Não seria aquela a primeira vez que Liam receberia alguém em casa para um jantar, mas, naquela noite, tudo deveria estar impecável.
— O que vai ser hoje, Leda? — perguntou ele, espreitando as panelas e o trabalho ágil dos empregados.
— Filé mignon ao molho de mostarda e profiteroles de sobremesa.
— Pra que essa sofisticação toda? Minha mãe adora inventar moda, mas o Noah não faz questão de nada disso e eu muito menos.
— Noah, é? Hum... Tô achando o senhor muito cuidadoso com essa visita, viu?
— Tá achando certo e eu não sou senhor de ninguém. O que é isso? — Liam levou um dedo à calda de chocolate que repousava sobre o fogão.
— É a calda de chocolate pros profiteroles, e não ponha o dedo! — Leda deu um tapa na mão do patrão. — O senhor está muito agitado, pare com isso!
— Eu estou uma pilha. Vai demorar a ficar pronto? Já está quase na minha hora...
— Não sei. Quarenta minutos, uma hora talvez.
— Isso tudo?!
— É, ué! Você sabe como a dona Lilian é; pediu pra gente fazer um monte de comida e por isso ainda vai algum tempo aqui.
— Tá, tá bom.
— E pare de me aperrear! Ficar aqui rodeando a gente não vai fazer o tempo passar mais rápido. Por que o senhor não vai buscar o rapaz enquanto isso?
— Porque... Não sei. Eu tô nervoso.
— Pois deixe de manha e vá logo, que nós temos muito serviço aqui.
Liam deslizou a palma da mão pelo rosto com força e deu meia volta. Leda tinha razão. Ficar ali não resolveria nada. O melhor a fazer era ir buscar Noah.
— Está tudo bem por aqui?
Lilian foi para perto dos empregados monitorar as panelas.
— Tá, sim, dona Lilian.
— A sobremesa já está pronta?
— Já, sim; já tá na geladeira. Falta só esperar a carne cozinhar direitinho e fazer o arroz.
— Ótimo. E você, Liam? Não vai buscar o moço? Seu pai já chegou.
— Vou, acho que vou agora.
— Então vá. Leda, essa calda não está muito rala?
Deixando a cozinha da casa, Liam foi, então, buscar seu convidado. Recebê-lo em seu território estava o desconsertando. Tinha medo de que Lilian dissesse algo inconveniente, que Alberto não se interessasse pela causa, ou simplesmente que Noah se sentisse desconfortável dentro daquele ambiente tão hiperbólico que era a mansão da família.
E foi. Guiou até a casa de Noah e, assim como combinado, às oito, lá estava ele, sentado ao degrau da entrada de sua morada, aguardando a carona. Ao avistar o carro de Liam se aproximando, Noah se levantou e caminhou até ele; abriu a porta e entrou.
— Um lorde britânico da pontualidade, você.
Liam fitou-o por um breve instante. Vestia uma camisa branca de mangas longas dobradas no cotovelo, calça jeans e um quê de alguma coisa que inquietava seus nervos.
— Tudo bem com você? — perguntou o outro, estendendo a mão em cumprimento. Liam tomou-a e a beijou.
— Melhor agora. E você?
— Também.
Partiram. As palmas das mãos de Liam suavam. Desta vez as emoções à flor da pele não eram apenas em virtude da presença de Noah ao seu lado, mas por saber que, em breve, estariam todos sentados à mesa conversando com Lilian e Alberto, que tinham tudo para estragar a noite com meia dúzia de frases. Como bem pôde, Liam tentou permanecer calmo e não deixar transparecer seu nervosismo.
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Se Eu Tivesse um Coração (romance gay)
Romance::: LIVRO COMPLETO! ::: Liam é um jovem bon vivant que caminha em uma realidade diferente da maioria das pessoas: herdeiro do quarto maior banco privado do país, sua vida é cercada de luxo, festas e extravagâncias. Acontece que, vez ou outra, o dest...