Durante os dias que seguiram, Liam e Noah não se falaram muito. Trocaram algumas mensagens pelo celular, não tocaram mais em assuntos sensíveis e mantiveram o clima de ternura e cortesia que circunda os seres apaixonados. Noah dera entrada nos procedimentos administrativos no banco e logo começou a organizar como os primeiros recebimentos seriam gastos, por isso sempre estava em uma reunião com Benjamin ou demorava a dar sinal de vida. E nesse momento a existência de Liam já havia se tornado uma espera: a todo instante, esperava que o celular vibrasse com uma mensagem; Noah havia se tornado o plano de fundo de sua mente inquieta.
Conforme as horas passavam, uma sensação de angústia começava a tomar conta de seu coração, como nuvens negras de tempestade que encobrem um céu de primavera. Sexta-feira, nove da noite. Na semana anterior, um aniversário na família da garota impediu que ambos se encontrassem, mas, desta vez, não havia escapatória: Liam, Téo e Nicole iriam a um barzinho chique no centro da cidade — com show ao vivo, mas não de strip-tease. Liam já estava pronto. Sem delongas, foi direto para a casa de Nicole, onde encontrariam Téo para, de lá, seguirem.
— Oi, meu bem! Que saudade!
Nicole envolveu o namorado em um abraço pelo pescoço.
— Você sumiu! A gente quase não se falou essa semana! Como você tá?
Era verdade. Liam havia praticamente se esquecido de que Nicole existia. Tudo que existia em sua mente era Noah; ninguém mais.
— É, acho que andei meio adoentado essa semana... Uma dor de cabeça chata, indisposição... Fiquei mais na minha. Mas eu tô bem, sim, e você?
— Bem também. Tava com saudade.
Então Nicole se inclinou para um beijo do qual Liam não poderia se esquivar. Sem ter escolha, o rapaz correspondeu, mas algo naquele beijo parecia terrivelmente errado. Uma amargura que não atingia só o paladar, mas também o espírito, percorreu os sentidos do jovem, que se livrou daquilo o mais rápido que pôde, sem deixar a companheira perceber que seu gesto não era querido.
— Eu vou terminar de me arrumar. Se o Téo chegar, você abre o portão pra mim?
— Claro.
— Tá bom. Eu já volto.
E foi para o quarto. Liam se sentou no sofá e cruzou as mãos atrás da nuca, recostando-se. Seus pensamentos estavam longe dali, e aquela noite tinha tudo para ser muito, muito longa. Pouco depois, Téo chegou, buzinando com a moto. Liam foi recebê-lo.
— E aí, bonitão? — Téo desceu da moto enquanto o amigo fechava o portão.
— Eu tô na merda, cara...
Trocaram um breve abraço.
— Por quê? O que houve?
— Sei lá, meu, uma coisa ruim no peito, uma sensação de que, quanto mais a noite passa, mais apertado fica esse nó na garganta que me dá só de pensar nele...
— “Nele” quem? O rapaz que você ia comer?
— Não fala assim; ele tem nome: Noah. E é, ele mesmo.
— Nossa, bro! Mas a coisa tá tão séria assim?
— Eu tô de quatro por esse cara, Téo.
— Uau! Então é ele que vai te comer...
— Para, Téo, eu tô falando sério.
— Liam, brother, você sabe o que eu acho disso tudo: cuidado com a Nicole.
— Esse é o problema! Eu não posso terminar com ela agora, assim, do nada, ainda mais por causa de um cara! E agora há pouco ela veio me beijar e, meu, foi péssimo. Me ajuda, Téo. O que que eu faço?
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Se Eu Tivesse um Coração (romance gay)
Romance::: LIVRO COMPLETO! ::: Liam é um jovem bon vivant que caminha em uma realidade diferente da maioria das pessoas: herdeiro do quarto maior banco privado do país, sua vida é cercada de luxo, festas e extravagâncias. Acontece que, vez ou outra, o dest...