeu às minhas mensagens, tinha pensado em passar de sua casa, antes de ir a escola, mas minha mãe decidiu me colocar de castigo e pegar as chaves do Mercedes-Benz.
Ela mesma me levou para a escola naquela manhã, o caminho todo foi silencioso, a mulher bem tentou puxar conversa mas tudo quanto fiz foi encarar a tela preta do celular, esperando por qualquer notificação dele, mas nada.
Quando chegamos, olhei pela janela, respirei fundo e desci do carro, ignorando por completo a voz que me desejava boas aulas.
Andei para dentro do recinto escolar e mais uma vez respirei fundo, me agarrando à jaqueta do meu pai, eu não queria estar ali, não queria estar em lugar algum além de seus braços. Eu estava com saudades.
Estava vivendo um sonho. Durou tão pouco.
-Melissy!- disse meu nome assim que nossos olhos se cruzaram e eu suspirei, sem paciência.
-Agora não Tyler!- nós dois tínhamos olheiras, nós dois tínhamos chorado de noite, mas por motivos completamente adjacentes.
-Agora não?- Sua voz soou em uma mistura de incredibilidade e raiva, ao mesmo tempo que o garoto loiro apertou forte meu braço.
-Tyler!?- arregalei meus olhos em sua direção. Ele segurou e apertou muito forte, tentei olhar ao redor, mas não achei ninguém disposto a me ajudar, então tentei me soltar, mas apenas serviu para que ele me apertasse mais.- Conan meu braço!
-De...Desculpa!- pediu baixo ao me soltar e eu arfei com dores, se eu fosse um pouco mais clara, meu braço com certeza estaria roxo.
-Ficou maluco?- quase gritei, com o peito carregado de irritação.
-Desculpa amor, nãoqueria te machucar!- baixou sua cabeça e eu respirei fundo.
-Nunca mais faz isso!- quando a irritação passou, veio o medo.
Sua voz, seu cheiro, sua mão, meu bracinho, o chão no qual era arrastada.
Neguei com a cabeça e me senti tremer, olhei para o loiro, que me encarava com aqueles olhos azuis, apagados, ele era meu porto seguro e eu o estava destruindo aos poucos, neguei com a cabeça mais uma vez e envolvi seu corpo grande em meus braços finos, eu o amava.
-Eu prometo!- me apertou forte contra seu peito e eu precisei respirar fundo, para não chorar no meio do corredor da escola.
-Tudo bem, vamos para a aula!- segurei sua mão assim que o sinal soou.
O corredor do Deauville estava quase que lotado de adolescentes que conversavam entre si, em grupos específicos, eu não conhecia nem a metade deles, nem eles se conheciam. Era estranho. Triste. Mas, verdade.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...