Encontro (in)esperado

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Noite passada ficou em minha memória. Uma lembrança a qual não esquecerei rapidamente. Ela estava impregnada, como um vírus, um parasita.

Nada de ruim vinha dela, na verdade, era uma memória a qual eu guardaria com muito carinho. Mas estava pensando muito nela; nela, e na pessoa a qual ela me remetia. Lux, por mais meiga e gentil que fosse, era o motivo de uma horrível crise de ansiedade minha.

A falta de ar em uma crise não me era estranha, o que já causou um desespero em Vi diversas vezes. Pensei em recorrer a ela quando uma dessas crises veio à tona essa madrugada, mas deixei pra lá visto que consegui me acalmar sozinha. Tinha a respiração pesada, o corpo inteiramente molhado de suor e a visão turva. Por sorte, dessa vez, eu havia trazido um copo com água para não ter que descer para a cozinha.

Se bem que, seria uma ótima desculpa para –acidentalmente – trombar com alguns documentos.

Enxugo o rosto com as palmas das mãos, empurrando a franja para trás em uma falha tentativa de tirá-la do molhado. Inclino a cabeça para o lado em busca do celular, que repousava na cabeceira. Assim que o olho, o horário marcava 05:23.

Por mais que já fosse bem cedo da manhã, os raios de sol ainda não entravam pela janela. E como de costume, a cortina tinha uma frestinha aberta para não deixar o ambiente totalmente escuro, o que facilitou eu não acabar caindo da cama.

Por mais que eu soubesse o motivo das minhas crises, não queria admitir a mim mesma, não queria aceitar. De novo, penso em recorrer a Vi, que tinha passado por isso e com certeza saberia como lidar; mas tiro essa ideia da cabeça quando percebo que teria de lhe dar um contexto do que sentia.

Por mais que já soubesse da bissexualidade, nunca tinha gostado de uma menina antes. Quer dizer, até já tinha gostado, mas não dá mesma maneira em que gosto de Lux. A loira, pelo visto, já havia sentido algo por meninas antes, e com certeza já era mais experiente que eu nessa questão. Me veio na mente perguntar a ela sobre isso; lógico, sem lhe dizer que os motivos dos meus surtos internos – e externos – eram por sua culpa. Na verdade, Lux não tinha culpa.

A verdade era que, pelo fato de ser algo novo, tudo era diferente; inclusive os sentimentos pela loira. Sinceramente, queria fazê-los desaparecer; mesmo que gostasse muito de Luxanna, não queria ter de me sentir assim.

Me descubro, jogando as cobertas para o lado e me sentando na cama, encostando-me no espelho da mesma. Apesar de estar acordada as 5 da manhã, me tranquilizava o fato de que não teria de ir trabalhar de manhã. Em compensação, passaria o dia do progresso quase inteiro trabalhando na Café's. Por sorte, Ezreal também estaria comigo. Sofrimento compartilhado, eu diria.

Torno a me deitar na cama, ainda descoberta por causa do calor repentino. Tento ao máximo achar uma posição confortável; viro de um lado para outro em busca do sono, mas sem sucesso. Lembro-me da conversa de ontem. De como tudo ocorreu super bem, de como foi maravilhoso cada momento que passei, não só com os meninos, mas também com a loira. Quando me dou conta, estava encarando a uma pequena almofada de tubarão, a qual tinha desde os sete anos.

"Viu? Podemos ter a guarda compartilhada agora!"

A voz da loira vem em minha cabeça; bom, pelo menos agora não discutiríamos pela guarda de nossos bichinhos, já que Lux havia ganhado uma ontem. Espero que ela pague a pensão, pelo menos.

{...}

Agora, já era por volta das 16:00, ou seja, daqui a pouco teria de me arrumar para, infelizmente, ir trabalhar. Havia mandado mensagem a Ez para lhe perguntar se ele iria. O loiro responde que não tem muita escolha, visto que seu tio iria. Os pensamentos dessa madrugada retornam, e sinto uma vontade imensa de mandar mensagem a Lux, puxando assunto que seja. Mas, antes que eu torne essa ideia real, escuto a porta se abrir violentamente. Vi estava parada ao lado de fora com um sorriso no rosto.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora