Chapter Eleven

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Nosso curto percurso até a barraca já foi o suficiente para que as pequenas gotas de água em meu rosto virassem o início de uma tempestade.

Para mim era o cenário perfeito, o céu estava extremamente escuro, em junção com o barulho das gotas de água e trovões, era uma ambientação satisfatoriamente imprevisível. Estávamos tão próximos da floresta, toda essa vulnerabilidade me causava adrenalina. E a garota à minha frente também.

Enid parecia mais fechada agora, ela andava a minha frente, apertando minha mão com uma força inconsciente e quase incômoda. Não trocamos nenhuma palavra.

Assim que entramos na barraca liguei o pisca pisca pendurado ali, mesmo que tamanha agitação de cores diminuíssem minha expectativa de vida de forma considerável.

Puxei o zíper da barraca para fechá-la por dentro sem pressa alguma.

- Está com medo da tempestade, Nid? - Questionei assim que vi a garota encolhida no colchonete, ela me olhava atentamente, vigiando cada passo.

Enid não respondeu. Me sentei ao seu lado, olhando-a com ternura.

- Nada vai te alcançar enquanto eu estiver ao seu lado, pode acreditar nisso?

- As coisas são menos piores perto de você - Enid disse. Sorri levemente para ela.

Enid mordeu os lábios nervosamente e engatinhou até mim, tomando meus braços.

Mais um trovão. A garota lobo choramingou.

Rodeei sua cintura, enquanto ela escondia o rosto no vão do meu pescoço.

- Não fique tão aflita, estamos protegidas aqui dentro - Tentei incentivar a garota, que por sua vez, se sentou timidamente no meu colo.

- Não é isso, Wed - Enid fez uma careta e brincou com os próprios dedos - Minha audição é melhor por eu ser uma loba e focar nos trovões incomoda.

- Não deseja por fones e escutar sua poluição sonora? - Olhei para ela atentamente, buscando possíveis soluções.

- Na verdade... - Enid engoliu o seco e se remexeu no meu colo, fazendo-me apertar sua cintura para fazê-la parar. Suas movimentações ali causavam desconforto - Se eu focar em você já vai ajudar.

Tentei questioná-la por não entender bem sua fala, mas me calei presenciando seu rosto se aproximar de forma hesitante do meu. Senti meu coração se agitar dentro da caixa torácica, quase numa tentativa desesperada de fuga.

Enid procurou sinais de hesitação em mim, mas não os encontrou, assim grudando nossas bocas.

Ela colocou uma das mãos na maçã do meu rosto, passando as pontas dos dedos carinhosamente ali. Seus toques me queimavam.

Sua língua adentrou a minha boca mais rápido dessa vez. A forma que ela explorava cada canto demonstrava suas necessidades.

Abri os olhos de forma imediata quando Enid se afastou, vendo o rubor presente no seu rosto mais uma vez e o quão ofegante ela estava.

- Então... Nós vamos fazer isso agora? - Enid perguntou. Por sorte ela já parecia alheia a tempestade que não diminuiu em momento nenhum.

Busquei sua mão, entrelaçando seus dedos nos meus.

Mesmo que eu estivesse fazendo aquilo por um bem maior, ainda sentia o incômodo entre as pernas, principalmente por tê-la no meu colo.

Olhei-a nos olhos, também com a respiração alterada.

- Só faremos se for o que deseja, Mi cariño.

Enid arqueou os olhos instantaneamente ao ouvir o apelido.

Tempestades & Arco-íris (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora