7. Por favor não me mata!

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-Então...

O loiro começou mas não terminou.

-Então...?- me fiz de idiota, enquanto andávamos em direção a nossa sala de aulas.

-Missy?!- reclamou em um tom debochado e eu arregalei os olhos em sua direção.

Tyler gargalhou e desatou a correr pelo corredor.

-Vai a merda Conan!- eu disse alto indo atrás dele e só parámos quando estavamos na sala.- Eu vou te matar!

-Por favor não me mata!- ele ainda ria.

-Nunca mais me chama assim!- o apontei e ele assentiu, mesmo que eu soubesse que ele me chamaria, bati com as costas da mão, em seu peito e caminhei até meu lugar.

-Agora me conta, porquê sua mãe ficou assustada quando me viu? Porquê você fica assustada quando me vê?- perguntou vindo até mim e eu suspirei.

Nós dois deveríamos estar na educação física, mas Tyler disse que não queria treinar e eu não queria ficar lá fora, o céu estava cinzento e estava frio.

-Tyler!- suspirei, enquanto ele se sentava em minha secretária, mostrando que não ia desistir do assunto.- Daddy's issues! Conan.- resumi tudo com o titulo da música dos Neighbourhood e o loiro franziu seu cenho.

-O que caralhos isso tem haver comigo Melissy!?

-É complicado e difícil de explicar!- suspirei ao baixar meu olhar e ele também suspirou.

-Tente! Melissy, eu sou seu único amigo, se não confiar em mim, em quem confiará?- ele disse seriamente, mas eu não consegui conter minha risada.- Do quê está rindo?- perguntou com o cenho franzido, mas eu não consegui parar e minha risada se transformou em uma gargalhada.- Missy?!- chamou por minha atenção e eu tentei parar de rir, com a palma da mão sobre a barriga.

-É que você ser meu único amigos é muito triste!- respirei fundo sorrindo.

-Você é maluca!- negou com a cabeça e olhou em meus olhos, ri mais um pouco e no fim apenas sobrou meu sorriso.

Mordi meu lábio e agradeci a Deus por estar ali naquele momento, por estar com ele.

-Vamos matar aula!- propus seria e vi o loiro franzir suas sombrancelhas castanhas.

-Porquê?- perguntou.

-Por nada, só vamos!- Me levantei e segurei sua mão.

Era porque se eu lhe contasse, não queria que fosse na escola e depois que eu lhe contasse, provavelmente nunca mais voltaria a falar com ele, então, queria antecipar nossa saída que estava marcada para sábado.

O tempo todo a voz da minha mãe ecoava em minha mente, quando eu olhava para o loiro, quando ele me fazia rir, quando ele sorria, sempre. "Não seja burra!" minha mãe alertava dentro da minha cabeça.

Suspirei cansada e entrei em seu carro, nenhum de nós dois se importava com o que os desocupados do Deauville inventariam dessa vez. Nós sabíamos da nossa verdade e isso era suficiente.

Tyler pressionava o acelerador como se sua vida dependesse disso, o que por acaso era o contrário, se ele continuasse assim era bem capaz de nós dois acabarmos morrendo em um acidente de carro.

Mas, eu não me importei com isso. Com a morte. Estava tudo bem, olhei para Conan e ele sorriu para mim, talvez estivesse tudo bem para ele também, morrer não era assim tão ruim, a vida era muito mais.

E estava tudo bem morrer ao lado do Tyler, ele era meu amigo e mais ainda, eu morreria com a imagem perfeita dele, a mesma imagem que minha mãe tinha do meu pai antes deste se transformar no monstro que eu conheci.

Se Tyler tinha um monstro dentro dele, eu não queria conhecê-lo, preferia morrer pensando que ele era a melhor pessoa do mundo, depois de minha mãe, claro.

Segurei a mão que pendia no apoio e entrelacei nossos dedos antes de levantar meu olhar para encarar o dele.

O loiro sorriu.

-Quero fazer uma tatuagem!- eu disse de repente e as palavras surpreenderam minha mente.

-Tem certeza? É um pouco doloroso!

-Já fez uma?- sorri admirada e o garoto assentiu.- Quando a gente chegar eu mostro!

-Tudo bem!- sorri mais. Sempre fui fascinada por tatuagens, mesmo que me lembrassem meu pai, que tinha um monte delas.

Minha mãe também tinha, e eu achava muito lindo.

Deitei a cabeça em seu ombro, enquanto sentia seu polegar acariciar minha pele.

Tyler Conan era a melhor pessoa do mundo, a melhor do meu mundo, e pensar que aquele era nosso último dia como amigos, fazia meu coração apertar e uma vontade de chorar me invadir.

Não queria que acabasse. A sensação de paz que ele me trazia. Não queria perder isso, mas era necessário.

My faultOnde histórias criam vida. Descubra agora