Capítulo 6, parte 2

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Gente, tem umas notinhas de esclarecimento no final do capítulo. Peço que leiam, por gentileza :3

Essa ideia perseguiu Liam solitariamente por alguns dias, deixando-o profundamente pensativo, como se sentisse um anseio para o qual a satisfação é desconhecida; um querer algo que não se sabe o que é. E muito ele pensou, mas quieto, sem dizer a ninguém. Queria gestar sua ideia sozinho e dá-la à luz sem que ninguém o influenciasse; queria ser o único responsável por sua decisão. E, embora esta resolução tenha demorado a estalar no cérebro, quando ela chegou, pareceu tão óbvia que a demora mal se justificava:

Liam abriria um bar. Claro! Um bar! Sair para beber com os amigos era a atividade que ele dominava com mais apuro, então ser o hospedeiro e anfitrião dessa atividade faria todo o sentido.

Ainda naquela noite, ele, antes de dormir, pegou um bloco de papel e começou a anotar. É claro que um bar não cairia montado, pronto sobre um pedaço de terreno: tudo precisaria ser arquitetado. E assim ele começou, primeiro pensando onde quereria localizar o prédio, depois em que público focalizaria, e nos funcionários que precisaria contratar, e na decoração, e na quantidade de mesas copos taças tulipas talheres pratos guardanapos cozinheiros segurança banheiros papel higiênico ar condicionado música bebida álcool fornecedores iluminação projetores bancos cadeiras sofás e a ideia tomou conta de seus neurônios de tal forma que o bloco de anotações não bastou e uma noite inteira de sono foi embora. Mas valeu a pena: tudo estava mais ou menos—bem mais ou menos—organizado quando, já amanhecendo, Liam desligou o laptop.

Acordou com o cheiro do almoço vindo da cozinha. Levantou-se, então, ainda sonolento. Lavou o rosto, escovou os dentes e foi até a copa, onde Lilian almoçava sozinha.

— Ué, cadê todo mundo? — perguntou ele.

— Trabalhando, ora — a mãe respondeu, enxugando os lábios com o guardanapo. — Não vai almoçar?

— Não, agora não. Preciso resolver um negócio aí.

— “Um negócio aí”... — Lilian repetiu em tom de desânimo. — Você e seus negócios obscuros, não é, meu filho?

— Não; não dessa vez. Eu vou dar uma saída, depois a gente se fala, tá?

Sem resposta. Liam foi até a cozinha.

— Leda, sabe se o meu pai vem almoçar hoje?

— Vem não, seu Liam; ligou pra dona Lilian e disse que tava em reunião e ia se atrasar demais. Deve estar no banco ainda.

— Tá bom.

Tendo uma fruta da fruteira, Liam voltou ao seu quarto, pegou seu laptop, onde estavam feitas suas anotações mais elaboradas, colocou-o em uma maleta e saiu rumo ao Zênite. É claro que não faria todo o negócio sozinho: precisaria do apoio financeiro do pai, que talvez não cedesse tão facilmente à intenção do filho, que era muito boa. Alberto era homem de negócios sérios e conhecia o filho que tinha. Uma boa dose de persuasão seria necessária para convencê-lo de qualquer coisa.

Liam chegou ao banco tão rápido quanto pôde. Não era Téo quem estava na porta giratória fazendo a segurança; devia estar almoçando. Entrou e pegou o elevador até o quarto andar, onde ficava o escritório do pai. Os funcionários todos conheciam o filho do patrão, mas, ainda assim, Liam pediu para ser anunciado pela secretária.

— Pode entrar, senhor.

Como ele detestava que o chamassem de senhor. Seguindo em frente, entrou no gabinete de madeira, mármore negro e veludo escarlate do patriarca Prado.

— A que devo a honra de sua visita? — perguntou Alberto com os olhos na tela do computador.

— Vim falar de negócios.

Se Eu Tivesse um Coração (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora