-Então...
O loiro começou mas não terminou.
-Então...?- me fiz de idiota, enquanto andávamos em direção a nossa sala de aulas.
-Missy?!- reclamou em um tom debochado e eu arregalei os olhos em sua direção.
Tyler gargalhou e desatou a correr pelo corredor.
-Vai a merda Conan!- eu disse alto indo atrás dele e só parámos quando estavamos na sala.- Eu vou te matar!
-Por favor não me mata!- ele ainda ria.
-Nunca mais me chama assim!- o apontei e ele assentiu, mesmo que eu soubesse que ele me chamaria, bati com as costas da mão, em seu peito e caminhei até meu lugar.
-Agora me conta, porquê sua mãe ficou assustada quando me viu? Porquê você fica assustada quando me vê?- perguntou vindo até mim e eu suspirei.
Nós dois deveríamos estar na educação física, mas Tyler disse que não queria treinar e eu não queria ficar lá fora, o céu estava cinzento e estava frio.
-Tyler!- suspirei, enquanto ele se sentava em minha secretária, mostrando que não ia desistir do assunto.- Daddy's issues! Conan.- resumi tudo com o titulo da música dos Neighbourhood e o loiro franziu seu cenho.
-O que caralhos isso tem haver comigo Melissy!?
-É complicado e difícil de explicar!- suspirei ao baixar meu olhar e ele também suspirou.
-Tente! Melissy, eu sou seu único amigo, se não confiar em mim, em quem confiará?- ele disse seriamente, mas eu não consegui conter minha risada.- Do quê está rindo?- perguntou com o cenho franzido, mas eu não consegui parar e minha risada se transformou em uma gargalhada.- Missy?!- chamou por minha atenção e eu tentei parar de rir, com a palma da mão sobre a barriga.
-É que você ser meu único amigos é muito triste!- respirei fundo sorrindo.
-Você é maluca!- negou com a cabeça e olhou em meus olhos, ri mais um pouco e no fim apenas sobrou meu sorriso.
Mordi meu lábio e agradeci a Deus por estar ali naquele momento, por estar com ele.
-Vamos matar aula!- propus seria e vi o loiro franzir suas sombrancelhas castanhas.
-Porquê?- perguntou.
-Por nada, só vamos!- Me levantei e segurei sua mão.
Era porque se eu lhe contasse, não queria que fosse na escola e depois que eu lhe contasse, provavelmente nunca mais voltaria a falar com ele, então, queria antecipar nossa saída que estava marcada para sábado.
O tempo todo a voz da minha mãe ecoava em minha mente, quando eu olhava para o loiro, quando ele me fazia rir, quando ele sorria, sempre. "Não seja burra!" minha mãe alertava dentro da minha cabeça.
Suspirei cansada e entrei em seu carro, nenhum de nós dois se importava com o que os desocupados do Deauville inventariam dessa vez. Nós sabíamos da nossa verdade e isso era suficiente.
Tyler pressionava o acelerador como se sua vida dependesse disso, o que por acaso era o contrário, se ele continuasse assim era bem capaz de nós dois acabarmos morrendo em um acidente de carro.
Mas, eu não me importei com isso. Com a morte. Estava tudo bem, olhei para Conan e ele sorriu para mim, talvez estivesse tudo bem para ele também, morrer não era assim tão ruim, a vida era muito mais.
E estava tudo bem morrer ao lado do Tyler, ele era meu amigo e mais ainda, eu morreria com a imagem perfeita dele, a mesma imagem que minha mãe tinha do meu pai antes deste se transformar no monstro que eu conheci.
Se Tyler tinha um monstro dentro dele, eu não queria conhecê-lo, preferia morrer pensando que ele era a melhor pessoa do mundo, depois de minha mãe, claro.
Segurei a mão que pendia no apoio e entrelacei nossos dedos antes de levantar meu olhar para encarar o dele.
O loiro sorriu.
-Quero fazer uma tatuagem!- eu disse de repente e as palavras surpreenderam minha mente.
-Tem certeza? É um pouco doloroso!
-Já fez uma?- sorri admirada e o garoto assentiu.- Quando a gente chegar eu mostro!
-Tudo bem!- sorri mais. Sempre fui fascinada por tatuagens, mesmo que me lembrassem meu pai, que tinha um monte delas.
Minha mãe também tinha, e eu achava muito lindo.
Deitei a cabeça em seu ombro, enquanto sentia seu polegar acariciar minha pele.
Tyler Conan era a melhor pessoa do mundo, a melhor do meu mundo, e pensar que aquele era nosso último dia como amigos, fazia meu coração apertar e uma vontade de chorar me invadir.
Não queria que acabasse. A sensação de paz que ele me trazia. Não queria perder isso, mas era necessário.
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My fault
Teen FictionNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...