Capítulo 8, parte 2

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Liam não conseguiu entender por que Nicole estava agindo daquela maneira. Como vinham conversando pouco sobre eles mesmos ultimamente, se houvesse algo que ela quisesse que ele soubesse, ele não faria ideia. Quando a ouviu acusá-lo de está-la traindo ou de ser gay em frente aos seus convidados no dia de seu aniversário, porém, seu sangue ferveu, e ele poderia jurar por muitas coisas que, se ela fosse um homem e não sua namorada, ele a teria agredido. Não por ter sua masculinidade questionada, mas por ser humano e falho, e por sentir que ela fazia aquilo de propósito para aborrecê-lo.

A falta de delicadeza ao sugerir que ela se retirasse da mesa foi quase o suficiente para saciar seus instintos mais agressivos.

— Você tá me expulsando da sua festa, é isso? — ela exclamou, do lado de fora do bar.

— Você vai embora pra casa porque não está em condições de ficar perto de ninguém. Vai descansar, dormir, esfriar a cabeça.

— Liam! Você não pode me tratar assim! — ela começava a fazer uma cena.

— Estou sendo muito paciente com você.

— Liam!

— Para de gritar meu nome; tem pessoas te ouvindo.

— Para de me tratar assim!!

— Pense melhor nas suas atitudes — Liam olhou para o lado ao ver um farol alto se aproximando de seu rosto. — Seu táxi chegou.

Abriu a porta para a moça quando o veículo estacionou. Colocou a cabeça para dentro e entregou algum dinheiro ao motorista, informando-lhe onde a moça ficaria. Com os olhos marejados e a voz trêmula, ela ainda resmungava algo ininteligível.

— E não precisa me procurar; não precisa mandar mensagem, não precisa me ligar, não precisa nem vir aqui. Quando eu sentir vontade de te ver ou de ouvir sua voz outra vez eu te procuro.

Nicole arregalou os olhos, incrédula. Liam estava inexplicavelmente furioso. A moça passou pelo namorado e entrou pela porta traseira, olhando-o com profunda tristeza.

— Você ainda vai se arrepender de estar fazendo isso comigo, ouviu?! — ela gritou antes de o táxi dar partida.

Liam deu-lhe as costas; respirou fundo. Transpirava de raiva. Agachou-se na calçada e abaixou a cabeça, tentando ignorar o fato de que havia pessoas ao seu redor assistindo a toda aquela cena de camarote. E, menos de cinco minutos depois, seu celular começou a tocar, e, antes mesmo de confirmar que era Nicole, bêbada e chorosa a encher o saco, Liam atirou o aparelho com toda a força contra o chão. Não quebrou, mas parou de tocar. Alguém perto de si perguntou se estava tudo bem, mas ele recusou o diálogo. Voltou para dentro do bar, foi ao banheiro lavar o rosto e tentar se recompor, depois voltou à mesa, mas foi impossível esquecer o que aconteceu e seguir a noite tranquilamente.

Noah foi embora cedo, não aceitando a carona que Liam ofereceu. Pouco depois, este também foi, guiado por Téo, que também ficou por entender o comportamento de Nicole.

— O que você falou pra ela?

— Pra ela ir embora pensar um pouco, que eu não quero ver a cara dela tão cedo.

— Não pega pesado, cara...

— Téo, eu tô sentindo um ódio dessa garota agora que eu não consigo nem te explicar.

— Liam, relaxa, cara, esfria a cabeça...

— Vou esfriar, e assim que esfriar eu vou acabar com isso. De vez.

— Cê vai terminar com ela?

— Vou. Chega, hoje foi a gota d'água.

— Cuidado, hein? Pensa no que cê vai fazer...

Se Eu Tivesse um Coração (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora