Bonjour, mon amour

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O som do despertador ecoou em meus ouvidos. Quando que eu havia colocado isso tão alto? Pensei, abrindo os olhos lentamente.
A vontade não ir ao trabalho era imensa, no entanto, caso eu não fosse, Ezreal mataria.

E se tem uma coisa, que você de certo não deve fazer, é inflar o ego de alguém que já tem ego de sobra. Ezreal é uma dessas pessoas.
Me levantei da cama com uma imensa dificuldade, os olhos pesados de sono. Fui a passos largos em direção ao banheiro, troquei de roupa e entrei debaixo da água gelada, disposta a dar uma chance ao dia de hoje.

Mas antes de qualquer coisa, deixe-me contextualizar algo: meu cabelo é uma pedra no meu do meu caminho. Posso amá-lo o que for, porém é inegável que ele dê uma trabalheira danada. Sempre tomei o máximo de cuidado possível com ele; meu cabelo sempre exigiu cuidado, e eu sempre o dei. Seja mantendo-a longo, ou comprando um produto novo. E infelizmente, eu não era a única da família que dava mais amor ao cabelo do que a própria vida.

Vi, apesar da rebeldia, era uma mulher vaidosa. Principalmente quando se tratava de cabelo. Nossas discussões em nossos dias mais calmos convivendo juntas era sempre sobre quem pegou o produto de quem. Agora, tendo percebido o sumiço de meu mais novo creme, só havia uma suspeita na lista.

Saí do banho rapidamente e me vesti tão rápida quanto uma bala. Definido o assunto do creme para depois e voei para o andar de baixo, em direção à cozinha.

— Bom dia, flor do dia. — disse minha irmã, que tomava algum suco estranho. Laranja, eu suponho.

— Bom dia. — disse eu, sentando-me à mesa.

— Bom dia, Powder. — disse Vander, sorrindo. — Você não está atrasada? Já são oito e quarenta.

— É, bom, eu estaria atrasada, caso Vi não tivesse me oferecido uma carona de moto ontem. Acredita nisso? — disse, pondo café em uma das xícara.

— Oh. — exclamou Vander. — Milagres acontecem, não é mesmo? Vi sendo prestativa pelo menos com a própria irmã.

— Aí! — resmungou Vi, deixando o copo de suco em cima da mesa. — Se ser prestativa é oferecer uma carona para uma necessitada, então temos um problema.

— Necessitada? — perguntei, incrédula. — Até onde eu sei foi você quem roubou meu creme novo do meu banheiro. Se há uma necessitada aqui, com certeza é você!

— Por que vocês precisam discutir por causa de tudo? — indagou Vander, rindo de nós. Ele se levanta e da uma palmadinha em meu ombro. — Agora se apressem. Se não as duas chegarão atrasadas! 

Vi e eu continuamos uma troca de olhares ameaçadora, acusando uma a outra silenciosamente. E no final, rimos de tamanha baboseira. Embora eu ainda precise achar meu creme.

[ • • • ]

O trajeto até a cafeteria foi tranquilo e calmo. Com o começo de outono batendo na porta, uma chuva rala caía sobre nós. Pedi para Vi me deixar a algumas quadras de distância, e por estar em um clima fresco, o resto do caminho eu iria andando. Não esqueça que vou sair às doze horas, está bem? Disse à ela.

Enquanto caminhava, sentindo o dedo das mãos congelar, pensava sobre o estúpido programa de Ezreal. Realmente espero que ele não chegue atrasado por conta daquela baboseira. Falei comigo mesma.

Ao virar à esquina, o grande letreiro em neon anunciava o estabelecimento o qual trabalhava.
Café's Pizzaria.
Era um lugar que sempre ficava cheio, por conta do alto número de funcionários que saiam de suas casas para tomar um café feito na hora. O lugar, por sorte, já estava aberto.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora