E no entanto, eu e o loiro caminhavamos como se estivessemos 5 minutos adiatados para o começo da primeira aula, que infelizmente era matemática, então nenhum de nós estava com preça para chegar à sala de aulas.
Ao invés disso, preferiamos caminhar calmamente e desfrutar da companhia um do outro.
Quando chegamos, batemos na porta branca e esperámos para ser atendidos, porém, nada feito, então batemos novamente e dessa vez, o homem de trinta anos, que usava óculos de grau, abriu a porta e nos encarou.
-Vocês são dessa turma?- perguntou ironicamente e eu soube ali mesmo que ele não nos deixaria entrar.
-Somos!- foi Ty quem lhe respondeu, pouco preocupado e o homem negou com a cabeça nos olhando.
-Acho que não!- disse e fechou a porta na nossa cara.
Eu e o loiro nos mantivemos em silêncio por alguns segundos, até que nossos olhares se cruzaram e ambos caímos na gargalhada.
-Filho da puta!- meu namorado disse baixo e eu ri um pouco.
Nunhun de nós gostava de matemática e eu tentava não pensar muito no tanto que isso nos fazia parecidos com meu pai e minha mãe.
Entramos no banco detrás do seu carro e Tyler me puxou para deitar em seu corpo.
...
Eu não sabia se sorria, ou me preocupava. Num dia ela estava apontando uma chave de fendas para nós e no outro, conversando com meu namorado, o chamando de genrinho e o pior é que eu não sabia dizer se toda aquela simpatia não era uma farça.
-Vem ajudar preguiçosa!- a mulher negra sorriu para mim e jogou um pouco de farinha em minha direção.
-Vai deixar ela me chamar de preguiçosa, amor!- fiz queixinhas para o loiro vestido de preto, com um avental no corpo.
-Ela tem razão, você é muito preguiçosa amor!- Tyler sorriu de forma provocativa e eu arqueei minhas sobrancelhas em sua direção.
-Está do lado dela!?- cruzei meus braços fingindo indignação e eles riram.
-Claro que não minha princesa preguiçosa!- veio até mim e abriu seus braços no ar para que eu lhe abraçasse.
Olhei para seu avental sujo e neguei com a cabeça, freneticamente.
-Está recusando meu abraço?!- fez carreta indignado e eu ri, me preparando para correr, mas só me preparei, já que, como se antecipasse meus movimentos, o loiro me envolveu com seus braços grandes, impedindo que eu fugisse.
-Você está todo sujo Tyler!- reclamei em risada, para o garoto que parecia estar pouco se lixando, se sujava minhas roupas ou não.
Em meio as nossas, a risada minha mãe soou e por instantes, a vi nos olhando, com um sorriso gigante nos lábios.
Meu coração bateu mais rápido, mas talvez fosse pelo facto daquele que eu chamava de namorado, estar me fazendo cócegas.
-Amor pára!- implorei enquanto gargalhava alto e só quando o cheiro que algo queimado chegou a nossas narinas quase que ao mesmo tempo, é que Tyler parou.
E como todos imaginávamos, o caril que estava ao fogo, era agora um derivado de carvão.
Minha mãe pegou na panela e a jogou na pia, abrindo a torneira logo em seguida.
Nós três nos entreolhamos e por motivo nenhum, caímos na gargalhada.
Não era engraçado, mas talvez, assim como eu, eles não sabiam mais o que fazer, além de rir daquela situação.
-Vamos pedir pizza!- o génio que eu namorava propôs e eu assim como minha mãe, concordamos.
E enquanto eu ligava para a melhor pizzeria da cidade, eles terminavam de fazer o bolo de chocolate, que era meu favorito.
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My fault
Ficção AdolescenteNão estava tudo bem. Eu tinha 17 anos, não deveria ter que me afastar dos garotos só porque minha mãe tinha feito escolhas ruins. Não deveria sentir medo de me relacionar com eles, ser amiga deles, só porque meu pai era um homem ruim. Mas eu sentia...