Capítulo 5, parte 3

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No sábado, Noah planejou mais coisas. O patrocínio do banco possibilitaria tantos feitos que seria impossível colocar tudo no papel de uma só vez. Além do mais, essa era uma excelente justificativa para manter a cabeça ocupada. Durante a manhã, muitos projetos foram pensados; à tarde, a companhia dos pais e a conversa prosaica ajudaram as horas a passar, uma após a outra; e, à noitinha, pouco antes de escurecer, ele decidiu se adiantar e pegou um ônibus de volta para Taigo. Por um motivo ou outro, queria dormir em sua casa naquela noite. E partiu.

No caminho de volta, dentro do ônibus, o celular vibrou. Uma mensagem enviada por Liam há mais de meia hora, mas que só agora chegara, decerto pela ausência de sinal ao longo da estrada.

[19h03] Noah: Oi, desculpa a demora, tava na estrada, nao tinha sinal

Ler aquelas palavras fez uma centelha de esperança acender no coração de Liam, que já contava com o fato de que veria Noah apenas na segunda-feira.

— Quem é? — perguntou Nicole, deitada no sofá com os pés sobre o colo de Liam, por ingênua curiosidade.

— Ahm... É minha mãe. Quer que eu a busque na casa de alguma amiga.

— Ué, sua mãe não tem um motorista?

— Minha mãe tem tudo, mas às vezes ela cisma e gosta de me encher o saco. É melhor eu ir. E acho que vou aproveitar e ficar em casa; ainda não tô me sentindo cem por cento.

— O que foi?

— Não sei, devo estar gripando.

— Hum... Tudo bem, então. A gente se fala. Vê se não some, hein?

— Pode deixar. Até mais.

Trocaram um rápido beijo de despedida e, então, Liam foi embora. Dentro do carro, virada a primeira esquina, ele estacionou o carro em um lugar seguro e pegou o celular mais uma vez:

[19h11] Liam: Você já tá na cidade?

[19h13] Noah: Ja sim

[19h14] Liam: E aí? Vai fazer oque hoje?

[19h16] Noah: Nada... mas e vc? nao devia estar fazendo alguma coisa agora?

[19h18] Liam: Vou, daqui a pouco. Vou encontrar um carinha aí...

[19h21] Noah: Olha só...

Liam deu partida no carro novamente e guiou até a casa de Noah o mais rápido que pôde. Chegou em menos de dez minutos e parou o veículo a cerca de cinquenta metros de distância do seu destino, do outro lado da rua. Pegou o celular de novo.

[19h22] Noah: Sua horta, sempre irrigada

[19h31] Liam: Não é bem assim, não to com essa bola toda

[19h33] Noah: E a Nicole? Hoje nao era dia dela?

[19h34] Liam: Sim, mas tive que mentir pra ela, senão não ia dar pra encontrar o cara

E lá da outra esquina vinha ele, em passos lentos, com uma mão no bolso e outra no celular, com olhos grudados no visor. Liam sorriu.

[19h35] Noah: Bom, eu nao quero atrapalhar. Depois a gente se fala

[19h36] Liam: É, ele acabou de chegar

[19h36] Noah: Tenha uma boa noite

[19h37] Liam: Não dá, ele não me viu ainda

Noah já estava com a chave na porta de casa. Liam, então, buzinou e acendeu os faróis do carro para chamar a atenção do rapaz, que sorriu um sorriso indisfarçável ao avistar aquele quatro-portas conhecido se aproximando.

Se Eu Tivesse um Coração (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora